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A nova era de pivôs da NBA

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Se você olhar apenas para as estatísticas, a maior contratação da história do Celtics parece não ter correspondido todo o investimento. Mas na verdade, o que Al Horford faz para o sistema ofensivo de Boston vai além do box score e nos diz muito sobre as mudanças que a posição de pivô vem sofrendo no que parece ser o começo de uma nova era.

A questão com Al Horford é que ele tem jogado seus últimos anos em um papel maior do que é capaz de assumir. É como se ele fosse cobrado para jogar “um nível acima” de seu potencial. Em Atlanta, ele já foi primeira opção, e em Boston ele é a segunda opção, atrás, é claro, de Isaiah Thomas. Mas na realidade, ele deveria ter sido a segunda opção em Atlanta, e nesta nova NBA, ele deveria ser a terceira opção do Celtics. Uma vez que ele seja encaixado no papel correto, assumindo que o Celtics adicione um ala pontuador nesta offseason (como Gordon Hayward ou Paul George), Horford estará finalmente livre da pressão de ser um grande pontuador para assumir sua verdadeira essência na quadra do basquete: ser um grande facilitador.

Mudanças radicais atingiram a posição de bigman na NBA, e Horford representa o papel evolutivo dos pivôs.

“Horford é de extremo valor para nossa equipe – você não consegue mensurar ao certo. Mas a importância vai além das estatísticas.”

Essa foi a declaração de Isaiah Thomas,  depois de seu desempenho de 53 pontos no jogo 2 das semifinais da Conferência Leste contra Washington. Thomas obteve todo o crédito. Estatisticamente, Horford teve atuação aparentemente discreta, anotando apenas 15 pontos. Mas se engana quem acredita que ele teve um jogo mediano: a atuação do pivô celta foi um exemplo do imenso impacto de espaçamento, screens e altruísmo.

Nas eras anteriores da liga, as franquias confiavam em homens de garrafão para ser uma enorme fonte ofensiva. Mas na era que estamos presenciando agora, a coisa mais importante que alguém como Horford pode fazer para sua equipe é espaçar a quadra. Os novatos da NBA podem aprender bastante assistindo o pivô de Boston.

Obviamente, nem todos estão satisfeitos com o papel exercido por Al. Ainda há a expectativa de que um jogador com salário máximo precisa produzir grandes números para justificar seu valor. Mas na NBA moderna, um pivô pode desempenhar um papel de grande importância simplesmente espaçando a quadra. Para esses jogadores, pontos e rebotes são secundários ao espaçamento. O maior objetivo é deixar os jogadores de perímetro em melhores condições para pontuar, seja infiltrando ou arremessando da longa distância.

No lance acima, Thomas está literalmente em uma situação de mano-a-mano contra Otto Porter. O garrafão se abre justamente porque Marcin Gortat está sendo puxado para fora por Al Horford intencionalmente. Draymond Green foi o único homem de garrafão que conseguiu mais assistências por jogo (sete) do que Horford (cinco) nesta temporada, mas o movimento de Horford por si só já é um tipo de assistência. A beleza do jogo de basquete permite que um jogador não precise nem tocar na bola para causar um impacto.

Aqui está um segundo exemplo, desta vez da série de primeira rodada contra o Bulls:

Novamente, o garrafão está aberto pois Robin Lopez está colado a Horford. Se é um pivô sem arremesso (como Jahlil Okafor ou Tristan Thompson, por exemplo) que está no perímetro no lugar de Horford, não há razão para Lopez marcar de perto. Ele poderia entupir o garrafão, tornando a vida de Thomas mais difícil.

Isaiah Thomas marcou 1,1 pontos por posse em jogadas de isolation durante a temporada regular, e grande parte desse crédito deveria ir para Horford. Mesmo quando o dominicano pontua, é porque provavelmente a defesa coloca a atenção no armador celta, deixando nosso pivô livre para o arremesso:

Esse tipo de jogador vem aparecendo como um componente essencial nos ataques da NBA, desde que o Golden State Warriors começou a dominar a NBA há 3 anos adotando o small ball. A franquia de Oakland estabeleceu as coordenadas para o futuro da NBA de maneira que cada vez mais as equipes estão empregando essa tática de jogo.

Aqui está LeBron James partindo individualmente para a infiltração, com Serge Ibaka incapaz de ajudar porque ele precisa marcar Kevin Love e suas bolas de três no perímetro:

Todos nós já vimos isso antes. Se Ibaka abandonar Love para fechar o paint, LeBron passa a bola para fora para seu ala-pivô acionar o gatilho da longa distância. Kevin Love marcou apenas cinco pontos em sete arremessos na vitória no Jogo 4 de Cleveland sobre Toronto. Às vezes, suas noites ruins são tão importantes quanto as boas, porque ele sempre consegue criar espaço para LeBron e Kyrie Irving. Quando Love tem suas performances de alta pontuação, é porque a defesa tem executado a help em LeBron e Kyrie, liberando Kevin para arremessar sem marcação.

