Ime Udoka é suspenso por um ano, mas história ainda pode ter outros desdobramentos.

O treinador do Boston Celtics, Ime Udoka, foi suspenso pelo período de um ano após violar normas de conduta estabelecidas pela franquia.

Os rumores são muitos por parte da imprensa, mas obviamente tanto Udoka quanto o Celtics não tem entrado em detalhes sobre a situação.

O que se sabe é que Udoka teve relações íntimas consensuais com uma funcionária da franquia, algo que é proibido não só no Boston Celtics mas na maioria das grandes empresas do mundo.

Varias fontes já começam a ampliar o cenário, dizendo que não foi apenas um caso, mas sim dois, e também se fala que a funcionária em questão é esposa de outro funcionário do Celtics.

Também se fala sobre um suposto caso de assédio com comentários indesejados para outra funcionária.

Nós não vamos nos aprofundar nisso, pois ainda nem se sabe o que é verdade e o que é fofoca, além de não ser do meu interesse ficar discutindo relacionamento alheio.

Porque a relação é um problema?

Comentários em fóruns e sites do USA demonstram que a maior parte da torcida (não toda) compreende e concorda com a punição exercida pelo Celtics, mas é visível que aqui no Brasil os comentários tem sido um pouco diferente, com as pessoas discordando da medida tomada pela franquia.

Sendo assim, achei por bem explicar um pouco melhor a situação.

Primeiro temos que levar em conta que Udoka é um pai de família, e casos extraconjugais são muito mais mal vistos perante a sociedade americana do que aqui no Brasil. Isso chega a tal ponto que tem sido constante ler comentários de pessoas achando que alguns jogadores não terão mais o mesmo respeito de antes pelo treinador, o que seria um problema hierárquico.

Mas esse é o menor dos fatores. O grande fator que faz os americanos lidarem com isso de forma mais dura do que o brasileiro é que eles têm uma compreensão maior sobre os problemas existentes em relações de pessoas que ocupam cargo de poder, se relacionando com subordinados. E isso tem motivos históricos, até.

Alguns aqui podem não saber, mas até um presidente dos Estados Unidos já foi impeachmado por situação semelhante.

Em 1996 o então presidente dos Estados Unidos (e homem mais poderoso do mundo) Bill Clinton sofreu Impeachment após descobertas de seu relacionamento com Monica Lewinsky, uma estagiária da Casa Branca.

Se nem o presidente escapou de uma demissão, vocês acham mesmo que Udoka seria intocável?

Bill Clinton e Monica Lewinsky, uma relação que lhe causou o impeachment

Ocorre que essas regras que impedem relacionamento entre “pessoas em cargo de poder” e “subordinados” tem como principal função evitar o crescimento de assédios, abuso de poder e possíveis processos futuros.

O mundo não é um conto de fadas e o que mais se vê por aí são homens de poder assediando funcionárias, que muitas vezes com medo de perder seus empregos, acabam aceitando e se calando para assédios.

Para uma empresa sofrer um processo milionário por algo assim, não precisa de muito. Por isso relacionamento desse tipo costumam ser proibidos, ou pelo menos devem ser obrigatoriamente informados aos RH das empresas.

Muitos de vocês defenderam Udoka, dizendo que a relação foi consensual, mas não é esse o caso aqui. O caso é que ele descumpriu uma regra presente em contrato.

O caso é que assim como foi consensual, poderia não ter sido. A funcionária poderia se sentir assediada na ocasião, e um grande problema estaria criado.

Além disso, se Udoka mesmo sabendo dessas regras, a descumpriu, nada garante que ele não faria o mesmo no futuro. Ou seja, a relação de confiança entre treinador e franquia está quebrada!

Se essa mulher for realmente esposa de algum funcionário como se especula, daí então as coisas alcançam um nível muito maior, deixando tudo irremediável.

O que diz Udoka?

Udoka fez um pronunciamento rápido em suas redes sociais, onde se desculpou e não negou ter cometido erros, aceitando portanto, as punições que receber.

Suas palavras foram as seguintes:

“- Quero pedir desculpas aos nossos jogadores, torcedores, toda a organização do Celtics e minha família por decepcioná-los. Lamento por colocar o time nessa situação difícil e aceito a decisão do time”.

O que vem em seguir?

Embora a suspensão inicial tenha sido de um ano, essa foi uma ação preventiva.

A franquia deixou claro que ainda avaliará melhor a situação, e que novas medidas podem ser tomadas no futuro.

Não me surpreenderia com uma multa milionária e até com uma demissão sendo anunciada nos próximos dias.

Para o seu lugar, assumirá interinamente o atual assistente principal da franquia, Joe Mazzulla.

Joe Mazzulla passando instruções para os jogadores

Mazzulla foi o treinador da equipe nas duas últimas Summer League e é o assistente com mais “tempo de casa” em Boston, sendo a escolha óbvia pra assumir nesse tipo de situação (Em outro artigo falarei melhor sobre Mazzulla).

Os Celtics abrem a temporada com o Media Day já nessa segunda-feira, 26 de setembro, ao meio dia, e os jogadores e comissão terão a difícil tarefa de enfrentar um bombardeio da imprensa bem em meio ao “olho do furacão”.

Esperamos que todos consigam lidar da melhor forma possível com essa situação, e que as partes envolvidas tenham suas privacidades preservadas.

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Respostas de 6

  1. Franquias como Suns e Clipper recentemente tentaram varrer suas sujeiras para debaixo do tapete, e posteriormente foram penalizadas severamente por isso (não ache que o caso do Suns terminou, vai vir mais coisa pela frente)
    Então o Celtics está correto em lidar com a situação e tomar as providências cabíveis.
    O Celtics é uma franquia CORRETA.
    Se o Udoka não saber ser ético e profissional…. ele que arque com as consequências disso.

    1. Bill Clinton sofreu processo de impeachment mas foi absolvido e terminou o mandato. Portanto ele não foi “demitido” Daniel.

  2. Essa exemplo do Clinton poderia ser atualizado, o processo foi aprovado na Câmara e barrado no Senado, mas lembro muito bem que isso só aconteceu pq ele pediu desculpas publicamente ao país pelo erro que cometeu, pq se continuasse afirmando que não fez nada ele estaria mentindo e daí seria destituído do cargo por perjúrio!

  3. Como bem observado pelo Daniel:

    Uma coisa é o namoro entre funcionários da mesma posição hierárquica em seu empregador. É comum que o ocorram relacionamentos mais sérios (outros menos) em tal circunstância. Ok.

    Outra coisa, bem diferente, é o camarada CASADO, se aproximar se subordinados (ainda que não o sejam diretamente a ele), estando ciente de proibição contratual sobre o tema.

    Em resumo: pediu para ter problema.

    Uma pena. Lamento mesmo.

  4. Namorei com uma menina de uma empresa em que ambos trabalhávamos. Depois de 5 anos nos casamos e assim continuamos, há 28 anos. CONCLUSÃO: namorar na empresa pode se tornar um desastre (CQD)!!! Tá certo o Celtics. Para o bem do Udoka e de todos que estiverem dispostos a cometer essa sandice.

  5. Teobaldo, conheci minha esposa no trabalho em 1994.

    O problema é o conjunto de circunstâncias: casado, com proibição, uma subordinada.

    Ele sabia que não poderia, mas o fez.

    Entendo que o combinado não seja caro.

    Se nada houvesse em termos de postura, ok. Ele teria problemas familiares pois é casado.

    Evidente: estamos no campo de relações consensuais, sem assédio.

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