Com o final feliz da temporada e tempo de sobra para avaliar cada jogador, o Celtics Brasil destacou o desempenho individual de cada uma das peças do elenco, além de Joe Mazzulla e Brad Stevens, confira as notas de cada um deles no texto a seguir:
Sumário
ToggleJayson Tatum (A-)
Jayson Tatum começou a temporada com tudo. Muitos o colocavam como um dos candidatos a MVP em seu primeiro quinto de temporada, e ele teve médias excelentes dos dois lados da quadra. Vimos também, por vezes, Tatum se posicionando como o melhor ala-pivô da NBA por um bom tempo. Não à toa, Tatum se colocou com méritos no primeiro time ideal da NBA, o All-NBA First Team.
O nosso “pai presente” chegou a ter médias absurdas de 46% de acerto nas bolas de três pontos no mês de março. Mas, infelizmente, sofreu com muitas irregularidades de pontuação, tanto no aproveitamento em quadra quanto no volume de arremessos.
Nos playoffs, Tatum liderou os Celtics em pontos, rebotes e assistências, algo que não acontecia na NBA em um time campeão desde LeBron James em 2016 e não acontecia pelos Celtics desde Larry Bird em 1983-84. Nesse período, o camisa 0 também mostrou algo que a grande maioria não esperava: se tornou o principal criador de jogadas do time. Isso aconteceu, principalmente, quando a defesa adversária pesava a marcação em cima do ala, que se tornava um grande distribuidor de bola.
Tatum fez uma campanha com excelentes números nos playoffs, mas uma informação importante: ele teve o pior aproveitamento em quadra de um campeão da NBA desde que a linha de três pontos foi incluída na liga. Seu aproveitamento nas finais foi o terceiro pior da história da franquia entre todos os titulares campeões. E como a nota considera toda a trajetória, a soma dos diversos pontos positivos com essa parte negativa da campanha do camisa 0 garantiram para ele uma nota A-.
Jaylen Brown (A)
O MVP das Finais da Conferência Leste e das Finais da NBA teve médias que deveriam colocá-lo tanto no All-NBA quanto no All-Defense. Jaylen Brown teve o ano mais completo da sua carreira e atualmente é um dos principais “2-way” (jogadores que desempenham um papel eficiente tanto no ataque quanto na defesa) da liga.
Brown não é a melhor peça dos Celtics; Tatum é superior em todos os aspectos ofensivos, mas ele mostrou na temporada que pode sim ganhar jogos. Seu poderio dos dois lados da quadra, somados à sua energia contagiante, são combustível para que o time pise no acelerador quando o camisa 7 está em quadra.
Brown sofreu novamente com lances livres e turnovers na temporada. Porém, com a chegada de Holiday, ele não teve tantas obrigações como playmaker. Isso fez com que suas médias de pontuação diminuíssem, mas também fez com que seu aproveitamento nos arremessos, pela primeira vez na carreira, chegasse a 50%.
Nos playoffs, ele assumiu o time como o jogador mais regular do quinteto titular, sempre produzindo boas pontuações e, por vezes, sendo o melhor defensor do time.
Nas finais da NBA, vendo Tatum sofrer marcações duplas durante toda a série, Brown cumpriu bem o papel de ser o principal jogador ofensivo do time em diversos jogos, uma evolução visível em relação às últimas temporadas, nas quais o ala parecia sumir em momentos importantes dos playoffs.
Por esses motivos, principalmente sua evolução na eficiência e nos jogos decisivos, além dos prêmios de MVP das finais de conferência e da NBA, o camisa 7 recebe uma nota A, que sugere que ele está próximo da perfeição, mas ainda existe espaço para crescer. Para finalizar, Brown deixou um recado claro para a NBA: “Não esqueçam de mim nos times All-NBA e All-Defense.”
Jrue Holiday (B+)
Vamos ser sinceros? Holiday fez tudo aquilo que sempre acreditamos que Smart faria um dia. Você pode dizer que Smart é um defensor melhor, o que até pode ser verdade, mas o que vimos Holiday produzir como “2-way” não era visto nos Celtics desde Rajon Rondo.
