Após três derrotas consecutivas para adversários candidatos à mando de quadra nos playoffs, a torcida do Boston Celtics voltou a comemorar uma vitória de sua equipe, sobre o Indiana Pacers, por 101 a 98. Mas o jogo não foi fácil. Mais uma vez decidido nos segundos finais, a partida desta vez tendeu para a equipe de Boston, que contou com participações decisivas de seus especialistas defensivos vindos do banco nos segundos finais.
Sumário
TogglePacers desfigurado impôs desajustes de marcação
A equipe do Indiana Pacers foi à Boston com apenas 9 jogadores ativados para a partida, já que 6 atletas do elenco estão lesionados. Dentre os lesionados estão 4 titulares: David West, George Hill, Rodney Stuckey e o seu maior astro, Paul George, que deve ficar de fora de toda a temporada. Além desses 4 jogadores, os armadores C. J. Miles e C. J. Watson também estão fora de ação pela equipe, fazendo com que o técnico Frank Vogel tivesse que improvisar no setor de armação da equipe, afinal, apenas 2 dos 9 jogadores ativados (Donald Sloan e A. J. Price) são armadores de ofício.
O quinteto titular da equipe do Pacers teve o armador Donald Sloan, dois alas, Solomon Hill e Chris Copeland, e o garrafão formado por Luis Scola e Roy Hibbert. Hill e Copeland nunca haviam feito a função de ala-armador anteriormente, sendo inclusive utilizados mais naturalmente na posição de ala-pivô. Desta forma, os dois revezaram-se na posição de ala-armador, tornando o perímetro do Pacers bem mais lento e vulnerável na defesa. Em contrapartida, os dois também aproveitaram-se de sua altura e força física para criar mismatches (desajustes) com seu adversário. Assim, Rajon Rondo, praticamente 20 centímetros mais baixo que os 2 jogadores, sofreu muito para marcá-los dentro do garrafão.
Adicionando ao fato anteriormente citado, o banco de Indiana tinha apenas 4 jogadores, sendo somente um deles armador. Com isso, os alas Hill e Copeland beiraram os 40 minutos jogados, e assim, mostraram certo cansaço no final da partida, o que facilitou a consolidação da vitória celta.
Defesa de garrafão volta a decepcionar
Mais uma vez o garrafão do Celtics teve um desempenho abaixo do esperado no lado defensivo da quadra. A equipe permitiu inúmeras pontuações fáceis em infiltrações dos adversários, concedeu altas pontuações de jogadores de garrafão e possibilitou muitos rebotes ofensivos para a equipe de Indiana. Esse mal desempenho do garrafão é por vezes omitido pelas boas entradas dos jogadores reservas de garrafão, como Brandon Bass e Tyler Zeller, que costumam dar muito mais trabalho na defesa para os atletas adversários. Já o garrafão titular precisa de ajustes. E urgentes.
Roy Hibbert havia feito apenas 2 pontos na partida anterior contra o Washington Wizards, sendo eles conquistados em 2 lances livres convertidos apenas na prorrogação da partida. Além disso, terminou a partida com 0 arremessos convertidos em 7 tentados. Já contra o Celtics, Hibbert igualou sua maior pontuação da temporada com 22 pontos, convertendo 8 de 16 arremessos. Os 23 pontos combinados por Lavoy Allen e Luis Scola e os 14 rebotes ofensivos da equipe de Indiana, apenas ratificam a ineficiência defensiva do garrafão da equipe de Boston.
Sistema de Ataque de Brad Stevens vem funcionando
O sistema de ataque de Brad Stevens vem sendo duramente criticado e muito mal interpretado por alguns analistas nos últimos dias. A falsa impressão de que a equipe de Boston arremessa muitas bolas de 3 pontos pôde ser levemente rechaçada hoje. O time de Boston joga com 4 jogadores abertos, algo que vem se tornando uma grande tendência da NBA atual. A movimentação do ataque e o alto QI de basquete de seus jogadores, proporciona grande oportunidades de arremessos desmarcados. A grande diferença é que a equipe de Boston espaça mais a quadra e os arremessos livres, ao invés de serem longos para 2 pontos, são mais longos, mas para 3 pontos. São pouquíssimos arremessos forçados para 3 pontos, o que torna o sistema bem justificado.
Com jogadores como Rondo e Olynyk que tem um gigantesco QI de basquete na extremidade ofensiva da quadra, somado a Green e Sullinger que tem grande explosão atlética, as jogadas ofensivas também tem grande concentração próxima à cesta, fazendo com que a equipe faça muitos pontos fáceis em bandejas, enterradas e ganchos.
Em suma, o sistema de Brad Stevens prioriza bolas fáceis de 2 e rechaça bolas difíceis de 2, transformando-as em bolas um pouco mais difíceis de 3 pontos. Se der pra fazer uma bola fácil de 2, faz-se, senão, arremessa-se bolas difíceis de 3. Afinal esse pequeno risco vale a pena já que o custo-benefício geralmente é positivo.
