Amaury Antônio Pasos

Conheça mais sobre Amaury Antônio Pasos, o ala da seleção, conhecido por ser um dos, senão o jogador mais completo da história do Basquete Brasileiro, além das muitas vitórias deste atleta.

Amaury Antônio Pasos, nascido em São Paulo, mas filhos de argentino, na data de 11/12/1935, que jogava como ala, começou sua carreira no basquete no Clube de Regatas Tietê (SP). O jogador de 1.91m também jogou pelo C. R. Sírio (SP) e Corinthians (SP), seu ultimo time em 1973.

Aos 5 anos, mudou-se para Buenos Aires, devido a uma doença de sua mãe, e por lá começou nos esportes.

Também tinha muito talento para natação, praticando-o antes de ir para as quadras. Nadou pelo clube que começou a praticar basquete, na argentina, e disputava as provas de nado livre 50m, 100m, 400m. Foi campeão argentino infantil dos 400m. Fugia do treino de natação para jogar basquete com os amigos e ai começou o vicio.

Aos 15 anos já jogava na equipe principal da 1ª divisão argentina.

Iniciou a carreira jogando como pivô e chegou até a jogar como armador. Foi convidado para jogar no basquete profissional norte-americano, mas preferiu se dedicar a seleção, algo que hoje dificilmente se vê.

Antigamente, esporte não dava dinheiro, ou seja, você jogava pela sua pátria e tinha que trabalhar para realmente viver. Como era comum na época, jogadores de basquete tinham mais um emprego. Amaury chegou até mesmo a trabalhar no salão de beleza do pai.

Fora das quadras, também flertou com a política, seguindo os passos do pai Antoine, que militava no Partido Comunista. Antoine chegou a ser preso. Amaury, que queria ser candidato a vereador pelo Partido Socialista Brasileiro, foi convencido a desistir. Isso foi em 1963, ano da conquista do bi-campeonato.

Encerrou a carreira de jogador em 1972 e passou a gerenciar os negócios da família. Dez anos depois, em 1982, voltou às quadras como técnico de um clube de São Paulo e chegou a dirigir algumas vezes a seleção brasileira. No ano de 1995 participou do campeonato mundial de master ganhando a medalha de ouro.

Na seleção, foi conhecido pelo grande talento e quantidade absurda de pontos. Foram 1.256 em jogos olímpicos, campeonatos mundiais, jogos pan-americanos e campeonatos sul-americanos, em um total de 96 jogos, ou seja, mais de 13 pontos por jogo nos torneios.

Seus principais títulos foram as duas medalhas de bronze nas olimpíadas de 1960 e 1964. Na primeira, sua média de pontos foi de mais de 18 nos 9 jogos. Também foi duas vezes campeão mundial, em 1959 e 1963, com um vice em 1954 e um terceiro lugar em 1967. Em âmbito continental, foi 4 vezes campeão sul-americano, vice-campeão pan-americano em 1963 e 3º lugar em 1955.

Mundial de 1959

No dia 31 de janeiro de 1959, o basquete brasileiro iria vencer, pela primeira vez, o campeonato mundial de basquete, em Santiago do Chile. O troféu foi assegurado com incontestáveis 73 a 49 na seleção da casa. A fase final foi no Estádio Nacional, um estádio até hoje conhecido como palco de batalhas no futebol, adaptado para o basquete, como recorda o então ala Wlamir Marques, comentarista da ESPN Brasil e titular absoluto.

Na primeira fase, em Temuco, o Brasil venceu o Canadá (69 a 52), perdeu para a extinta União Soviética (73 a 64) e ganhou do México (78 a 50), sendo assim o primeiro na chave. Na segunda fase, oito seleções se enfrentaram, no sistema de pontos corridos. O Brasil ganhou de Taiwan (94 a 76) e Bulgária (62 a 53), mas perdeu para União Soviética (66 a 63). Depois, bateu Porto Rico (99 a 71), EUA (81 a 67) e Chile (73 a 49).

– A União Soviética se recusou a jogar com Taiwan, porque não a reconhecia como país na época. Então, perdeu os pontos. Os soviéticos tinham Yan Krumich, de 2,18m de altura, que quando abria os braços, tinha quase 3 metros!. Não tínhamos jogadores altos, e eu levava meia hora para passar por ele. – brinca Wlamir, lembrando que a seleção americana reunia soldados da Força Aérea, já que os EUA privilegiavam as Olimpíadas.

– Eu tenho 1,85m. Saltava bem e pegava rebotes. Tínhamos um só pivô, o Edson Bispo, e éramos versáteis. Algodão seria armador, eu e o Amaury Passos, alas, e o Waldemar ajudava ao pivô – diz ele.

