Avaliação individual da temporada 2022-23: Joe Mazzulla

Mazzulla enfrentou um dos maiores desafios que um treinador da NBA já teve. Em meio a uma crise sem precedentes, que resultou na demissão de Udoka às vésperas da temporada, Mazzulla foi promovido de auxiliar para técnico principal. 

Na temporada anterior, o Celtics havia sido exposto taticamente nas finais, com um ataque engessado e dependente de jogadas de isolamento, e uma defesa baseada em trocas de marcação que não conseguiu impedir o jogo repleto de screens do adversário. A meta para a temporada 2022-23 era, portanto, fazer os ajustes necessários para corrigir essas falhas. 

O problema é que a promoção de Mazzulla ocorreu faltando apenas uma semana para o início da temporada, o que tornou impossível realizar uma preparação correta de pré-temporada com a equipe e criar um novo planejamento tático. 

Assim, Mazzulla optou por manter o mesmo esquema defensivo que ele mesmo havia ajudado a criar como auxiliar técnico de defesa, e fez alterações no ataque, adotando um esquema semelhante ao de Brad Stevens, com o qual muitos jogadores já estavam familiarizados. 

O resultado foi que a ofensa celta, antes tão criticada, tornou-se uma das melhores não só da temporada, mas também de toda a história da liga. 

Na defesa, embora o esquema tenha sido mantido, a eficiência não foi a mesma, em grande parte devido à falta de peças disponíveis na rotação de garrafão. Enquanto Udoka pôde contar com Robert Williams e Daniel Theis, Mazzula teve à disposição apenas um limitado Luke Kornet e um decadente Blake Griffin jogando improvisado. 

Com o tempo, Mazzulla foi corrigindo as falhas na defesa, adotando uma formação mais baixa e veloz, promovendo White para o quinteto titular e jogando apenas com Horford como “big man”. 

Em alguns períodos da temporada, Robert Williams esteve disponível, e nesses poucos momentos, o Celtics liderou a liga em eficiência defensiva com larga margem, o que mostrou que a defesa ainda está lá, apenas precisa das peças certas disponíveis. 

Pontos a melhorar 

Quando falamos de Mazzulla, sempre surge um assunto que é frequentemente criticado pelos seus opositores: a forma como ele pede tempo (ou não pede). 

De fato, a falta de pedidos de tempo em alguns jogos no início da temporada pode ter teoricamente custado algumas derrotas para o Boston Celtics. No entanto, é importante notar que essa afirmação é baseada em especulações, já que não podemos prever com precisão qual seria o resultado final das partidas se Mazzulla tivesse pedido tempo para interromper as “runs” adversárias. 

Mazzulla inclusive questionou isso em uma entrevista, afirmando que não há estudos que comprovem a eficácia estatística dos pedidos de tempo para interromper as corridas rivais. 

Além disso, as novas regras do “desafio do treinador” adicionaram um novo elemento ao jogo. Poucas pessoas sabem, mas para pedir um desafio sobre a arbitragem é preciso ter um pedido de tempo disponível. Isso ocorre porque, caso o desafio não obtenha sucesso, um pedido de tempo é subtraído da equipe. 

Mazzulla tem o hábito de levar consigo a disponibilidade de dois pedidos de tempo até os segundos finais dos jogos. Dessa forma, em jogos apertados, ele pode fazer um desafio para jogadas suspeitas e pedir um tempo para armar uma jogada. No entanto, é importante lembrar que carregar esses dois pedidos de tempo até o fim do jogo obrigará a equipe a economizá-los durante a partida. 

Durante uma entrevista ao Boston Globe, Mazzulla declarou que o real motivo de não pedir tempo em algumas situações é que ele deseja que os jogadores amadureçam e aprendam a contornar as dificuldades por si próprios dentro de quadra. 

Embora a maioria da torcida possa não concordar com essa tática, acho que é uma estratégia inteligente de Mazzulla, especialmente porque o Celtics é famoso por seus momentos de pânico e falta de QI de jogo em momentos críticos. Exercitar esses momentos durante a temporada regular pode realmente ajudar nossos jogadores a amadurecerem nesse sentido. 

No entanto, é importante deixar claro que essa é uma tática que aprovo apenas para a temporada regular, não para os playoffs. Imagino que Mazzulla não irá agir da mesma forma durante os playoffs, até porque ele não tem se comportado assim durante o último mês da temporada regular. Caso ele decida agir dessa forma, considerarei as críticas válidas e necessárias. 

Outro ponto que pode ser melhorado é o tratamento com a imprensa. Mazzulla parece ter sérias restrições ao trabalho da imprensa e costuma respondê-los de forma seca e até grosseira, no maior estilo Gregg Popovich de ser, mas sem o carisma do mesmo.  

Isso tem afetado negativamente sua carreira, pois muitos jornalistas têm demonstrado má vontade em relação a ele, o que pode gerar uma crise desnecessária no futuro. 

Nota da temporada
A

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Respostas de 3

  1. Eu passei a temporada toda sem entender porque alguns perfis do Celtics no Twitter perseguiram o Mazzulla por toda a temporada e ficaram fazendo a cabeça do torcedor.
    Esses nunca falavam nada sobre a parte tática e os motivos para alguns problemas terem ocorrido, como você bem explicou no texto. Era só cornetar e perseguir por cornetar e perseguir. Chegou um ponto que a falta de argumento e haterismo ficou tão insuportável que tive que deixar de seguir algumas contas.

  2. Ele substituiu Udoka perfeitamente. Os Celtics talvez nunca tenham sido tão fortes. Ime certamente encontrará uma boa equipe.

  3. As vezes Joe usa os pedidos de tempo de forma bem parecida ao Stevens: eu grito tempo da sala esperando que me escutem nos EUA.

    Nada de jogar coisas na TV porque o filho está com 6 anos e vai aprender.

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