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Um olhar sobre um começo decepcionante

Loja de camisas da NBA

Um mês se passou desde a estreia do Celtics na temporada 2018-19, e aquele que era o time a ser batido no Leste, hoje tem um aproveitamento de 54% nos jogos e encontra-se apenas na sexta posição de sua conferência, somando 7 vitórias e 6 derrotas.

Jogadores contratados a peso de ouro não vem correspondendo ao seus status, jovens promessas das quais se esperava uma evolução rumo ao status de All-Star hoje são questionadas pela torcida e até mesmo Brad Stevens, o treinador sensação de outrora, hoje tem seu prestígio arranhado e suas decisões questionadas.

Mas afinal de contas, o que aconteceu para o Celtics ir do céu ao inferno tão rapidamente perante a opinião de parte de sua torcida?

 

A recuperação acima do resultado

Quando Gordon Hayward e Kyrie Irving foram anunciado como titulares no primeiro jogo da temporada, o recado de Brad Stevens para a torcida estava claro.

Com um torneio longo, com duração de meses, e quase uma centena de jogos, a prioridade do Celtics seria de abrir mão de resultados no começo da temporada, em troca de colocar em forma jogadores que vinham de lesões e cirurgias.

O fato é que essa escolha vinha de braços dados com o risco de irritar torcedores menos pacientes e compreensivos, além da possibilidade de gerar uma falta de confiança nos atletas em questão, que diante de adversários mais preparados fisicamente, poderiam demorar mais para evoluir seus desempenhos, o que iria de encontro com os motivos pelos mesmos estarem atuando como titulares.

Irving, que teve uma lesão muito menos séria que a de Hayward, mas que ainda assim, vem de uma cirurgia, teve um começo de temporada muito penoso, com atuações muito criticadas. No entanto, na última semana, o armador já mostra sinais de que está entrando em forma e se tornando o líder de pontuação que se espera dele.

Já Hayward, que muito visivelmente perdeu uma boa massa muscular durante o ano que ficou parado, ainda demonstra limitações físicas na quadra, como falta de força, lentidão e incapacidade de se manter jogando por longos minutos.

A crescente impaciência de parte da torcida com o atleta preocupa, já que recuperar a forma física de outrora é algo que está a alguns meses de distância e isso faz com que Stevens fique no impasse citado acima. Dar minutos para Hayward sob o risco de comprometer resultados, ou colocá-lo no banco sob o risco de desmotivá-lo e atrasar sua evolução?

 

Tudo novo para todos

Algo que poucas pessoas param para pensar é em quão novo é tudo para os jogadores do Celtics dentro de quadra, em questões táticas e funcionais.

A opção por jogar com um time essencialmente no “small ball” e não apenas em momentos chave, fez com que a função que quase todos os jogadores do Celtics estavam acostumados a executar em suas carreiras fosse alterada.

Horford, acostumado a atuar nos últimos anos quase que como um ala na defesa e um armador no ataque, foi recuado para jogar de pivô (uma posição em que declaradamente já disse não gostar de atuar). E para piorar, o dominicano não está acompanhado de um ala de força para ajudá-lo a defender o garrafão, situação inédita em sua longa carreira.

Quem na teoria deveria estar ao lado de Horford na defesa do garrafão seria Tatum, um jovem, de apenas 20 anos, que nunca em sua carreira atuou na posição.

Tatum atuou como ala e ala-armador em sua formação como atleta, muitas vezes tendo liberdade para conduzir a bola e iniciar as jogadas, algo que lhe é negado em sua nova função na equipe.

Hayward, que sempre demonstrou possuir uma boa visão de quadra e um ótimo vigor físico para se movimentar sem a bola e encontrar espaços para receber em condições de finalização, hoje não tem explosão para tal e é forçado a sequer se manter em uma única posição em quadra, tendo que variar entra as posições 2, 3 e 4 a todo momento, conforme as rotações vão sendo feitas.

Brown, que no início da temporada passada foi de longe um dos melhores atletas do elenco, com muita liberdade para pontuar, hoje é quinta opção ofensiva da equipe, o que faz com que seja fundamental na movimentação sem a bola, para abrir espaço para os companheiros, e também que realize bons passes para os jogadores que são opção ofensiva superior. Estas são duas coisas que Brown não está acostumado a fazer e não vem conseguindo realizar como esperado.

