Avaliação individual – 1ª Fase do Playoff 2022-23

Ao contrário do que muitos imaginavam, o primeiro embate do Celtics nos playoffs 2022-23 não foi nada fácil. Após um começo de série dominante, a equipe de Boston esteve perto de ver o Hawks empatar a série em 3×3, mas um bom quarto final no jogo 6 deu a equipe o passaporte para enfrentar o Sixers na semifinal do leste.

Abaixo vamos fazer uma avaliação individual dos jogadores que atuaram na série.

Brown foi indiscutivelmente o melhor jogador do Celtics na primeira série do playoff.

Jogando de forma extremamente agressiva e atacando os piores defensores de Atlanta, o ala celta foi dominante em todos os embates, fechando a série com aproveitamento superior a 50% tanto nas infiltrações quanto nas bolas de longa distância.
Na parte defensiva cometeu algumas falhas no jogo 3, principalmente por ter se pendurado em faltas logo no começo da partida, mas alternou entre razoável e bom nos demais confrontos.

Médias na série: 26,7 pts – 5,3reb – 3ast

White foi a grande surpresa da série e um grande ponto de desequilíbrio a favor de Boston.

Tirando o discreto jogo 6, os demais ou White foi o melhor jogador em quadra ou foi o segundo melhor.

Jogando com extrema vontade e velocidade, White mostrou por que merece ser do primeiro time de defesa da liga e foi evitado pelo ataque do Hawks sempre que eles podiam. Durante uma das partidas ocorreu até um momento hilário em que, após White demorar um pouco para recompor um contra-ataque, Trae Young estava livre para arremessar de 3, mas recuou, nitidamente com receio de ser bloqueado por trás pelo celta, algo que já tinha ocorrido duas vezes na mesma partida.

Mas não é só de defesa que viveu White na série. No ataque o cabeleira foi cirúrgico, com mais de 55% de aproveitamento nos arremessos e muitas vezes chamando a responsabilidade do jogo para si.

Médias na série: 17,3 pts – 3,8reb – 3,5ast

Se teve alguém que sofreu nessa série, esse foi Smart. Tendo que enfrentar um dos melhores ataques da liga com dois armadores ofensivos mais velozes, Smart não teve um segundo de descanso na série.

Nem sempre o Defensor do Ano de 2022 obteve sucesso na defesa, mas isso é normal quando se enfrenta tamanho poder de fogo, até mesmo para ele. O que importa é que no quarto final do jogo 6 foi Smart que fez de tudo para frear Trae Young e conseguiu.

Aliás, não só na defesa Smart foi destaque no jogo 6, afinal ele foi o protagonista do time nos dois momentos mais importantes de uma partida, os minutos iniciais e os minutos finais.

Em um jogo tenso e com muita pressão pra cima de Boston, Smart começou o jogo a todo vapor convertendo 10 dos primeiros 17 pontos da equipe na partida, dando uma maior tranquilidade para a equipe iniciar o jogo.

Já nos minutos finais, com o Celtics perdendo a partida, Smart brilhou ainda mais. Além de frear os ataques de Trae, Smart chamou a responsabilidade no ataque, tirando a bola da mão de Tatum e conduzindo as jogadas. Inicialmente foi dele a assistência para encontrar Horford livre na zona morta para virar o jogo, e depois veio dele 7 dos 10 pontos que fizeram o Celtics abrir vantagem e definir a vitória.

E não foi só no jogo decisivo que Smart foi bem no ataque. O armador celta que é conhecido por ter um arremesso bem ruim, ao menos nessa série foi extremamente bem acertando mais de 49% dos arremessos e tendo uma pontuação digna de um legítimo jogador ofensivo.

Médias na série: 16,7 pts – 4,3reb – 5,2ast

Os números aqui enganam um pouco! Tatum do o líder de pontos do Celtics na série, também foi o líder de rebotes, mas não foi de fato o líder que o time precisava.

Em 3 jogos, ou seja, metade da série, teve aproveitamento de arremessos igual ou abaixo de 40%. Teve sempre péssimas decisões de jogadas nos momentos cruciais das partidas e em grande parte da série tirou folga na defesa.

Sua tendência em querer conduzir a bola de forma cadenciada, queimando segundos no relógio, ao contrário pelo solicitado por Mazzulla, muitas vezes engessa o ataque celta, deixando o time lento e com pouco tempo para definir as jogadas. Isso foi nítido como nunca no jogo 5 onde o Celtics jogava de forma rápida e envolvente, mesmo com 2 bigs em quadra (Horford e Robert Williams) e abrindo vantagem sobre o Hawks, até que tudo mudou quando Tatum saiu do banco para entrar no lugar de Williams e o time automaticamente se tornou lento, previsível e perdeu toda a vantagem que tinha aberto (o que culminaria com a derrota mais tarde).

É preciso que Tatum coloque sua cabeça no lugar e jogue de forma mais aguerrida e dinâmica na próxima rodada, pois do contrário o Celtics terá muitos problemas com o Sixers, uma equipe muito mais forte que o Hawks.

Médias na série: 27,2 pts – 10reb – 5,3ast

Esperava-se mais de Brogdon nessa primeira série. O armador celta, vencedor do prêmio de sexto-homem da temporada não foi bem nos dois primeiros embates convertendo apenas 5 de 17 arremessos tentados.

No jogo 3 conseguiu finalmente se encontrar no ataque, mas muito do caminho da vitória do Hawks foi trilhada em cima de suas falhas defensivas, com Trae e Murray sempre o procurando no ataque e infiltrando sem serem incomodados.

Nos demais jogos conseguiu finalmente se encontrar na série e foi finalmente o que se esperava dele, um pontuador eficiente saindo do banco e pontuando bem nos momentos em que Tatum e Brown descansavam.