– Quando fomos campeões, nosso título repercutir muito no Brasil. O futebol ganhou as Copas de 1958 e 1962, e nós, os Mundiais de 1959 e 1963 (no Rio). Tínhamos o Adhemar Ferreira da Silva (bi olímpico no salto triplo, em 1952 e 1956), a Maria Esther Bueno, no tênis (três títulos em Wimbledon e quatro no US Open, entre 1959 e 1966), e o Manoel dos Santos, que não chegou a ser campeão mundial, mas foi recordista mundial na natação (nos 100m livre, em 1961 e bronze olímpico na prova, em 1964) e o Éder Jofre no boxe (campeão mundial).

Em 1959, os campeões foram Amaury Pasos, Rosa Branca, Edson Bispo, Fernando Brobró, Jatyr, Zezinho, Otto Nóbrega, Pecente, Waldemar, Boccardo, Wlamir Marques e Algodão. O técnico era Togo Renan Soares, o Kanela.

Jogos Olimpicos de 1964

Pela terceira vez, a seleção de basquete masculino ganhou uma medalha, o terceiro bronze, e a segunda da era Amaury Passos. O Brasil jogou nove vezes, ganhando seis e perdendo três. Amaury fez 94 pontos, ao todo. A equipe mesclava veteranos que conquistaram o bronze quatro anos antes e jovens talentos. O Brasil disputou as Olimpíadas com Amaury Antônio Pasos, Wlamir Marques, Ubiratan Pereira Maciel, Carlos Domingos Massoni (mas conhecido Mosquito), Friedrich Wilhelm Braun, Carmo de Souza (mas conhecido como Rosa Branca), Jathyr Eduardo Schall, Edson Bispo dos Santos, Antônio Salvador Sucar, Victor Mirschawka, Sérgio de Toledo Machado e José Edvar Simões.

Jogos

Fase Preliminar

11 de outubro
Brasil     50–58     Peru

12 de outubro
Brasil     68–64     Iugoslávia

13 de outubro
Coréia do Sul     65–92     Brasil

14 de outubro
Finlândia     54–61     Brasil

16 de outubro
Uruguai     68–80     Brasil

17 de outubro
Estados Unidos     86–53     Brasil

18 de outubro
Brasil     69–57     Austrália

Semifinal

21 de outubro
União Soviética     53–47     Brasil

Disputa pelo bronze

23 de outubro
Brasil     76–60     Porto Rico

Desabafo de Amaury

Há já algum tempo (bastante) cheguei à triste conclusão que vivemos em um país “meia boca”. Tudo é quase, ou nem tanto. Com exceção de nossos jogadores de futebol, modalidade que se constitui em nosso esporte nacional, os outros esportistas das demais modalidades vivem de esmolas e migalhas, desde sempre.

A nossa imprensa escrita, falada e outras se encarrega de aprofundar e aumentar o gosto pelo futebol publicando minúcias ridículas a respeito dos atletas e de ocorrências do dia a dia do futebol, dando-lhes destaque e ocupando mais de 90% dos cadernos esportivos. É uma falta de cultura total!

Recentemente a Hortência Marcari e eu tivemos a honra de havermos sido incluídos no Hall da Fama do basquetebol da FIBA como jogadores, junto com o Togo Renan Soares (Canela ), técnico. Somos os únicos brasileiros. A FIBA, em seus mais de 75 anos de existência filiou 176 paises, que através de suas federações registraram 85 milhões de jogadores, dos quais 12 estão incluídos no Hall da Fama. O jornal O Estado de São Paulo, o qual assino, publicou 04 linhas. Na mesma página, ocupando mais da metade da mesma havia uma reportagem sob o título: ” Kleber não treina por estar indisposto”. Se você não sabe, o Kleber é um jogador de futebol.

No presente, nosso presidente “sapo barbudo” que também se dedica a entrar em campos de futebol disfarçado de jogador atuando para platéia de atentos e solícitos” puxa sacos”, acaba de instituir um premio de R$ 100.,000,00  e uma espécie de aposentadoria mensal vitalícia de  aproximadamente R$ 3.500,00 para os campeões mundiais de futebol nos anos de 58, 62 e 66. Pergunto: 1) Qual o motivo de smente nesses anos ? e 2) Porque apenas do futebol ?

Os jogadores de futebol são profissionais e já ganhavam dinheiro para jogar. Muito diferente dos atletas amadores, que com sacrifício pessoal dedicavam-se aos treinamentos e competições representando o Brasil e obtendo títulos não apenas mundiais mas também olímpicos. A grande maioria desses esportistas vive com dificuldades financeiras até hoje, alguns já faleceram nessa situação. Continuam desamparados….

É por tudo isso e outras tantas coisas que, diferente da maioria dos brasileiros, fiquei muito cético e preocupado com a conquista da obtenção da sede olímpica para 2016.