Por fim Irving, que sempre teve como característica principal a sua infiltração, vem sofrendo com a escassez total de corta-luzes (screens) para auxiliá-lo nessa ação, já que Horford, que era seu principal auxiliar nesse tipo de jogada, hoje está mais preso ao garrafão. Baynes, que também auxiliava o armador foi movido para o banco. E Tatum, que tem esta nova responsabilidade, não tem experiência para realizá-la.

O resultado de tudo o que fora exposto acima são cinco jogadores titulares tentando aprender dentro de quadra, contra adversários já montados, a realizar ações que não estão acostumados, ou que nunca exerceram por toda a carreira.

 

A movimentação ofensiva nunca foi o forte

Agora, você me pergunta:

“Se as coisas estão dando errado, por que Stevens insiste em fazer todos os jogadores atuarem longe de suas características mais naturais? Ele não vê que está dando errado?”

Apenas Brad Stevens pode responder a este questionamento, mas conhecendo seu histórico, diria que Stevens está ciente de todos os problemas, que está vendo tudo o que está dando errado, mas que mesmo assim prefere insistir na atual formação, julgando que a adaptação é uma questão de tempo e de persistência.

Se o Celtics conseguiu os bons resultados que teve no ano passado, foram graças a sua defesa. E podemos dizer também que o Celtics não avançou mais em suas pretensões por conta de sua parte ofensiva (ou falta dela).

Claro que muitos dirão que a ausência de Hayward e Irving nos playoffs foi o fator preponderante. E foi. Você não está errado nisso. Mas também é fato que independente disso, a parte ofensiva do jogo nunca foi o ponto forte das equipes formadas por Brad Stevens. E isso vem desde a época de Isaiah Thomas, onde a tática ofensiva do Celtics se resumia a “toquem para o baixinho” ou “arremessem de 3”.

O Celtics terminou a última temporada com o 10° pior ataque da NBA, estando atrás de equipes medíocres como Knicks, Nets e Lakers, nesse quesito.

Sendo assim, é natural que Stevens esteja buscando uma nova forma de jogar, adaptando seus atletas para outras funções.

Resta saber, como quase tudo explanado aqui, se Stevens vai manter a postura e acreditar nessa sua escolha até o fim, ou se será forçado a mudar pela pressão de melhores resultados a curto prazo.

 

O calendário tem grande peso

Se tem algo que não favoreceu o Celtics nesse início de temporada, este foi o calendário.

Na cobrança por bons resultados, poucas pessoas pararam para se atentar aos enormes desafios que foram impostos ao Celtics, bem no momento em que o time está se estruturando e se moldando fisicamente.

Os últimos 5 jogos, foram todos fora de casa, sendo 4 deles contra equipes muito qualificadas. E, ainda, os 3 últimos jogos foram realizados em um período de apenas 4 dias!

O Celtics também é uma das poucas equipes da NBA que nessa altura do campeonato já enfrentou as quatro equipes concorrentes mais fortes de sua conferência (Raptors, Sixers, Bucks e Pacers).

E se você acha que acabou, não se engane, pois por duas vezes nas duas próximas semanas, o Celtics terá novamente a tarefa de realizar 3 jogos em 4 dias! Então, se prepare para ver mais jogos tensos e cansativos pela frente.

 

Existe solução para o momento?

Com um plantel forrado de talento, opções para acertar a equipe por intermédio de alterações na rotação não faltam.

A questão que me parece aqui não é a de que Stevens está escalando mal e não está percebendo seus erros. Pelo contrário! Eu creio que Stevens está bem ciente dos problemas que sua rotação tem causado ao time, mas está a mantendo mesmo assim por julgar que isso é o melhor para o futuro da franquia, mesmo não sendo o melhor para o presente.

Confesso que minha opinião pessoal sempre foi diferente da de Stevens, e isso mesmo antes da temporada começar!

Sempre julguei que Hayward deveria iniciar a temporada no banco de reservas, para evoluir fisicamente com calma e sem cobranças, tendo Smart ou Baynes no seu lugar.

