Kevin Garnett é um jogador de basquetebol profissional de nacionalidade norte americana, que atuava como ala pivô e há poucas horas atrás anunciou o fim de sua carreira. Até aqui, você já sabia. Mas se quiser descobrir mais sobre o homem por trás da lenda que marcou seu nome pra sempre na NBA me acompanhe nas linhas abaixo e aprenda como o garoto da Carolina do Sul se tornou um dos maiores atletas da história do basquete.
Kevin Maurice Garnett é filho de Shirley Garnett e O’Lewis McCullough, e tem dois irmãos. Após o divórcio de seus pais, Kevin que tinha apenas 12 anos de idade, se mudou para Mauldin (Carolina do Sul). Desde pequeno, Garnett era um fã declarado do basquetebol, jogando na escola de Mauldin nos seus três primeiros anos que passou. Em seu último ano no colégio, já era considerado uma jóia e grande promessa do esporte, sendo comparado com Karl Malone, grande pivô do Utah Jazz nos anos 80 e 90.
Um tempo depois, se mudou para Farragut Academy, uma escola localizada em Illinois, Chicago. Por lá, seu destaque aumentou, alcançou o feito inédito de 28 vitórias e apenas duas derrotas, e foi nomeado pela USA Today, como o melhor jogador júnior dos Estados Unidos. Ganhou também, o prêmio Sr. Basketball de melhor esportista da cidade de Illinois, suas médias eram de arrasar: cerca de 25.2 pontos, 17.9 rebotes, 6.7 assistências e 6.5 bloqueios por jogo, além de um total de 66,8% dos arremessos em quadra. No total, foram 2553 pontos, 1809 rebotes e 737 bloqueios. No McDonald’s All-American Game, foi o melhor jogador da partida após anotar 18 pontos, 11 rebotes, 4 assistências e 3 bloqueios. Depois disso, anunciou oficialmente que se inscreveria para a NBA Draft de 1995 e já era listado entre os favoritos à ser a primeira escolha. Ele acabou perdendo para Joe Smith, escolhido pelo Golden State Warriors na first pick, e acabaria sendo a quinta escolha, draftado pelo Minnesota Timberwolves.
Garnett foi um monstro em quadra desde sua primeira partida na NBA, mostrando que ele não só pertencia ao mundo do basquete, como também estava disposto a dominá-lo. A franquia dos Wolves tentou construir uma dinastia com KG e Stephon Marbury que foi draftado um ano depois, mas após algumas temporadas, o plano foi por água abaixo. Apesar de ele e Marbury serem amigos, Marbury teve problemas em relação à grande quantia de dinheiro que foi pago ao KG em seu contrato com o Timberwolves. Ele também não lidou bem com o fato de Kevin Garnett ser escolhido como o franchise player de Minnesota. Esse cenário estremeceu a relação entre os dois, impactando negativamente no clima da franquia. Stephon posteriormente deixaria o Wolves para ir jogar em New Jersey.
O contrato que Timberwolves ofereceu à Garnett foi o estopim para o lockout ocorrido em 1998-99. Devido à grandes quantias de dinheiro movimentado dentro da liga, e a ausência de controle em relação aos tetos salariais e contratos para calouros, a tensão entre as franquias e os executivos da NBA foram aumentando gradativamente até que a liga norte-americana anunciou o terceiro lockout de sua história.
Após a volta da competição, Kevin continuou carregando Minnesota nas costas, quebrando diversos recordes da franquia. Ele teria sua melhor temporada em 2003-2004, quando anotou uma média de 24.2 pontos, 13.9 rebotes, 5.0 assistências, 2.2 bloqueios e 1.5 roubos de bola. Os Wolves chegaram à melhor marca de todos os tempos com 58 vitórias e 24 derrotas na temporada regular e ele foi eleito pela NBA, o MVP da competição. Garnett foi derrotado pelos Lakers naquele ano nas finais da conferência oeste por 4-2.