O lindo (de outrora ) Rio de Janeiro, terá que se desempenhar e realizar em 5 anos tudo o que não fez em mais de 400……Sem considerar a total falta de cultura esportiva de nossa população. Viva o Brasil !! Grande abraço

Principais Resultados    Pela seleção:

– Jogos Olímpicos
. 6º lugar em Melbourne (Austrália – 1956) – 24pts/6 jogos
. medalha de bronze em Roma (Itália – 1960) – 145pts/8 jogos
. medalha de bronze em Tóquio (Japão – 1964) – 94pts/9 jogos

– Campeonato Mundial
. vice-campeão (Brasil – 1954) – 100pts/9 jogos
. campeão (Chile – 1959) – 137pts/9 jogos
. campeão (Brasil – 1963) – 106pts/6 jogos
. 3º lugar (Uruguai – 1967) – 91pts/9 jogos

– Jogos Pan-Americanos
. medalha de bronze na Cidade do México (México – 1955) – 57pts/5 jogos
. medalha de prata em São Paulo (Brasil – 1963) – 82pts/6 jogos
. 7º lugar em Winnipeg (Canadá – 1967) – 85pts/6 jogos

– Campeonato Sul-Americano
. campeão (Chile – 1958) – 90pts/7 jogos
. campeão (Argentina – 1960) – 74pts/5 jogos
. campeão (Brasil – 1961) – 121pts/7 jogos
. campeão (Peru – 1963) – 50pts/4 jogos

Título mais importante: As duas medalhas de bronze nas Olimpíadas de 1960 e 1964.

Momento inesquecível: A participação nas Olimpíadas e nos Mundiais.

Mensagem aos iniciantes no basquete: Tenham muita paciência, perseverança e dedicação.

Amaury como pessoa, por Wlamir Marques

“O Amaury não é uma pessoa de muito fácil convívio , no começo todos estranham , ele é fechado , mas sempre foi assim e é assim que eu o entendo, talvez daí ter nascido essa grande amizade que já vai para 56 anos . O Amaury é uma pessoa muito esclarecida , inteligente , muito bem na vida e sem problemas de qualquer ordem . Quando ele fala de basquete é bastante critico da atual situação principalmente quanto ao Oscar . Sinceramente, ele não acompanha muito o basquete nacional,  ele é mais ligado na NBA e não gosta quando o Zé Boquinha fala aquele monte de besteiras a seu favor como se ele tivesse sido um grande jogador. É claro que prá mim falar do Amaury é muito fácil , foi um dos maiores jogadores que esse país produziu. Somos muito amigos e eu só vejo nele coisas boas. Estou com 72 anos e ele com 74 , estamos muito mais velhos, mas as nossas conversas continuam as mesmas. Para saber quem é o Amaury , só convivendo com ele um certo tempo”.

Não deixe de ler também, a história de Wlamir Marques e Ubiratan Maciel, ícones do basquete brasileiro. E em breve, mais para vocês.

Videoteca

http://www.youtube.com/watch?v=pq4N54OrIKQ

http://www.youtube.com/watch?v=KlcU_D_KowU

http://www.youtube.com/watch?v=xgLFGQpU0ys

Fonte: Placar, Playoff Uol, Comunidade dos Fãs de Wlamir no Orkut

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Respostas de 6

  1. O amaury tem razão. No nosso país só os jogadores de futebol são valorizados.Isso começa até na escola.Lá o colégio onde eu estudei tiveram mais de 15 jogos de futsal e 1 de basquete (no qual eu joguei e ainda tive que chamar jogadores dos times de futsal pra completar os times).
    É uma vergonha!

  2. Poxa Guilherme parabéns!
    Que matéria fantástica cara. Sintese puríssima do que é a nossa nação: não valoriza quem deve ser valorizado. O Amaury Passos é o “cara certo , no país errado”. Como pode um cara desses não ser reconhecido? Perfeita a matéria. E sabe o que é mais doloroso disso? O país não vai mudar sua cultura. O “sapo barbudo” no qual é citado no texto usou o futebol como é usado desde a época de Getúlio Vargas, como massa de manobra. O “povão” sabe a escalação do banco de reservas do seu time, mas não sabe o nome do vice-presidente de sua nação. E os héróis são esquecidos. Grande comentário do Wlamir Marques também. Preciso.
    Mais uma vez parabéns Guilherme e toda a equipe do CelticsBrasil, por não trazer apenas uma matéria de âmbito esportivo, uma matéria de riqueza histórica e cultural do nosso país sem memória.
    Grande abraço!

  3. Fico extremamente agradecido pelo comentario, unico, alias.

    É extremamente complicado fazer essa coluna, a ausencia de informação é escandalosa! Mas mesmo assim “sofremos” com isso com o maior prazer

    O complicado é a ausencia de reconhecimento até pra mim, que faço a matéria. A gente ve que o povo gostou pelos comentarios, e essa coluna é estramamente mal comentada. Se eu fizer uma matéria falando que o Rondo quebrou a unha do pé, vai ser muito mais vista do que essa.

    O que me faz continuar escrevendo-a, são os poucos comentarios, como o seu!
    Muito obrigado

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