Holiday mostrou ter um trabalho de pés de elite debaixo da cesta, uma visão de jogo refinada, marcava jogadores das posições 1 a 4 e, por vezes, marcava o pivô do time adversário. Além disso, ele é um dos melhores jogadores da NBA no aproveitamento dos arremessos de três pontos no canto da quadra. Víamos a bola saindo da mão de Holiday já contando três pontos no placar. Vale lembrar também que, nesta temporada, ele teve o seu melhor aproveitamento de três pontos na carreira, com 42,9%.
Um ponto relevante do jogo de Holiday, que foi uma estratégia de Mazzula e sua comissão, foi usar o armador como um “center-guard”, se é que essa nomenclatura existe. O que isso significa? Jrue muitas vezes ocupava o lugar do pivô no dunker spot enquanto os pivôs, normalmente Porzingis e Horford, buscavam o jogo no garrafão com bolas de 3 pontos e corta-luzes. O resultado disso foram sonoros 6 rebotes por jogo e diversas cestas fáceis em bolas que sobravam para o camisa 4.
Nas finais, ele colocou Kyrie Irving “numa caixa”, o que já tinha feito também com Tyrese Haliburton. Para muitos analistas, Holiday foi o melhor armador defensivo da temporada e dos playoffs. Por esse impacto, ele recebe uma nota B+, equivalente para um roleplayer que desempenhou seu papel com excelência.
Derrick White (B)
Derrick White passou perto de entrar no clube 50-40-90, que é quando o jogador tem médias de 50% dos arremessos de quadra, 40% dos arremessos de três pontos e 90% dos lances livres. Ele atingiu 45-40-90.
Nosso antigo “testa” e querido careca teve incríveis médias de 1.1 tocos por jogo jogando na posição de shooting guard, o que não é comum para a posição nem para sua altura de 1,93m.
Sua nota poderia ser melhor se não fosse sua irregularidade nos playoffs. De fato, White foi muito bem na defesa, mas, na maior parte do tempo, passou longe de ser aquele gatilho de desafogo dos Celtics.
Junto com Holiday, White conduziu os Celtics a colocar seu backcourt no All-Defense, além de, claro, formar o melhor backcourt defensivo da NBA. Sua temporada equivale a uma nota B, pois sabemos que apesar de extremamente impactante, Derrick pode ser mais consistente, principalmente na parte ofensiva da quadra.
Kristaps Porzingis (B)
É impossível analisar a temporada de Kristaps Porzingis sem voltar para o momento que o Celtics adquiriu o jogador. A troca que trouxe o pivô para Boston foi a mesma que mandou embora um dos jogadores mais queridos da torcida, Marcus Smart. Isso seria motivo suficiente para a pressão sobre o pivô se tornar algo bastante pesado.
Apesar da notoriedade da pressão por parte da torcida, Porzingis mostrou o porque de ter sido o escolhido por Brad Stevens. O pivô fez uma temporada bastante consistente em meio às dúvidas de como jogaria sendo uma 3ª opção ofensiva. O letão mostrou algo que não víamos em elencos anteriores do Celtics, um jogo de meia distância muito consistente, liberando Tatum e Brown do fardo de carregar a pontuação da equipe por alguns momentos e sendo uma presença potente no garrafão.
No setor defensivo, Porzingis também se mostrou muito equilibrado. Teve o melhor Defensive Rating (101,6) entre os titulares do time e liderou a equipe em tocos por partida. Além disso, o letão forçou os adversários à pior porcentagem de arremessos convertidos quando defendidos por ele, também entre os titulares de Boston, mantendo o FG% dos jogadores adversários uma média de 5,5% a menos em relação ao FG% normal.
No entanto, é impossível não adentrar o assunto das lesões. Kristaps jogou 57 dos 82 jogos da temporada regular e apenas 7 entre os 19 jogos nos playoffs. Essa falta de disponibilidade não fez tanta falta devido à qualidade do time, mas limitou a equipe em relação à versatilidade ofensiva e tirou de dentro do garrafão uma presença de 2,18m. O título chegou de qualquer forma, mas ele não pode mascarar o fato de que o letão possui um problema com lesões que afetou a equipe durante a temporada, principalmente quando mais precisamos.
