Celtics 113 x 96 Lakers

Em noite que marcou a 355ª partida da maior rivalidade da NBA, entre Celtics e Lakers, a equipe de Boston conseguiu sua 198ª vitória neste histórico, liderado por um herói improvável: Tyler Zeller. Em seu primeiro enfrentamento neste conflito à parte, Zeller fez sua melhor partida da carreira, registrando seu maior número em pontos e sua segunda maior marca em rebotes em toda a carreira profissional. O dia de 5 de dezembro de 2014 e o placar de 113 a 96 do Boston Celtics em cima do Los Angeles Lakers, ficarão marcados para sempre na memória do jovem pivô nascido em Visalia na Califórnia, cidade próxima a Los Angeles.

A equipe de Boston dominou o placar do começo ao fim. O Lakers só esteve a frente nos minutos iniciais. Depois, a menor diferença conquistada pelo Lakers foi de 5 pontos a favor de Boston. Esse domínio foi dado principalmente pelo grande desempenho do quinteto titular de Boston. O banco do Lakers teve boa participação e acabou por doutrinar o banco do Celtics, quando tirou uma diferença de quase 20 pontos, do período em que as equipes titulares estavam em quadra, para 5 pontos, no começo do 2º quarto. Quando os titulares voltaram, a partida desequilibrou em favor de Boston e assim foi durante todo o 2º tempo. O Lakers pouco ameaçou a liderança de Boston, e grande parte do 4º quarto serviu apenas para testar as opções do fundo do banco de reservas.

Desta forma, iremos avaliar individualmente as participações dos 5 titulares da equipe de Boston no confronto e a importância de cada um para o resultado final da partida.

Zeller, o improvável diferencial

Tyler Zeller não teve uma boa pré-temporada e começou a temporada na reserva da posição de pivô e com poucos minutos na rotação. Conforme suas atuações se solidificavam e Olynyk comprometia cada vez mais na defesa, Zeller foi ganhando cada vez mais minutos na posição de pivô. Até que na partida contra o San Antonio Spurs do último domingo, Zeller foi inserido na equipe titular pela primeira vez na temporada.

Desde então, Zeller fez quatro partidas como titular: uma derrota contundente pra o atual campeão San Antonio Spurs, uma derrota muito apertada para o Atlanta Hawks e as duas últimas vitórias contra Detroit Pistons e ontem, contra o Los Angeles Lakers. E em todas essas partidas, o time tornou-se um pouco mais seguro na defesa de garrafão.

Mesmo assim, os números de Zeller eram bem modestos até então e não chamavam a atenção. Mas na partida desta última sexta, Zeller explodiu para 24 pontos e 14 rebotes. E agora começará a chamar a atenção de quem não o observava anteriormente.

Apesar de o garrafão do Los Angeles Lakers não ser um grande parâmetro, Zeller foi absurdamente dominante na noite de sexta. Na tabela defensiva, Zeller teve um desempenho muito satisfatório. Prevaleceu nos rebotes defensivos, registrando 13 no quesito, não permitindo que a equipe do Lakers tivesse segundas chances no ataque e limitando Jordan Hill, líder da NBA em rebotes ofensivos, a apenas 2 destes.

Zeller também foi importante para defender o garrafão da equipe do Celtics. Com ele em quadra, os homens de perímetro de Los Angeles fizeram poucas tentativas de infiltrações na área pintada defensiva de Boston. E quando o faziam, Zeller geralmente vinha na ajuda defensiva e provoca com que estes tivessem que mudar suas mecânicas de arremesso próxima à cesta, para fugir do bloqueio apresentado por ele. E os jogadores de garrafão do Lakers tiveram muita dificuldade para realizar jogadas de post e pouco pontuaram dentro do garrafão de Boston.

