Sumário
ToggleA ausência recorrente de Kristaps Porzingis pode até passar despercebida para alguns dos torcedores celtas, mas não para nós do Celtics Brasil. Pensando nisso, elaboramos uma análise sobre a relação “ausência x eficiência” do pivô contratado na temporada passada. Confira a seguir.
Custo-benefício
Em julho de 2023, KP assinou uma extensão de contrato com o Boston Celtics por 2 anos, no valor de US$ 60 milhões, garantindo um salário médio anual de US$ 30 milhões. Valor muito acima dos demais salários referentes aos pivôs sobressalentes em nosso roster, o que indica claramente a diferença de qualidade entre eles e reforça apenas o óbvio, Porzingis não tem (nem terá) um substituto à altura. Por mais esforçados que sejam, nem Kornet, nem Queta e nem Tillman são capazes de defender o aro e pontuar com a mesma facilidade, looooonge disso. Al Horford, seu back-up principal, teve boas atuações recentemente, mas não sustenta o nível de performance noite a noite, logicamente, devido aos 38 anos de idade e todo o desgaste que isso envolve. Tais fatos demonstram outra obviedade, o Celtics virou refém de seu principal pivô, pois não consegue substituí-lo à altura, não consegue vê-lo jogar frequentemente e tampouco consegue negociá-lo com outras equipes, levando em consideração o alto valor de seus vencimentos e essa enorme dificuldade para manter-se saudável.
O histórico recente de lesões
Porziņģis teve um impacto muito positivo desde sua estreia pelo Celtics, mas seu histórico de lesões é um fator de preocupação constante. Estes são os principais problemas físicos que o afastaram das quadras durante os momentos mais importantes da última temporada:
Lesão na panturrilha (Playoffs 2023-24)
– durante o Jogo 4 da primeira rodada contra o Miami Heat, em abril de 2024, Porziņģis sofreu uma distensão na panturrilha direita. A lesão o deixou fora da série contra Miami, das semifinais contra o Cleveland Cavaliers e das finais da Conferência Leste contra o Indiana Pacers. KP retornou nas Finais da NBA contra o Dallas Mavericks, mas estava visivelmente sem o mesmo ritmo de jogo, evidenciando sua recuperação.
Ruptura do retináculo medial (Finais da NBA 2023-24)
– no Jogo 2 das Finais da NBA, sofreu nova lesão, uma ruptura do retináculo medial no tornozelo esquerdo. Apesar de continuar disponível para a série, sua mobilidade ficou comprometida, limitando seu desempenho.

Além dessas lesões, Porziņģis tem um belíssimo histórico de problemas físicos ao longo de sua carreira, incluindo uma ruptura do ligamento cruzado anterior em 2018 e diversas outras pequenas lesões nos joelhos e tornozelos. No Celtics, sua eficiência quando saudável é notável, mas as ausências levantaram preocupações sobre sua durabilidade no longo prazo.
Durante a atual temporada, como não poderia deixar de ser, KP vem enfrentando desafios relacionados à sua disponibilidade. No exato momento em que escrevo esse texto, Porzingis está afastado devido a uma doença viral não especificada, que o manteve fora dos últimos sete jogos do Celtics. O fato de não se tratar de uma lesão ligamentar ou muscular é positivo, mas…
Vale lembrar que o pivô de 29 anos perdeu os 17 primeiros jogos desta temporada devido a uma cirurgia no tornozelo realizada ainda na offseason. Tal intervenção foi necessária para reparar a ruptura no retináculo medial do tornozelo esquerdo e o posicionamento do tendão tibial posterior, ambas lesões sofridas durante os Playoffs e Finais da NBA em 2023-24. O pivô tem aproveitamento de 59% das partidas desde que foi contratado, número um tanto quanto questionável (não vou dizer razoável, porque não é).
Um jogador eficiente
Apesar das ausências, uma questão específica é a grande responsável por essa reflexão em plena quarta-feira: sua eficiência. Como abrir mão de um jogador desse calibre? Desde que chegou a Boston para a temporada 2023-24, KP se mostrou um dos jogadores mais eficientes da equipe, contribuindo significativamente tanto no ataque quanto na defesa. Seu encaixe no esquema tático de Joe Mazzulla foi essencial para o sucesso da temporada regular, dos Playoffs e logicamente, das Finais.
Eficiência ofensiva
Aproveitamento de arremessos: Porziņģis teve uma das melhores taxas de aproveitamento da carreira, destacando-se especialmente nos arremessos de três pontos e nos lances livres.
Versatilidade: com sua capacidade de espaçar a quadra, o pivô ajudou a abrir espaços para as infiltrações de Jayson Tatum e Jaylen Brown, ao mesmo tempo em que ofereceu uma opção confiável no post-up e no pick-and-pop.
Pontuação consistente: em diversos jogos, Porziņģis liderou a equipe em pontos, incluindo uma performance de 35 pontos contra os Pistons e outra de 34 pontos contra os Knicks.
Eficiência defensiva
Proteção de aro: sua presença defensiva foi crucial para o Celtics, melhorando significativamente o seu desempenho como um todo. Com tocos e contestação de arremessos, além de uma excelente leitura de jogo, Porzingis proporcionou à equipe uma segurança que até o momento de sua contratação gerava dúvidas.
Defesa versátil: apesar do tamanho, KP conseguiu se movimentar bem em trocas defensivas, auxiliando a desenvolver um sólido esquema para a equipe.
Impacto nas estatísticas avançadas
Plus-Minus positivo: durante a temporada regular, sua presença em quadra frequentemente resultou em saldos positivos para o Celtics.
Eficácia nos minutos jogados: mesmo jogando menos devido às rotações do time e, obviamente, às lesões, sua produção por tempo de quadra foi incrivelmente alta.
Amado por parte da torcida e descartável para outra boa parte, Porziņģis provou ser uma peça-chave para o Celtics, elevando (e muito) a eficiência da equipe quando disponível. Repito: quando disponível. Com médias de 18,9 pontos, 6,8 rebotes e 1,9 assistências em 32 jogos nesta temporada, além dos +73 de plus-minus, o pivô divide opiniões, e com razão.
Conclusão
A relação entre a disponibilidade e a eficiência de Kristaps Porziņģis no Boston Celtics é um equilíbrio delicado. Quando esteve em quadra, ele demonstrou ser uma peça fundamental para o sucesso da equipe, causando impacto imediato tanto ofensivo quanto defensivo. Seu arremesso preciso, proteção de aro decente e ajuda externa ajudaram a elevar o nível da equipe, tornando-a campeã e ele, um dos jogadores mais eficientes do elenco.