Baynes seria a opção caso o Celtics quisesse manter a força e o entrosamento conquistado na última temporada, enquanto Smart seria a opção para já acostumar Tatum com a posição 4, mas reforçando a defesa que fica demasiadamente exposta com a inaptidão defensiva de Irving e a incapacidade de Tatum de marcar jogadores maiores e mais fortes nesse momento de sua carreira.
No entanto, como eu disse, isso é uma questão de opção, e nada garantiria que com Hayward recuperado fisicamente o time não fosse sofrer para se adaptar lá na frente, da mesma forma que está sofrendo hoje.

Stevens sempre teve como característica fazer escolhas táticas radicais e bancar elas por sua carreira. É assim até hoje nas tão criticadas questões dos rebotes, onde Stevens adianta seus defensores de garrafão para marcar o perímetro, o que rendeu ao Celtics uma das melhores defesas da liga nos últimos anos, mas que tem como efeito colateral a ausência de material humano embaixo do garrafão, rendendo, em contraponto, muitos rebotes ofensivos aos adversários.

O Celtics é criticado por isso desde que Stevens colocou seus pés em Boston, e o jovem treinador nunca abriu mãos de seus conceitos em relação a isso, algo que nos dá uma dica de qual será sua atitude mediante às dificuldades encontradas por sua rotação nesse momento.

 

E você? Tem uma visão diferente sobre o atual momento do Celtics?

Deixe sua opinião aí nos comentários e vamos debater sobre o assunto!

13 comentários

  • Muito bom texto,o ideal seria o hayward vir do banco e o baynes como titular pelo menos até o all star game.

  • Excelente. Por mais textos assim! Todo mundo sabe que os playoff e temporada regular são dois campeonatos diferentes, boston vai ligar o modo playoffs quando chegar lá,o celtics está preparando o seu time para a pós temporada, é isso é o que importa, pois somos acostumado a vencer a NBA e não em ser o 1º da conferência.
    os warriors também fazem isso, não se importam com a regular; esse é o último ano de oracle arena, por isso estão no turbo. Eu como torcedor de uma franquia acostumada a vencer e que vai para os playoffs, sei que a temporada regular não é tão importante. E, meu deus, ainda estamos nas primeiras semanas…! Não entendo essa preocupação.
    Lembram os boatos da temporada passada, nesse mesma época? Twolves vai doutrinar nos offs, OKC ficaria fora dos offs, cavs não iria para os offs, rockets vão vencer a NBA, warriors estão fracos, os hornets eram cotados para offs, indiana ficou louco e vai entrar em declínio, não teremos cavs e warriors novamente nas finais, quem diria que portland ficaria em 3º e seria varrido?, pelicans vão avançar nos offs com as torre gêmeas, pelicans sem boogie vai cair no first round, quem acreditaria na ascenção de Tatum e mithcel nos offs, quem diriz que boston limitaria simmons a 1 ponto nos offs e que Rozier, Tatum e Horford combinariam para 83 pts?! Boston ficou a 1 vitória de ir para as finais, tautam ficou a uma bandeja de ser o rokkie com maior pontuação nos offs, 1 pt a menos que Kareem abdu jabar, fultz foi um fiasco, boatos que os spurs não iam para os playoffs, carmelo anthony, wetbrook e pg13 iam doutrinar na NBA,
    quem acreditaria no oladipo, boatos dos knickes nos offs….! É só o começo da temporada e as ações e decisões devem visar a final da NBA e não a regular.

    1. O Tatum jogou de ala pivô por duke e pela seleção de USA. Mas ele joga mesmo de 3 e até mandou bem na 2, quando brown se machucou.
      Tatum parece o carmelo nessa nova função, pega e chuta de 3. É um verdadeira small ball, a posição 4 ta estranha, com um jogador que não fica tanto no garrafão.
      E os bostos do carmelo em boston?!

  • Eu confio muito no Stevens. Ele está preparando o time para ser campeão, enfrentando GSW nas finais. Perder jogos agora será natural. Particularmente eu preferia que Horford não precisasse jogar no pivô, mas quem sou eu na fila do pão? Brad sabe o que está fazendo, e sabe quais são seus objetivos. Se tem uma coisa que aprendi nesses últimos anos é que ele enxerga o potencial dos jogadores, e sabe como desenvolver.

  • Excelente texto, Daniel, como sempre.