Assim como Love, Horford é criticado por não realizar as tarefas tradicionais dos bigmen. Horford falha nos rebotes, e Love falha na proteção ao aro. Você poderia argumentar que há melhores opções para o elenco do Cavs que não envolvem Kevin, mas com a equipe e o sistema que eles têm, Love faz o que lhe foi proposto, e o faz no mais alto nível. Mesmo que Horford e Love não estejam colocando números aparentemente dignos de um contrato máximo, eles estão fazendo contribuições de nível máximo dentro de seus papéis no plano de jogo.

Somente o Houston Rockets arremessou mais bolas de três do que Cavaliers e Celtics nesta temporada. Em um nível fundamental, esses ataques são projetados para fornecer ao armador e aos alas o máximo de espaço possível, para se beneficiarem de situações de mano-a-mano ou simplesmente facilitar seu arremesso. “Com LeBron e Irving jogando na vertical, eles se tornam muito difíceis de parar”, disse Love após o Jogo 4, ante o Raptors. “Quando a defesa morde a isca, estamos todos no perímetro prontos para arremessar, e eu acho que é aí que se explica nossa eficiência nos 3 pontos.”

O time do Rockets gerou uma quantidade recorde de 3 pontos nesta temporada, normalmente jogando com um bigman tradicional que fazia screens e rolava para o garrafão. Jogaram com um sistema ofensivo de “5-out”, ou seja, os 5 jogadores fora da área pintada, atuando com um “pivô” capaz de arremessar bolas de 3. Quando eles fizeram isso, os resultados ofensivos aparecem como no lance abaixo, com Ryan Anderson espaçando a defesa para fora do planeta Terra, e James Harden identificando o benefício gerado para fazer o que faz de melhor:

É engraçado quando você pensa friamente sobre esses lances: não há ninguém no garrafão para deter três dos pontuadores mais dominantes da liga: LeBron, Isaiah e Harden. Russell Westbrook deve estar com inveja. O jogo não deve ser tão fácil para os jogadores da All-NBA. A liga valoriza arremesso e movimentação de bola mais do que nunca, mas talvez um renascimento do isolation esteja chegando, apenas com uma nova configuração. Esse certamente seria um efeito da tendência de espaçamento de quadra.

Apesar disso tudo que falamos acima, a defesa ainda tem sua importância, e não deve ser ignorada ao se planejar o lineup da equipe. O Rockets não utiliza Ryan Anderson na posição 5 frequentemente porque os resultados defensivos não foram satisfatórios. Kevin Love não defende bem o garrafão, mas é um ótimo reboteiro. Horford não é excelente nos rebotes, mas tem ótimo posicionamento defensivo e comunicação com a defesa. Brad Stevens referiu-se à Al Horford como uma “âncora”, para descrever um jogador cujo trabalho não é brilhar, mas para manter a equipe estável.

Ano após ano, a tendência é que a liga fique cada vez menor. Não tenho certeza de quão pequena, mas mais e mais equipes seguirão a fórmula de Golden State. O Cavaliers essencialmente se torna uma cópia do Warriors quando eles colocam Love para jogar de pivô. O Celtics têm sua própria versão (ainda que em menor sucesso) com Horford e Thomas atuando como Draymond e Curry. As estrelas de garrafão como Anthony Davis, Karl-Anthony Towns, e Joel Embiid nunca deixarão de existir. E não pense que por ter escrito esse artigo eu não seja um fã do jogo deles. Mas a realidade a ser encarada é que a percepção e a função da posição de pivô já mudaram.

O bigman tradicional está realmente morto? Eu não penso assim – ele apenas parece diferente do que estamos acostumados. A NBA sofreu uma mudança, uma nova era surgiu, e ela exige que homens de garrafão sejam mais complementares do que protagonistas.

8 comentários

  • Belissimo texto, demorou um pouco para ter noticias novas apos o Draft… mas voltou e este ultimo foi perfeito analise ajuda muito as pessoas que criticam o Al a entender o jogo que ele esta fazendo… Para min Al sempre foi a minha preferencia para contratar… no comeco fiquei bravo com os numeros mas depois fui entendendo mais a função dele na equipe. Mas ainda acho que ele tem que receber mais a bola perto da cesta.. por que ele é muito bom jogando de costas.

  • E o pessoal insistindo em Andre Drummond. Mas é muito interessante a era que vivemos na NBA na qual os guards fazem toda diferença e essa extinção de big man como principal jogador ofensivo. Franquias hoje se constroem a partir do armador e isso deixa o jogo mais dinâmico. Baita texto

  • Parabéns pelo texto. Concordo com a belíssima análise sobre as características dos big man atuais.

    Horford é de fato ótimo jogador e faz o que se propõe com maestria. A questão é vale a pena fornecer um Max contract pra alguém que tende a ser a terceira opção ofensiva de sua equipe? Um C que embora versátil, teve MUITAS dificuldades com pivôs fortes (Drummond, Thompson, Embild).

    Em minha análise Horford corresponde a expectativa mas não ao investimento.

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