Já no ataque, Zeller teve grande ajuda de Rajon Rondo. Zeller vem se notabilizando por ser um pontuador consistente e confiável próximo à cesta. Não à toa, possui um grande aproveitamento em arremessos de quadra com incríveis 69%. Nesta partida, Zeller fez 11 arremessos e converteu 10 deles. Apenas um desses arremessos convertidos foi um jumpshot da cabeça do garrafão. Todos os outros 9 foram bandejas, enterradas ou ganchos, próximos à cesta, geralmente assistidos, e em sua maioria por Rondo. Sua mecânica de arremessos de lance livre impressiona para um homem de garrafão e nesta noite foi perfeito da linha do lance livre, acertando todas suas 4 tentativas.

Rondo, o maestro

Rajon Rondo possui ótimas médias de 8,3 pontos, 7,4 rebotes e 10,9 assistências na temporada, é o líder da NBA em assistências por jogo e toda noite flerta com triplos-duplos. A frase anterior indica uma tendência a inúmeros elogios a temporada de Rajon Rondo, não é? Não. O que ocorre é justamente o inverso, e Rondo vem recebendo duras críticas nas últimas semanas. E de forma justa, tanto que o próprio jogador admitiu estar jogando muito abaixo do que pode.

Agora o amigo leitor deve estar se perguntando: Como que numa temporada estatisticamente tão boa quanto essa, Rondo está sendo criticado? A resposta é simples: Rondo pontua pouco e se omite muito nos momentos de decisão. E o que se espera de um franchise player e um postulante a contrato máximo na próxima intertemporada é justamente o contrário. Espera-se que este jogador decida a partida e envolva seus companheiros para conseguir uma vitória.

Pois bem, nesta partida contra o Lakers, o principal rival do Celtics e após ser fotografado fazendo refeição junto a Kobe Bryant, alimentando ainda mais os velhos e persistentes boatos de sua ida à franquia da Califórnia, Rondo tinha que dar uma resposta. Era a oportunidade perfeita para um grande desempenho, recuperando a confiança em seu jogo e a boa reputação com seu torcedor. E ele aproveitou a oportunidade e teve um desempenho soberbo.

Rondo fez uma grande partida na noite de sexta-feira, registrando 12 pontos, 16 assistências e 8 rebotes. E fez tudo o que se espera dele. Pontuou quando fora necessário, atacou a cesta como não fizera antes na temporada, assistiu os jogadores com a maestria que lhe é peculiar, defendeu perto do que se esperava dele e ajudou a equipe com seus importantes rebotes. Em suma, dominou a quadra com maestria. Comandou as ações, “carimbou” todos os ataques da equipe de Boston e liderou a equipe para a vitória. Esta atuação é um alento para a torcida que já começava a duvidar de sua liderança e comprometimento com Boston. O Rondo da noite desta sexta-feira é o franchise player que esperamos e merece um contrato máximo para as próximas temporadas. Esperemos que não seja apenas um lampejo e que ele continue com este desempenho para o resto da temporada.

Green, o invisível

O ala Jeff Green é por vezes imperceptível em quadra. Muitas vezes ele realmente se omite das ações ofensivas, mas parece ser muito por extrema subordinação à Rajon Rondo. Ele espera que Rajon Rondo decida, por ser o armador e protagonista da equipe, e não toma a atitude de decidir quando se faz necessário.

Mesmo assim, sem ser visto, Jeff Green é o cestinha da equipe na temporada, o líder de bolas de 3 da equipe e é ele quem lidera o time reserva quando os outros 4 titulares saem de quadra, nos 4 minutos finais do 1º quarto e nos 4 minutos iniciais do último quarto.

Neste enfrentamento contra o Lakers, pouco vi Jeff Green arremessar. Apenas percebi alguns erros bobos dele (que cometeu 7 turnovers na partida) e vi-o acertar apenas 2 de seus 5 lances livre tentados na partidas. Duas estatísticas anormais para ele, já que é o principal arremessador de lances livres da equipe e possui médias de 1,6 desperdícios de bola por jogo, bem longe dos 7 erros cometidos na partida. Mas mesmo sendo pouco visto arremessar, Jeff Green saiu de quadra com 19 pontos, sua média na temporada, convertendo 8 de seus 10 arremessos na partida.