Dito isso, as qualidades do jogo do pivô, somado à forma que ele se adaptou rapidamente à equipe e adicionando o impacto que a falta dele acomete, a nota de Kristaps Porzingis nessa temporada é um sólido B, uma avaliação boa, mas que ainda pode melhorar dependendo de sua disponibilidade nos momentos decisivos.
Al Horford (B)
Hora de falar sobre o velho Al. 38 anos e muita disposição em quadra. O nosso pivô veio para mais uma temporada rodeado por interrogações. Seria possível manter as médias da linha de 3 pontos, que o tornaram um atirador de elite durante a season de 22/23? Seria possível vê-lo atuar em grande estilo após adquirir um titular incontestável na figura de Kristaps Porzingis? Como ficariam seus minutos? Enfim, as dúvidas não foram poucas.
Certeza apenas uma, Horford viria para liderar a rotação dos bancários e assumiria a titularidade automaticamente a cada necessidade de poupar titulares, como Porzingis e Tatum. E assim ele veio para mais uma temporada na NBA.
Horford de cara se mostrou disposto a provar que, apesar da idade avançada, não se trata de apenas mais um jogador em final de carreira. Não. Horford quer sempre mais e deixou isso explícito nessa temporada. Sempre confiável na defesa e um atirador de qualidade inquestionável na linha de três pontos, Al teve muito mais minutos do que poderíamos prever no começo da temporada e deixou isso claro não apenas na regular, mas, principalmente nos Playoffs, quando precisou assumir a titularidade após lesão de Porzingis na série contra o Heat.
De imediato, veio o questionamento: será que ele vai dar conta? E a resposta foi dada em quadra, noite após noite. Horford seguiu demonstrando sua maior qualidade desde que foi draftado, a adaptabilidade. Não importa o tamanho do obstáculo ou da expectativa que se coloque sobre os seus ombros, Al resolve. E essa tranquilidade foi passada para os torcedores ainda na primeira rodada do mata-mata. Heat, Cavaliers, Pacers e Mavericks hoje sabem que uma coisa é certa quando o tema é Al Horford e Boston Celtics, por mais que haja desconfiança, há sempre uma garantia de que veremos no mínimo um veterano provando jogo a jogo que muitos podem estar errados.
Não dá mais para falar em evolução, em se tratando de um jogador com ampla carreira e em vias de se aposentar, mas não poderia finalizar essa avaliação sem um sinal positivo. Sua nota não mudou de uma temporada para outra, e leva novamente um B. O que demonstra que mesmo exercendo agora um papel secundário, o jogador se mantém saudável e com vontade de sobra. Um cara assim nunca poderá ser subvalorizado dentro de um elenco, ainda mais após ser absolutamente eficiente na corrida para o título.
Payton Pritchard (C+)
Se você é fã de Payton Pritchard (o que não é muito difícil), aproveite o momento, pois você está vendo um jogador dar a volta por cima com a camisa celta.
O armador, sempre muito criticado, começou a temporada contestado, após cobrar publicamente a diretoria por uma maior minutagem na rotação. Sua saída era quase certa, mas após pouca especulação envolvendo seu nome, Brad Stevens optou por dar mais uma chance ao jogador, que convive com lapsos de boa atuação e jogos muito abaixo de suas próprias médias.
Não havia qualquer indício de que Pritchard poderia jogar mais, no entanto, quando ficou claro para os torcedores que ele não apenas iria ficar, como teria seus minutos na temporada, os questionamentos quanto à profundidade de elenco começaram a borbulhar semana após semana. Ao longo da regular, seu desempenho vindo do banco agradou, com médias de 9,6 pontos, 3,4 assistências e 3,2 rebotes.