    Acredito que o lado pessoal fala alto na hora do Stevens tentar recuperar o Hayward – somos humanos no final do dia.
    No entanto, fica o medo do Gordon não ser mentalmente forte e ser danificado por essas atuações desastrosas – algo além de confiança.

    Sobre a agenda, eu discordo.
    O celtics hoje é um dos times mais jovens da Liga.
    Jaylen Brown, por exemplo, poderia jogar 2 jogos completos em 2 dias.
    Claro que ele prefere viver de ativismo, antes de se tornar excelente na sua profissão.

    Devíamos tirar vantagem de Rozier, Smart e Morris chegarem voando na segunda unidade para batermos em times com menos físico.
    O jogo de Utah foi um exemplo de como não estamos fazendo isso corretamente.
    E nem mencionei o fato dos portentos físicos Williams e Ojeleye não estarem sendo utilizados.

    Abs verdes

  • Talvez o Rob Wili não faça o estilo do Brad, Baynes e Horford não são assim, no máximo o Yabusele. O pivô de boston defende perímetro.
    Fico com pena do Rob wili, pois tem futuro. Ou o Brad pode dar um caldo nele, deixar ele baixar a bola, ele tem ejeito de pop star ou o Brad não vai utiliza-lo…O que seria uma pena, considerando que o Boston deixou passar outros jogadores que seriam importantes para a rotação.
    Acredito mais na teoria de o Brad querer baixar a booa dele, nem o Wanamaker – que mostrou ser um jogador experiente para a rotação – vem sendo utilizado,
    O office de boston sabe da forma como o stevens gosta de jogar e o Brad tem carta branca na franquia, então eu creio que o Rob wili dever utilizado em breve.
    No jogo contra os pistons, ele entrou faltando 4 min e deu 4 blocks!! 3 blocks seguido, sendo 2 no aro e 1 no chute, depois ele deu outro block.
    Mas vejam, o Stevens confia no Ojeleye também, e ele nem joga tanto assim, o Semi defendou Lebron James e o grego. Stevens deve confiar no Rob e usar na hora certa.

  • Excelente texto.

    No mais cuca fresca, amendoim e umas cervejas.

    Relaxem, em breve GH começa a reagir, Tatum entenderá melhor como agir na 4, nos dois lados da quadra, KI já subiu bem de produção mas tem sim mais a dar.

    A caminhada é longa, aproveitem alguns buracos no começo.

    Posso me enganar mas minha preocupação com o momento é 0.

    Stevens quer jogar assim e de fato é nossa formação mais talentosa.

    Se não der certo, é óbvio que ele vai trocar.

  • Via de regra, as “análises otimistas” para 2018/2019 baseavam-se nos resultados da temporada 2017/2018 e no “up-grade” que seria dado com as entradas (e/ou reentradas) de Gordon Hayward e Kyrie Irving. Já disse aqui e reafirmo: enquanto esses dois caras não conseguirem a recuperação física e, principalmente, psicológica, estaremos capengas, já que Stevens os considerou titulares desde o início da temporada. O outro aspecto é aquele já batido aqui no blog: sem um “pivôzão da massa” que melhore a nossa marcação e, principalmente, os rebotes defensivos, dificilmente avançaremos além da final de conferência. E mais um detalhe: na temporada passada o nosso bom desempenho foi facilitado pela boa surpresa causada por Rozier, Brown e Tatum, mas nesse ano a marcação em cima deles está mais atenta, o que dificultará as ações desses caras e fará cair a nossa produção. Ainda espero a chegada de um “big man” para acreditar um pouco mais. Abraços!

    1. Não vejo um big man chegando. Hoje em dia já são poucos os pivôs que defendem, imagina os que defendem o perímetro, não tem muitos dando sopa por aí. E o Stevens parece não querer mudar esse estilo de pivô. Mas veja, apesar disso, a dupla de garrafão do Detroit não deu liga no jogo, Blake G foi segurado, o Embiid sofreu com a marcação do Horford, o Gobert foi marcado bem e só pontuou em alguns momentos que o Horford não o marcava ou quando ele não parava o francês para a ponte área, por incrível que pareça o Leonard não fez nada quando era marcado pelo Horford.
      É estranho, eu sei, mas me parece que o time não mudar isso, pois tem o ROb wili no banco e nem está usando ele.

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