Bradley e Olynyk, os opostos
Avery Bradley é um jogador super aguerrido e intenso, que marca vigorosamente e faz o que pode no ataque. Mas o que pode fazer no ataque é extremamente exíguo. Limita-se apenas a arremessar bolas, de grandes distâncias, ou a fazer bandejas. Nada muito complexo. Quando a bola fica muito tempo em sua posse, ela tende a ser desperdiçada. Isto é, Bradley ou arremessa ou passa ou erra, e desta forma, a bola só chega a suas mãos quando está livre para um arremesso. E quando não está com a mão calibrada (como hoje), sua utilidade para o ataque é bem baixa.
Kelly Olynyk é o incrível extremo de Bradley. É um jogador extremamente blasé, sem sangue, sem vontade e que evita ao máximo o contato com o adversário (é soft!). Mas seu talento ofensivo e seu QI de basquete são sensacionais. É um grande passador, com arremessos bem ajustados e com movimentações que são absolutamente incomuns para alguém com seu tamanho. Hoje ele esteve perfeito da linha dos 3 pontos, distribuiu a bola magistralmente para bandejas desmarcadas de companheiros e fez arremessos com stepbacks e fadeaways que lembraram muito Dirk Nowitzki, jogador com quem é sempre comparado. Torço muito para que este talento absurdo do canadense não se perca por tamanha falta de ambição e de desenvolvimento defensivo. Potencial ele tem de sobra. Para mim, seu arsenal ofensivo já é nível all-star na NBA, ainda mais na posição em que joga (Howard, mesmo com pouquíssimos recursos técnicos, é o melhor da posição). Mas se for considerar só a defesa dele, não farda no NBB. Jogador de extremos não costuma ter um futuro brilhante. Esperamos que com ele seja diferente.
Lesão de Marcus Smart
Marcus Smart teve uma infeliz torção no tornozelo quando pisou acidentalmente no pé de um adversário. O jogador caiu urrando de dor, expondo certa gravidade no acontecido. O longo tempo em que a partida foi paralisada para seu atendimento, bem como todo o aparato médico utilizado e o cuidado com que foi colocado na maca, apenas aumentaram a apreensão e a preocupação dos fãs com o jogador.
No momento em que este texto foi finalizado, jornalistas locais já haviam informado que o jogador passou por radiografias no local que não apontaram fratura. Em seguida, ele passaria por intensas baterias de ressonâncias magnéticas para descobrir se há algum nervo, tendão ou ligamento afetado no local. Nas próximas horas, deverá ser atualiza a situação do jogador. Torçamos para que não seja nada grave.
O fator banco
Por ter uma partida no dia seguinte contra o Chicago Bulls fora de casa, o técnico Brad Stevens optou por reduzir um pouco os minutos de seus titulares, e usar mais o banco de reservas da equipe. Sullinger foi o único titular que passou dos 30 minutos jogados de partida, já que jogou 32 minutos. E o banco correspondeu contribuindo com 38 pontos na partida.
Brandon Bass foi o líder em minutos do banco com 20. E o jogador correspondeu às expectativas com 10 pontos, 4 rebotes, 4 assistências e 1 toco. Além disso, é o melhor defensor de garrafão da equipe e ajuda muito em situações defensivas e acaba por piorar consideravelmente a performance ofensiva do adversário.
Os 11 minutos em que Tyler Zeller esteve na quadra também ajudaram a equipe defensivamente. Foi ele quem mais incomodou o pivô Roy Hibbert no garrafão, limitando sua produção no período e levando-o à linha de lance livre algumas vezes e em marcações completamente discutíveis da arbitragem. Zeller teve desempenho semelhante contra Dwight Howard no jogo contra o Houston Rockets. E isto é um alento àqueles que acreditavam nele logo que sua aquisição fora confirmada e ficaram decepcionados com seu desempenho na pré-temporada. Ele mostra claros sinais de melhora na defesa e continua contribuindo quando acionado no ataque.
Phil Pressey e Gerald Wallace praticamente estrearam na temporada, e jogaram bons minutos nos últimos quartos, ajudando a equipe a manter a vantagem sobre Indiana. Enquanto Pressey esteve em quadra, a equipe de Boston ganhou por 8 pontos. Sua intensidade defensiva, consolidada por 2 roubos de bola e sua boa participação ofensiva, com 5 pontos e 4 assistências, o credenciam a tirar minutos de Marcus Thornton e Evan Turner, que fizeram boa pré-temporada mas vêm decepcionando neste início de temporada regular.
Marcus Smart tornou-se o sexto homem da equipe e vem correspondendo à este posto, com grande intensidade defensiva e boa contribuição ofensiva. Nesta partida contra o Pacers, ele vinha repetindo as boas atuações de antes até sofrer um grave acidente na partida, como descrito acima.
Bass e Wallace também foram extremamente importantes nas últimas posses de bola da partida. Defendendo uma vantagem pequena para o Pacers, que oscilava entre 1 e 3 pontos nos 2 minutos finais, o Boston Celtics usou formações com especialistas defensivos para manter a vitória. Wallace e Bass ocuparam os lugares de Olynyk e Sullinger e completaram o serviço que lhes fora designado. Bass deu um toco em Hibbert nos momentos finais e ajudou a dificultar os arremessos errados dos adversários. O mesmo vale para Wallace que ainda fechou a partida com chave de ouro, roubando a bola na última posse de Indiana.