O armador terminou a temporada com boa minutagem, devido à precaução com os titulares visando os Playoffs e chegou ao mata-mata com sede de jogo. Quem pensou que não o veria com a camisa celta jogando os jogos mais importantes acabou se surpreendendo, com boas atuações e muita entrega do jogador, que passou a ser fundamental em momentos específicos do jogo, como principal reboteiro da equipe, qualidade que ficou escancarada nessa temporada. O garoto brigou e brigou muito por cada rebote e não foram poucas as vezes que o vimos garantindo pontos de segunda chance durante as disputas.
A nota, poderia ser maior, considerando a bola do meio da rua que praticamente decretou a vitória da equipe no jogo 5 contra o Dallas Mavericks. Mas sendo honesto com o torcedor, e com o próprio jogador, sua nota é C+.
Payton Pritchard evoluiu da última temporada para essa mas não demonstra muito teto para maiores expectativas. O misto de confiança (da parte do jogador) com suas oscilações me faz crer que seu potencial não vai muito além do que já foi demonstrado. É, e seguirá sendo, uma opção para a rotação da equipe, com momentos de brilhantismo e muita categoria, mas nada muito além disso.
Sam Hauser (B)
Sam Hauser é um caso único. O jogador passa desapercebido ano após ano, e ano após ano demonstra ser um ativo valioso para a franquia, não apenas pela mixaria que recebe, mas pelo que pode entregar dentro de quadra.
O jogador já vinha de uma boa evolução na temporada 22/23, tendo consolidado suas bolas de longa distância como arma para uma equipe que passou a ser letal do perímetro. Hauser alcançou médias de 9 pontos, 3,5 rebotes e 1 assistência durante a temporada regular. No entanto, foi seu papel como defensor, novamente (já havia sido assim na penúltima temporada) que fez sua nota crescer. Muita gente se questionava se Hauser poderia continuar crescendo como jogador marcador e a resposta foi: SIM. A começar por sua minutagem, que subiu de 16 minutos em 22/23 para 22 minutos em 23/24.
O ala fez bons jogos durante a temporada, e viveu na pele em alguns momentos o que é ter de defender jogadores mais rápidos e/ou habilidosos. Hauser foi visto marcando Luka Doncic em momentos decisivos das finais da NBA e não desapontou. Isso não faz dele um defensor de elite, tampouco um defensor confiável, porém, demonstra que não falta a ele a vontade necessária para ir além de suas capacidades em prol do time.
Sam Hauser sai dessa temporada vitoriosa com uma nota B, para deixar claro que a gente sabe dar valor aos bons valores que temos. Lembrando que junto de Payton Pritchard e Luke Kornet, Sam Hauser fez parte do trio questionável para o banco durante toda a corrida. Não foram poucas as vezes que vimos torcedores querendo se livrar do jogador, o colocando sempre no balaio pronto pra sair. O trio venceu a desconfiança e cumpriu com o que se esperava dele nos momentos decisivos.
Hauser tem potencial de evolução, levando em consideração sua idade e sua altura. O ala de 2,01 metros e 26 anos poderia facilmente ‘ganhar corpo’ e intensificar os trabalhos de marcação, visando um jogo mais consolidado do lado defensivo. Essa possibilidade deixa sempre seu teto em aberto. Numa equipe onde defender é parte de uma cultura, um jogador que demostra abertura para se adaptar e ir além é sempre bem-vindo.
Luke Kornet (C)
Homem de confiança de Joe Mazzulla, Luke Kornet adicionou tamanho à lineup presente em quadra, defesa no garrafão e mais importante: minutos de descanço para Porzingis e Horford. Além disso, Kornet apresentou ameaças dos dois lados da quadra, tanto como uma lob threat, quanto como defensor de aro. Apesar de ser meio molenga, o pivô exerceu bem o que lhe foi pedido: o básico.
Esse impacto básico dele foi suficiente para que visse bastante tempo de quadra, mesmo não sendo o mais talentoso dos jogadores. É um jogador que a torcida via com baixas expectativas e representou bem isso. Uma nota C é equivalente à sua temporada.