Em julho de 2004, após o fim de sua temporada como MVP, casou-se com Brandi Padilla, sua esposa até hoje, em uma cerimônia realizada na Califórnia. Devido ao casamento, ele decidiu não fazer parte da seleção americana que jogaria as Olimpíadas de Atenas, na Grécia, no mesmo ano e a partir disso perdeu créditos com a comissão do USA Team. Por falar em sua esposa, Garnett sempre preferiu ser o mais discreto possível em relação à sua vida pessoal. É por isso que você nunca viu muitas fotos da família Garnett na imprensa americana. Todos são bem reservados quanto à isso, e apesar de ser um jogador com grande apelo de mídia, Kevin sempre fugiu dos holofotes e preferiu descansar com sua família quando não estava em período de treinos e jogos. Ele e Brandi são pais de duas filhas, uma com 8 e a outra com 3 anos.
Dentro das quadras, Garnett sempre foi reconhecido como um guerreiro. Por ter essa atitude e mentalidade, sempre foi um líder dentro dos elencos em que passou. Certa vez, em um treinamento pelo Boston Celtics, as atividades tiveram que ser simplesmente encerradas pois KG se recusou a descansar.
“Kevin Garnett tinha essa crença, dentro de si, que se você é um líder, você não poderia ficar de fora de NENHUM lance do treino”, disse seu ex-treinador Doc Rivers, que o treinou de 2007 a 2013, no Celtics. “Contudo, eu também tenho minhas crenças, e uma delas é que se você tem mais de 30 anos, e eu preciso de você por toda a temporada, eu preciso te poupar de algumas atividades”.
Com o objetivo de poupar Garnett devido ao cansaço acumulado na temporada, Doc Rivers pediu para que ele se ausentasse do coletivo realizado em um treinamento. Não era um jogo ou algo de maior magnitude. Apenas um coletivo. Garnett não gostou nem um pouco disso.
“Treinador, você não entende”, rebateu, Garnett. “Se eu ficar de fora, os demais companheiros de time verão isso como um sinal de fraqueza”.
Entretanto, Doc continuou firme e KG não pôde participar daquele treinamento. Você acha que parou por aí? Kevin ficou revoltado, agitado e inconformado. Então, uma ideia surgiu em sua mente e ele reapareceu em quadra. Seus companheiros de time sabiam que algo estava para acontecer.
E aconteceu. Garnett, proibido de pisar em quadra, por Doc, naquele dia, conseguiu sua revanche. Ele passaria a copiar os movimentos do seu reserva Leon Powe, que o substituiu naquele coletivo. Se Powe fizesse um movimento próximo ao garrafão, Garnett o copiava. Se Powe se jogasse ao chão para pegar um rebote, Garnett também se jogava para pegar uma bola imaginária. Se Powe errasse um passe, Garnett, como num jogo de mímica, também errava. Os demais jogadores estavam perplexos: de um lado estava Powe, jogando o coletivo real, com erros e acertos; do outro, estava Garnett, fora das quadras, sem bola e sozinho, o imitando. Uma coisa inacreditável.
“GARNETT!”, gritou, Rivers. “Se você continuar com isso, eu serei obrigado a cancelar o treino. Isso afetará a todos’.
KG sempre foi conhecido por respeitar seus treinadores, mas, naquele dia, ele estava indomável. Resultado: Doc cancelou o treino. Ao ir embora, Doc perguntou a KG se ele estava feliz por ter feito isso tudo. Dias depois, KG comentou que ele não estava feliz, mas ok com a situação. Afinal, ele vivia dizendo, inúmeras vezes, para seus companheiros, que essa história de ”folgar por um dia” não existe. Ele só queria seguir à risca as suas crenças e liderar pelo exemplo. O resultado dessa vontade enorme e de sua fome por vitórias, foi o título de campeão da NBA na temporada 2007-08 pelo Celtics. Ele terminaria aquela temporada sendo eleito ainda, o melhor defensor da liga. Após mais de uma década tentando o título para coroar sua carreira, Garnett pôde finalmente soltar o grito que estava preso em sua garganta desde que entrou pro basquete profissional.
Kevin não tinha muitos ídolos, não havia uma figura pública na qual ele se espelhava, e certa vez declarou que ele mesmo deveria ser seu próprio ídolo. Apesar disso, um dos jogadores favoritos de KG era Magic Johnson. Garnett o admirava pela sua paixão contagiante quando estava em quadra. Talvez isso tenha inspirado Kevin, ou talvez ele já tivesse essa paixão toda dentro dele. O fato é que Garnett deixava claro que amava de verdade o jogo do Basquete.