Próxima Partida
Após a vitória diante do Indiana Pacers, a equipe de Boston viaja para Chicago onde visita o Bulls do técnico Tom Thibodeau neste sábado às 23hs. A franquia do estado de Illinois tem 5 vitórias e 1 derrota na competição e é uma das principais favoritas ao título da conferência. Será um penoso teste para os comandados de Brad Stevens.
Destaques da Partida
Boston Celtics
Jared Sullinger: 17 pontos, 6 rebotes, 5 assistências
Jeff Green: 15 pontos, 7 rebotes
Kelly Olynyk: 12 pontos, 5 de 7 nos arremessos
Rajon Rondo: 8 pontos, 4 rebotes, 6 assistências em 28 minutos
38 pontos do banco
Indiana Pacers
Roy Hibbert: 22 pontos, 11 rebotes, 4 tocos
Chris Copeland: 17 pontos, 6 rebotes
Donald Sloan: 15 pontos, 5 rebotes
Luis Scola: 11 pontos, 8 rebotes
Lavoy Allen: 12 pontos, 7 rebotes
Melhores Momentos
https://www.youtube.com/watch?v=AbmrjmXLcwI
Respostas de 13
Alguma novidade da lesão do Smart?
Vai ficar, pelo menos, duas semanas fora, talvez um pouco mais.
E Rondo vai ficar fora do jogo de hoje contra o bulls.
Fábio, ótimo resumo e análise sobre os pontos fortes e fracos da equipe, hoje se focarmos na defesa mesmo com as ausências podemos dificultar a partida para o Bulls e jogarmos da igual para igual só não podemos repetir a atuação do 1º tempo contra o Dallas.
O jogo contra o Bulls vai ser para relaxar. As chances de vitória são minúsculas, e o Rondo será poupado para fazer um pequeno procedimento na mão que ele quebrou. Sem Rondo e Smart, Pressey terá mais tempo de jogo. E, espero, o Young terá alguns minutos decentes. Como as chances de ganhar são pequenas, o time pode jogar sem tanta tensão, mais para ganhar entrosamento e explorar variações de escalação.
Mano, começa com o Pressey de pg Evan turnover não, da mais minutos pro G-Wall e mais de dez pro Young tb, tem q botar o muleke pra jogar.
O problema do nosso garrafão defensivo é flagrante.KO não tem velocidade para defender na posição 4 e não tem força pra 5.
Sully é lento pra posição 4 e baixo pra posição 5.Os dois juntos realmente prejudica a defesa.O ideal seria termos um 5ão,alguém alto e atlético que jogasse mais na sobra.Alguém tipo DeAndre Jordan ou mesmo Roy Hibbert.Dessa forma,KO ou Sully viriam do banco,minimizando esse problema.
Com alguém próximo a cesta e um perímetro marcador como nosso,teríamos uma defesa top.Mas por enquanto temos que ir segurando as pontas.
Sobre o jogo,os Turnovers diminuíram e isso foi determinante pra vitória.Gostei muito também do Brad Stevens colocando todo mundo pra jogar.Como dito,só o Sully jogou mais de 30 minutos,e mais,todo mundo que entrou conseguiu pontuar.Só o G-Wall não acertou um arremesso de quadra,mas pontou em FT’s.Contra um Pacers bastante desfalcado,foi muito perspicaz da parte do nosso técnico adotar essa estratégia.
o jogo conra o bulls já seria muito difícil, a agora sem rondo, e sem smart pra substitui-lo, vai ficar quase impossível, enfrentar noah e gasol não vai ser fácil
Fábio, ótima análise do KO e AB.
Penso bem parecido tb…
Vamos ter de oferecer max contract + picks na FA para tentarmos algum pivô de qualidade (a pick do Clippers de volta para eles?)
Vou assistir e torcer para ganharmos dos Bulls… O time deles nem está tão entrosado ainda… Fechar o Gasol e diminuir o dano do Rose e o resto do time é limitado para o score…
No ataque estar inspirado no perímetro e Jeff Green no mode agressivo como contras os Mavs ou Raptors é o único jeito de levarmos…
[]s verdes
Boa vitória para Celtics, mas tem um ponto que são os jogos até ontem (e por estar desfalcado), só tínhamos enfrentado time que fatalmente irão fazer playoffs, sendo que Houston e Toronto são líderes em suas conferências. O Nets que foi a outra vitória vem jogando um excelente basquete.
Apesar desses 2 vitórias e 3 derrotas não parecer, houve um salto qualitativo enorme no time do ano passado para esse, no resto sigo os relatores.
Abraço,
Com certeza teve evolução, o jogo contra o raptors q é o lider de conferência, era pro Celtics ter ganho, mas é assim mesmo, pelo menos é muito melhor ver o time mais competitivo.
Como este ano time está mais encaixado,com mais cara de equipe acredito que Faverani será nosso C…