Oshae Brissett (D)
Trazendo versatilidade e profundidade ao banco do Boston Celtics, sua maior qualidade foi a energia que levou a quadra todas as vezes em que foi requisitado pelo treinador ao longo da temporada. O principal fator das performances de Oshae Brissett foram os rebotes, ajudando o elenco a limpar a tabela em momentos cruciais na temporada regular. Nos playoffs sua atuação foi discreta mas muito benéfica para o time, atualmente o jogador vive um dilema pois é agente livre e se encontra sem time.
Uma nota D reflete bem o pouco trabalho que teve durante a temporada, apesar de ter tido momentos importantes. Tem potencial para ser parte crucial da rotação furutamente.
Sviatoslav Mykhailiuk (D)
O ucraniano recém chegado foi mais um dos fatores surpresas de Brad Stevens, contribuindo nas estatísticas de bolas triplas. O jogador de 27 anos teve um aproveitamento de 41% ao longo da temporada regular e, de maneira calculada, era utilizado por Mazzula em momentos de dificuldade nas bolas de 3 ou até mesmo para dar descanso aos titulares, com atuações coesas e muito justificáveis, foi mais um dos bancários que agregaram nos mais de 80 jogos do time.
Assim como Brisset, uma nota D reflete a baixa utilização e, consequentemente, o baixo impacto dele no time.
Neemias Queta (D-)
Na ausência de alguns pivôs, o português Neemias Queta, jogador vindo do Maine Celtics na G-League, foi o fit ideal para o time durante a temporada regular. Com boa presença de quadra e proteção de aro, foi mais uma peça defensiva adicionada ao arsenal do técnico Joe Mazzulla. Além de seus pontos defensivos, Queta apresentou muito perigo aos adversários com o fator ponte aérea, com um aproveitamento de 64%. Por mais que seu tempo de quadra tenha sido baixo, a contribuição do pivô nesses poucos minutos é extremamente notável.
No entando, Neemias apresenta diversos fatores negativos, sendo o principal deles a grande dificuldade na tomada de decisão e a inflexibilidade no seu jogo. É um jogador com potencial, mas ainda longe de atingí-lo. Uma nota D- é equivalente ao pouco que foi visto em quadra na temporada.
Xavier Tillman (C+)
Aquisição feita ao meio da temporada, demonstrou ser o jogador mais importante daquele seleto grupo dos que buscam, jogo a jogo, oportunidade de participação e minutagens superiores. Ao longo da temporada, “X” foi um dos principais marcadores de contato do time, trazendo fisicalismo e inteligência defensiva nos momentos em que esteve em quadra. Com uma bola de 3 crucial e memorável no jogo 3 das Finais, demonstrou que não só de ótima defesa se ganha o pão de cada dia. Foi um ótimo encaixe no elenco e nos parece ser cada vez mais o substituto de Al Horford num futuro próximo.
A nota C+ é um reflexo do que mostrou dentro das quadras, mas também fora, se mostrando muito focado em aprender o jogo e as estratégias desenvolvidas por Mazzula e sua comissão técnica.
Jordan Walsh (D-)
Ao que nos parece, Jordan Walsh deve passar a próxima temporada ainda em fase de desenvolvimento, porém possui um estilo de jogo notavelmente para o lado defensivo. É um jogador com ótima envergadura e boa visão de jogo. Não se sabe ao certo quando e como será utilizado por Joe Mazzulla. No entanto, é mais uma das peças disponíveis para bom uso do treinador.
Uma nota D- reflete o pouco uso no time principal, apesar do bom upside.
Jaden Springer (D-)
Diretamente do rival, numa vinda inesperada, Springer é mais uma peça que ainda será utilizada de maneira pontual pelo técnico Mazzulla, espera-se que ele tenha um papel defensivo mais importante com o passar do tempo com a perda de alguns assets, considerando o ótimo salário do mesmo.
Foi utilizado por pouquíssimos minutos e um D- é mais pelo seu potencial do que qualquer outra coisa.
Joe Mazzula (A)
Joe Mazzula é uma lenda em construção. Essa frase engloba muito bem o que o técnico alcançou durante essa temporada e como seu trabalho duro impactou um elenco vencedor.