Médias na série: 13,3 pts – 3,7reb – 4,3ast

Horford é outro que sofreu muito nessa série.

O esquema de screens duplos, as vezes até mesmo triplos do Hawks visavam colocá-lo sempre no mano a mano contra os dois armadores bem mais rápidos do rival. Isso além de prejudicar suas atuações defensivas, fez com que ele saísse muito de baixo do aro, deixando o garrafão aberto para os rebotes ofensivos da equipe de Atlanta.

Porém se o dominicano era explorado taticamente na defesa, no ataque ele se vingava sendo também uma peça chave tática para quebrar a defesa rival. Dono do segundo melhor aproveitamento em bolas de 3 da NBA, Horford obrigou o lento Clint Capela a sair do garrafão para defende-lo e o que se viu foi uma “avenida” constantemente explorada pelos jogadores celtas, principalmente Brown e White.

Médias na série: 5,8 pts – 7,7reb – 3,7ast

Tirando o jogo 4 onde foi um dos melhores celtas da partida, Robert Williams teve uma série discreta, porem boa!

O fato do esquema ofensivo do Hawks ser completamente baseado em buscar trocas de marcação para colocar seus velozes armadores contra pivôs mais lentos e tira-los do garrafão foi o ponto preponderante para que Williams tivesse minutos reduzidos na série.

Se Horford que tem mais mobilidade lateral e capacidade de marcar no perímetro já estava sofrendo, Robert Williams seria uma presa mais fácil ainda. Dessa forma Mazzulla corretamente optou por jogar com Williams mais vezes em momentos que pelo menos um dos armadores de Atlanta não estivessem em quadra.

Nos minutos em que esteve em quadra, porém, o pivô celta foi bem e mostrou estar 100% fisicamente, o que é importante para a próxima série, onde essa sim, ele será muito mais usado e exigido para defender Embiid e Tobias.

Médias na série: 8,5 pts – 7,7reb – 1,5ast

Vindo de uma temporada muito ruim, onde parece ter perdido o foco e tomado decisões muito ruins em quadra, não se esperava muito de Grant nos offs. Aliás, se esperava até que ele mal jogasse.

Pois essa foi a realidade dos primeiros confrontos. Com a equipe jogando muito bem e passando como um trator por cima do Hawks, o Ala Pivô celta se quer saiu do banco.

Tudo mudou no jogo 3, onde o Hawks fez ajustes ofensivos e começou a explorar os jogadores de garrafão celta. Nesse momento Mazzulla sacou Grant do banco e ele conseguiu corresponder em quadra, convertendo 14 pontos e melhorando se não muito, pelo menos um pouco a defesa.

Em seguida Grant praticamente não pisaria em quadra por mais dois jogos, até o jogo 6, onde participou por mais 17 minutos e fez uma cesta de 3 em momento importante.

Esperamos que esses minutos tenham aumentado a confiança de Grant, pois com certeza ele receberá mais minutos contra o Sixers devido ao fato de que Embiid variavelmente vai pendurar jogadores com faltas, sejam elas legítimas ou na base da encenação, como conhecemos bem.

Médias na série: 5,7 pts -1,3reb – 1,0ast

Embora tenha tido um bom aproveitamento de arremessos na série (50%Fg / 45% 3pts) não podemos dizer que Hauser foi realmente bem na série.

Sua falta de fisicalidade foi explorada tanto pelos rápidos armadores do Hawks, quanto pelos fortes homens de garrafão, piorando muito a situação dos rebotes ofensivos do rival nos momentos em que esteve em quadra.

As perspectivas contra a física equipe do Sixers não são boas para ele, e isso pode culminar em perda minutos para Grant Williams.

Médias na série: 2,8 pts -1,5reb – 0,3ast

Mazzulla teve uma prova de fogo em sua primeira apresentação em Playoffs.

Uma série que parecia tranquila acabou tomando contornos dramáticos quando o rival, dono do terceiro melhor ataque da liga e comandado pelo excelente Quin Snyder, encontrou uma forma de explorar os jogadores de garrafão do Celtics em constantes “mismatches”.

A solução foi evitar colocar Robert Williams em quadra ao mesmo momento em que a dupla de armação titular do Hawks estivesse em quadra, o que foi um acerto, mas que sozinho não resolveu todos os problemas. Para tal, era preciso que Tatum aumentasse a fisicalidade na defesa, o que nunca ocorreu.

No fim das contas, faltou no banco um ala defensivo mais atlético para dar mais essa opção defensiva para Mazzulla, algo que Stevens tentou na deadline, mas não teve sucesso.

Mas se na defesa a equipe teve dificuldades, no ataque Snyder não conseguiu respostas para o esquema ofensivo de Mazzulla. jogando a maioria do tempo com 5 jogadores aberto e constante troca de passes, os buracos na defesa do Hawks eram constantemente encontrados e prontamente atacados por Brogdon, White, Brown, e as vezes até mesmo por Smart.

O ponto negativo ficou para o jogo 5, onde Mazzulla errou ao colocar Tatum em quadra em um momento em que a equipe praticava seu melhor basquete na série toda, enquanto o mesmo estava no banco. Sua entrada trouxe lentidão imediata ao time, freou a avalanche ofensiva e trouxe o Hawks de volta ao jogo.

Claro, sabemos que manter uma estrela como Tatum por muito tempo no banco pode ter reflexos negativos em outras áreas, mas naquele momento, ninguém se importaria da manutenção do ala no banco por mais 2 ou 3 minutos. Isso poderia ter mudado o resultado da partida e o Celtics estaria mais descansado para enfrentar o Sixers.