Na verdade, sua paixão pelo esporte transcendia as quatro linhas: KG uma vez comprou tênis esportivos e distribuiu pelas quadras de Harlem, bairro de Manhattan na cidade de Nova Iorque e um dos “guetos” mais conhecidos no mundo do Basquete. Ele fez isso pensando nos milhares de jovens que passam por aquelas quadras mas não tem condições financeiras de comprar um tênis apropriado. Esse era o verdadeiro Kevin, um homem diferente daquele que se via dentro de quadras provocando os adversários e muitas vezes ultrapassando os limites. Todos os seus companheiros sempre elogiaram sua lealdade e o consideram como um grande companheiro dentro e fora de quadra. Um de seus melhores amigos, é o eterno capitão celta Paul Pierce.
Poucos sabem, mas a forte amizade que Kevin tem com Pierce não começou em Boston. Os dois se conhecem desde infância e o destino quis que cruzassem caminhos mais uma vez para levantar o troféu de campeões da NBA em 2008. A imprensa não sabe ao certo daonde surgiu a amizade, já que Paul morava na Califórnia e Kevin era da Carolina do Sul. Aparentemente, Kevin e Paul se conheceram em um torneio juvenil de basquete e dali começaram a se ver com mais frequência. Certa vez Kevin jogou um torneio na Califórnia e dormiu na casa de Pierce e sua família. Isso mostra quão próximos eles se tornaram. Em 2013, Garnett revelou pela primeira vez em entrevista à imprensa que ele e Pierce eram amigos de longa data, e que costumavam quebrar vasos na vizinhança, brincar nas ruas, fazendo besteiras que adolescentes costumam fazer.
As amizades são realmente valorizadas em sua vida. A placa de seu carro é “OBF4LFE” (abreviação de OBF For Life) em homenagem ao seu grupo de amigos de infância. Na década de 90, Kevin criou uma linha de roupas chamada OBF – Official Block Family junto com esse mesmo grupo, realizando um dos sonhos que os amigos tinham desde pequeno. A marca era voltada para o público do Hip-Hop, algo fácil de compreender já que Garnett sempre foi fascinado por Hip-Hop e já conheceu artistas como Nas e Jay-Z. Um dos seus sonhos era ter conhecido B.I.G.
A marca de roupas não foi o único empreendimento de Garnett. O atleta, que possui uma grande fortuna, sempre se viu disposto à investir dentro do esporte.
Em 2011, ele comprou pequena parte das ações e se tornou um dos donos do Roma, tradicional clube italiano. No entanto, meses depois, a NBA interviu e proibiu Garnett de completar o investimento pois um dos sócios do clube italiano também era detentor de ações do Boston Celtics, time que KG defendia à época. Ele também sempre deixou aberto a possibilidade de um dia se tornar dono do Minnesota Timberwolves, assim como Michael Jordan fez com o Charlotte Hornets.
Kevin Garnett termina a carreira como o jogador que mais faturou em salários na história da NBA. Somando todos os contratos que Kevin assinou com Minnesota Timberwolves e Boston Celtics, a quantia acumulada gira em torno dos U$343 milhões. Não se pode negar que, se já existiu algum atleta que suasse a camisa atrás desse valor todo, esse alguém era KG. Tanto pelo esforço e profissionalismo quanto pelo talento puro que tinha, uma rara combinação, que se pode observar apenas nos grandes atletas da história.
Nas palavras de Chauncey Billups, seu ex-companheiro de Minnesota e grande amigo também fora das quadras:
“KG mostrou ao resto da liga como um PF (Power Forward) ideal deveria atuar. Ele simplesmente mudou o conceito da posição de ala-pivô.”
Até o fim de sua carreira, KG era o maior veterano em atividade na NBA, sendo o único remanescente do draft de 1995. Agora, ele coloca o ponto final em sua história dentro das quadras e caminha para o Hall da Fama do Basquete mundial. A partir de hoje, ele começa uma nova vida. Se aposente com a certeza de que Boston nunca esquecerá de você!
Respostas de 11
O responsável por tudo que eu conquistei até hoje, pois sempre que eu enxergava algum desafio, eu me lembrava da entrega de KG para conquistar as vitórias e se autoinflamar. Sua dedicação aos treinos eu levava como inspiração para os estudos. Portanto, muito obrigado, eterno ídolo.