Por outro lado, suas lesões constantes limitaram sua participação, principalmente nos momentos decisivos dos playoffs. Sua ausência em grande parte das semifinais e finais de conferência mostrou o perigo que é depender de um jogador com histórico de contusões. Mesmo retornando para as Finais da NBA, sua condição física não era ideal, o que prejudicou seu impacto.
Em resumo, a eficiência de Porziņģis é inquestionável, mas sua disponibilidade levanta sérias preocupações. Para o Celtics, a questão central não é se ele pode contribuir – pois já provou que pode -, mas sim se ele conseguirá permanecer saudável para impactar o jogo nos momentos mais decisivos.
Opinião
Apesar de Kristaps Porziņģis ser um jogador altamente eficiente quando saudável, sua falta de disponibilidade o torna um grande ponto de interrogação para o nosso time. A equipe claramente funciona ‘quase que perfeitamente’ (percebam o quase) com ele em quadra, mas sua ausência recorrente em momentos cruciais, como nos playoffs de 2023-24, coloca em risco a consistência e, principalmente, a profundidade desse elenco.
Se o Celtics quiser maximizar seu potencial com Porziņģis, talvez precise gerenciar melhor sua carga de jogos durante a temporada regular ou até mesmo compensar sua dependência nos momentos decisivos. Ter um jogador desse nível e não poder contar com ele quando mais importa é frustrante tanto para a equipe quanto para a torcida. No fim, a eficiência sem disponibilidade acaba não sendo suficiente para garantir novos títulos.
Porzingis precisa ser trocado? Essa é a pergunta que não quer calar e a equação não é tão simples assim de se resolver. Como falei anteriormente, há um alto salário e todos os riscos envolvidos. Há alguma equipe na NBA, disposta a trocar por um jogador tão “ausente”? Provavelmente não. Há alguma equipe na NBA disposta a trocar por um jogador tão “eficiente”? Provavelmente sim. Com 29 anos, KP poderia ser envolvido em alguma grande troca mirabolante? Talvez, já que essa possibilidade diminui a cada novo boletim médico negativo.


O que nos resta é ter em mente que a temporada de trocas se encerrou no último mês e que vamos brigar pelo 19° banner com o elenco que temos. Joe Mazzulla, não à toa, vem buscando alternativas para eventuais novas ausências com jogadores que fazem o que podem, como nos casos de Horford, Kornet, Queta e Tillman. O revezamento visto nos últimos jogos deixa claro que o treinador sabe que não é possível substituí-lo, mas o abismo pode (e deve) ser encurtado, dando maior minutagem para esses jogadores, com a finalidade de fazê-los ganhar a experiência (exceto no caso de Al Horford) e a confiança necessária para aguentar minimamente o tranco quando for necessário (nos casos de Kornet, Queta e Tillman).
Após o título, fica fácil dizer que Brad Stevens acertou na mosca ao contratá-lo, entretanto, fica em aberto seu futuro junto à equipe. Faltando 21 jogos para o final da temporada regular a pergunta que fica é: será que veremos KP brilhar ou nos decepcionar? Lidar com essas interrogações não é trabalho para mim, e sim para o nosso General Manager. Torço muito para que Porzingis não apenas retorne o quanto antes, mas para que retorne e permaneça saudável. Se os torcedores rivais questionam o fato de o Celtics não ter encarado o potencial máximo de seus adversários nos últimos Playoffs (lesões de Butler, Mitchell e Haliburton), só me resta dizer que tampouco se viu em sua totalidade o potencial máximo do Celtics, já que tivemos apenas um vislumbre durante as Finais contra Dallas, com o Porzingão voltando de uma lesão no Jogo 2… e lá vamos nós de novo… em se tratando do letão, já entendi que (infelizmente) isso faz parte.