E isto é habitual para Green. É pouco visto em quadra pelo espectador, poucos arremessos são percebidos, mas lá está ele explodindo para quase 20 pontos.

Mas não é só no ataque que é pouco visto mas importantíssimo. Na defesa, o espectador mais desatento não percebe a importância grande que ele tem para a equipe, já que ele pouco marca os ballhanders. Green dificulta ao máximo que seu matchup receba o passe. E quando o adversário consegue receber a bola, Green dificulta ainda mais sua movimentação com a bola e seu arremesso. Isto é corriqueiro nesta temporada do Celtics. E o melhor de tudo, Green consegue marcar no mínimo 3 posições, com jogadores de características diferentes.

Na partida contra o Lakers, Kobe Bryant conseguiu apenas 2 pontos quando marcado por Jeff Green. Até não consegui compreender porque este matchup tão desfavorável para Kobe Bryant não foi mais explorado. O ala angelino Wesley Johnson, matchup natural de Green, saiu zerado de quadra. E até Carlos Boozer, marcado algumas vezes por Green, não conseguiu pontuar nos 2 arremessos que tentara contra o ala celta.

Apesar de ser “invisível”, Green é muito importante para a equipe de Boston e vem se consolidando como uma das boas opções da posição na liga.

Sullinger, o versátil

Jared Sullinger é um jogador impressionante e tem uma versatilidade absurda. Suas características são muito vastas o que o torna um jogador acima da média para a posição. Suas média de 16,3 pontos e 8,4 rebotes só compravam esta capacidade dele. Precisa melhorar mais na defesa, mas até neste quesito apresentou grande evolução durante esta temporada.

Sullinger tem visão de jogo e QI de basquete bem razoável para alguém de sua altura. Desta forma, é capaz de dar uma assistência com “assinatura Rondo” para Tyler Zeller, deixando Carlos Boozer e Jordan Hill imóveis tamanha improvisação de Sully.

Sullinger é capaz de brigar por inimagináveis rebotes ofensivos no garrafão e transformá-los em pontuações fáceis. Não por acaso, é o líder da NBA em pontos em segundas chances. E ele briga até o fim pelos rebotes, e inclusive rouba a bola da mão de adversários que acreditavam já ter dominado o rebote. Jordan Hill que o diga sobre este último. Não há bola perdida para Sullinger e ele está presente em todas as jogadas possíveis.

Sullinger é capaz de acertar bolas de 3 criando seu arremesso. Claro que seu arremesso mais seguro é equilibrado e livre, algo que Rajon Rondo lhe proporciona muitas vezes durante as partidas. Mas ultimamente, tem mostrado capacidade antes desconhecida de criar seu próprio arremesso. Jordan Hill e Carlos Boozer, que não conheciam esta faceta de Sullinger, não vão mais esquecer deste fato.

Em suma, Sullinger é um jogador de garrafão valioso e polivalente, que ajuda sua equipe no que for necessário para a vitória. E seus 17 pontos e 13 rebotes da última noite foram essenciais na vitória de Boston.

Bradley, o “chuta-chuta”

A eficiência da defesa mano-a-mano de Bradley, principalmente no ballhandler é incrível. Apesar de ser uma questão muito batida, na partida desta sexta Bradley teve em Kobe Bryant um teste de fogo para sua defesa. E ele se saiu bem. Os 22 pontos que Kobe Bryant marcou na partida prejudicam a avaliação deste tópico. Mas Kobe Bryant sempre vai ter pontuações altas, afinal seu volume de jogo é absurdamente grande. Kobe Bryant acertou apenas 9 de seus 21 arremessos. E em 4 destes acertos, Kobe era marcado por Evan Turner ou Marcus Thornton que são matchups bem mais favoráveis a Kobe.