Mazzula chegou após uma crise interna envolvendo o finalista Ime Udoka. O jovem técnico assumiu como interino e fez uma primeira temporada bastante sólida, porém cheia de problemas. Em 2023-24, Mazzula conseguiu montar sua própria comissão, participou ativamente da montagem do elenco e pôde implementar sua própria cultura, algo que visivelmente penetrou a mente dos jogadores, que passaram até mesmo a se comportar e se comunicar como o técnico.
Joe mostrou também um desenvolvimento pessoal muito sólido, tanto na forma como trata a mídia como seu comportamento dentro de quadra. A ideia de deixar que os jogadores tomem decisões segue viva, mas ele não poupou esforços quando foi necessário intervir. “Eu sempre disse, eu tenho um relacionamento doentio com competição. Mas eu descobri que competir não é apenas querer ganhar, é entender o que é necessário e entregar isso, com a flexibilidade para seguir”, disse Mazzula em entrevista à NBC Sports Boston.
O principal fator de mudança que o técnico implementou junto ao elenco foi a “busca pelo desconforto”. O equilíbrio mental é tão importante, para esse elenco, quanto o equilíbrio tático. Essa tática de buscar aquilo que não é confortável preparou o elenco para as piores situações, e eles mostraram que essa pressão não era nada vencendo o título sem se entregar às adversidades do caminho.
Joe Mazzula ainda não é o técnico perfeito, talvez nunca seja. Mas o que ele mostrou nessa temporada, de forma tão impactante, e alcançando o nível máximo na NBA, garante para ele uma nota A nessa temporada.
Brad Stevens (A+)
O único A+ da temporada não poderia ter ido para outra pessoa. Brad Stevens já tem seu nome escrito entre os grandes do Boston Celtics e um trabalho basicamente perfeito nessa temporada escancarou isso.
Nessa temporada vencedora, o GM e sua equipe tomaram decisões muito difíceis, sendo a maior delas trocar Marcus Smart. Essa movimentação foi vista como uma grande surpresa, tendo em vista que a ideia era enviar Malcolm Brogdon e não o camisa 36, mas nem tudo são flores e no final das contas Brad teve que tomar uma decisão.
Trazer Porzingis foi apenas o primeiro passo. Pouco tempo depois, em uma jogada de mestre, Stevens viu Jrue Holiday sobrando em Portland após a bombástica ida de Damian Lillard para o Milwaukee Bucks e não pensou duas vezes. Enviou logo outro queridinho da torcida, Robert Willians III, junto com Malcolm Brogdon e escolhas do draft pelo armador. Outro baita acerto.
Entre idas e vindas ainda adquiriu os jovens talentos Neemias Queta, Xavier Tillman e Jaden Springer, além de draftar jovens como Jordan Walsh, Baylor Scheierman e Anton Watson.
Mas o mais impressionante ainda estava por vir. Após ser campeão, Brad consegguiu a proeza de renovar com absolutamente todos os jogadores-chave para o 18º título. Jayson Tatum? Renovado. Jrue Holiday? Renovado. Kristaps Porzingis? Renovado. Derrick White? Renovado. Sam Hauser? Renovado. O Boston Celtics campeão seguirá junto por, pelo menos, mais duas temporadas, graças a Brad Stevens.
Se existe uma razão para esse time ter chegado onde chegou e ter a oportunidade de continuar no topo, ela se chama Brad Stevens.
Conclusão
Mesmo com um elenco limitado em número de jogadores, o Boston Celtics fez prevalecer a qualidade de seu GM Brad Stevens, que soube montar um time coeso e bem equilibrado, aliado à metodologia de trabalho de Joe Mazzulla, que se provou consistente como treinador principal, além, logicamente, da competência dos jogadores que finalizaram a temporada com o tão esperado título. Há margem para seguir desempenhando bem e brigando entre os principais candidatos ao título. Para quem vê o título como a cereja do bolo desse trabalho iniciado há mais de dez anos, um aviso: vem mais por aí. A equipe tem totais condições de buscar um back to back e conquistar seu 19° banner já na próxima temporada e isso é tudo que você precisa saber.