Quando ele foi para o Boston, eu já era um torcedor. Embora sempre gostei do Boston, meu ídolo sempre foram o Kobe e Paul Pierce. Mas quando KG foi para Boston comecei a admirar a sua ética, ele passou a ser meu iogador favorito.
Lealdade, paixão e trabalho acima de tudo. Esses exemplos nos indicam caminhos a seguir!
Tenho 3 ídolos que me fizeram escolher meu time. Larry Bird foi o primeiro, mas vi mto pouco do seu jogo, pois já estava se aposentando, e sua coluna não permitia mais ser o mesmo dos Jogos que tinha em Mega Drive (Fakers x Celtics). A partir daí comecei a acompanhar mais da NBA, e resolvi escolher outro time: Seattle Sonics, por causa do Shawn Kemp. Porém qdo a franquia se mudou de cidade, parecia ser outro time, mudando inclusive o nome da franquia. Então já admirava muito o jogo do Garnett desde sua estreia no Timberwolves. A sua Ida ao Celtics foi fundamental pra eu voltar a torcer pros Celtics. E ele me ensinou o que é ser um Celta! Acho o Pierce animal, ainda mais por td o que ele passou e fez pelos Celtics, mas o Garnett trouxe um espírito diferente pra esse time!
Comecei a acompanhar a NBA em 1998, mas não tinha um time favorito. Em 2003 vendo os Celtics contra o Denver do Nenê e Carmelo, o Paul Pierce jogando praticamente sozinho, fiquei impressionado. O Denver ganhou o jogo, mas os Celtics ganhou um torcedor.
Certeza, o Pierce é sensacional! Torço muito pra que ele ainda não se aposente, e quem sabe até volte pros Celtics pra encerrar sua carreira. Talvez seja injusto em não ter ele como meu maior fã, pois justamente entre 1998 a 2006 não acompanhei nada da NBA (época de vestibular, faculdade, perda do meu pai…). Então pude ver mais do jogo do Garnett! Sempre foi um jogador completo!
Tenho quase certeza que o Paul Pierce tbm vai parar. Ele passou aa férias junto com o KG, e até agora não se pronunciou se continua.
Torço para ele parar tbm, pois, não o vejo mais com aquele “T” de jogar.
Traria os dois para a comissão técnica, seria fantástico a rapaziada ter eles dois no dia a dia.
ninguem amou tanto o jogo igual o KG. A intensidade em que jogou cada segundo da vida dele na NBA é um absurdo. só de ver no começo de cada jogo ele batendo a cabeça na parte acolchoada da tabela já mostra toda a preparaçao e intensidade dele. um dos maiores defensores da historia da liga e também um absurdo jogando no ataque, chegando ate a armar o wolves, mesmo tendo 2,13.
ele era capaz de incentivar qualquer companheiro de time a qualquer momento, deve ter sido um companheiro de time fantastico, por tudo que lutava e entregava em quadra
é uma pena que tenha chegado ao celtics com 33 anos, é uma pena a lesao dele em 2009, onde o bicampeonato tinha altas chances de acontecer. é uma pena que tenha vestido o manto por tao pouco tempo, mas foram anos intensos, eu nao acho que mereça ter a jersey retirada, foram “só” 6 anos, eu aposentaria apenas a do Pierce, mas se aposentarem, ficarei feliz, sou fa demais do KG
obrigado KG, por todo o amor ao jogo e a camisa em que ele vestiu, seja o wolves nos bons momentos, seja o wolves nos maus momentos, seja o celtics sendo campeao ou o celtics caindo na 1 rodada pro knicks. ele jogava com o mesmo amor
Impossível não admirar o KG, para um fã do basquete, ele simplesmente é espetacular, gênio nos dois lados da quadra. E pelo que ele sempre mostrou dentro de quadra e pelo que ele ensinou. Se vc tiver garra, paixão, lealdade e força pra querer vencer, vc será um vencedor na vida.
Grande KG, espero que o Celtics aposente o número 5 já nessa temporada.
Linda matéria! Muito bom!
Tive a hora de velo 3 vezes no TD Garde . 2 pelos Celtics e ano passado na sua ultima vista quando ele foi ovacinado. Nunca vou esquecer o “Gino time” daquele dia alem de tudo uma figura!!