O lado defensivo de Bradley, como dito anteriormente, já é algo consolidado e que possui grande regularidade. Mas o lado ofensivo de Bradley não é tão confiável assim e vem sofrendo drásticas mudanças temporada a temporada, semana a semana e jogo a jogo.

Bradley tem um volume de arremessos muito grande. Arremessa todas as bolas com mínimas condições para o arremesso. E me parece uma clara instrução de Brad Stevens. E assim, Bradley vem ajustando seu arremesso que vem melhorando gradativamente durante a temporada.

Nesta partida contra o Lakers, Bradley efetuou 18 arremessos e converteu apenas 7 deles. Apesar de isto resultar em 16 pontos, o aproveitamento de arremessos de Bradley não foi dos melhores nesta partida. Mas tem havido evolução de sua parte. Ele vem transformando todo este volume de jogo em pontuações importantes para a equipe. Vem melhorando seu chute a partir do drible, suas movimentações para fugir dos bloqueios e arremessar livre e sua mecânica de arremesso vem se consolidando e isto vem ajudando-o muito a pontuar.

Situação na Temporada

Com esta vitória contra o Lakers, o Celtics chega à sua 6ª vitória na temporada. Com a campanha de 6 vitórias e 11 derrotas em 17 jogos, a franquia de Boston pula para a 10ª colocação da conferência ficando 2 vitórias atrás da última equipe que iria para os playoffs hoje, o 8º colocado Brooklyn Nets que possui 8 vitórias e 10 derrotas.

Próxima Partida

Depois do triunfo contra o tradicional rival Lakers, o Celtics recebe o Washington Wizards no próximo domingo, 7 de dezembro, às 16h, horário de Brasília. O jogo promete ter certo caráter sentimental pois mais uma vez o TD Garden receberá seu grande ídolo Paul Pierce jogando pela equipe adversária. Washington é vice-líder da conferência leste com 13 vitórias e 5 derrotas e vem de 4 vitórias consecutivas. Será um árduo teste para os comandados de Brad Stevens.

Destaques da Partida

Boston Celtics

Tyler Zeller: 24 pontos, 14 rebotes, 10/11 em arremessos de quadra, 4/4 em lances livres e eficiência de +39
Rajon Rondo: 12 pontos, 16 assistências, 8 rebotes e eficiência de +40
Jared Sullinger: 17 pontos, 13 rebotes
Jeff Green: 19 pontos, 8/10 em arremessos de quadra e 7 desperdícios de bola
Avery Bradley: 16 pontos

Los Angeles Lakers

Kobe Bryant: 22 pontos
Nick Young: 16 pontos
Jeremy Lin: 14 pontos
Jordan Hill: 13 pontos, 6/6 em arremessos de quadra
Ed Davis: 6 pontos, 9 rebotes

Melhores Momentos

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Respostas de 11

  1. Rondo é foda…fez Zeller parecer um pivô de elite!

    Essa dupla pode nos render bastante. Zeller pode ser um ótimo reserva pra quando tivermos um pivô titular.

  2. Para mim, o Celtics bateu um time muito fraco, perder seria um desastre maior que a perda do thunders, não por uma antiga rivalidade, mas o Lakers deve ser o pior quinteto da liga: Boozer, Hill, Kobe, LIn, WJ.

    Na segunda unidade é onde eles têm jogadores mais interessantes: Ed Davis, Nick Young,e Wayne Ellington.

    Como é uma ameaça o Ed Davis arrumar aquela frente lixo e defender, nós enviamos Pressey por ele, assim eles perdem em paz.

  3. É sempre bom ganhar do rival. Mas… pés no chão. O time do Lakers é mesmo um dos piores da liga, envelhecido e com um bench de dar dó. A situação do Larkers só melhorará com a aposentadoria do Kobe, pois eles optaram por $entregar$ a franquia em gratidão ao jogador. Pelo nosso lado ficou bem claro que tivemos uma melhora com um Center meia bomba. Vamos crescer com um Center de elite! E muito !

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