Avaliar Smart é sempre um desafio. Ele é o típico caso de “ame ou odeie”, e faz até mesmo quem segue uma dessas duas linhas variar sua opinião durante uma única partida. Vamos deixar o fator emocional de lado e tentar avaliar, da forma mais prática possível, sua temporada.
Por ser um jogador com pontos positivos e negativos muito latentes, não faremos este artigo como os dos demais jogadores, onde primeiro falamos da parte boa e depois dos pontos a melhorar. No caso de Smart, falaremos tudo de uma vez, começando pela sua defesa.
A temporada 2021-22 consagrou Smart de vez como um dos maiores defensores de sua geração, sendo o primeiro armador a vencer o prêmio de Defensor do Ano desde Gary Payton em 1996. Linda história, mas estamos falando de 2023, e nessa temporada Smart não é mais o melhor defensor, nem de sua equipe, quanto mais da NBA!
Porém, isso não é um demérito, e sim uma opção tática que foi alterada. Hoje, Smart atua mais como um ajudante de defesa do que como defensor principal do condutor de bola. Esse papel foi passado para Derrick White.
Nunca vi nenhum repórter perguntar a Mazzulla o motivo da mudança, mas podemos especular aqui.
Primeiro, temos o fato de que, tirando a temporada de 2018-19, Smart sempre teve lesões que o tiraram de um número relevante de jogos. Ao todo, foram 22% de jogos ausentes por lesão nos últimos 7 anos. Ou seja, a cada 5 jogos do Celtics, em 1 Smart não participou por lesão. Tirar sua obrigação de ser o primeiro combatente ofensivo em todas as posses do jogo ajuda a preservar um pouco seu corpo.
O segundo fator é que o Celtics agora tem Derrick White no elenco. Um defensor mais veloz que Smart, com mais energia e com mais vontade de provar algo.
Ser uma peça defensiva secundária diminui os holofotes sobre Smart, poupa seu corpo, mas não necessariamente diminui sua importância para a equipe. A prova disso é que a campanha da equipe tem um aproveitamento de vitórias 10% menor quando ele não está em quadra.
Muito disso se deve à sua evolução como passador.
Smart, mesmo dividindo a posse de bola com muitos jogadores, é um dos 15 melhores passadores da NBA. São 6,3 assistências por jogo (o maior da carreira) e um número de turnovers por assistência bem baixo, melhor do que de muitos armadores de elite da NBA, como Trae Young, Irving, Morant, Doncic, Lillard, entre outros.
Outro ponto a se destacar na temporada é que, pela primeira vez nos últimos 4 anos, Smart está arremessando menos de 10 bolas por partida. Sendo um arremessador medíocre, quanto menos tentativas de finalização tiver, melhor para a equipe. Isso é algo que vinha sendo cobrado há tempos.
No final das contas, podemos afirmar que Smart está tendo uma temporada individualmente inferior à do ano passado, mas coletivamente superior. Sua importância para o esquema da equipe é gigantesca e aqueles que pedem a troca dele todos os anos provavelmente se arrependeriam muito se isso acontecesse.
Independentemente de gostar ou não dele, sua importância é real e não pode ser desconsiderada!
Respostas de 2
Concordo com tudo.
Talvez eu esteja enganado e os play-offs mostrem algo bem diferente: por enquanto tenho a impressão que Smart também amadureceu.
Quanto à defesa: em algum momento nos offs vamos precisar de Smart e estou certo que teremos a defesa que conhecemos.
O contrato de Smart vai até quando? Será que a gente consegue segurá-lo? Com certeza ele vai querer ganhar mais, assim como Brown e outros.