Quando veremos o Porzingão em ação? Prognóstico.

A temporada 2023-24 da NBA ainda nem começou e o torcedor celta já tem motivos para ficar de olhos bem abertos.

Depois de bater na trave mais uma vez, ficando de fora da briga pelo título após a apertada série de sete jogos contra o Miami Heat nas finais da conferência leste, o estrelado elenco dos Celtics, liderado por Jayson Tatum e Jaylen Brown se viu envolvido em descrédito e algumas toneladas de rumores. A pergunta de sempre, em caso de derrotas duras com desempenhos questionáveis é: quão prontos estão os dois principais jogadores e até quando seus apagões seguirão influenciando negativamente os resultados esperados por uma franquia obcecada por títulos?

Nem sempre a resposta está na ponta da língua e, naturalmente, o mercado costuma servir de termômetro para os planos futuros de qualquer equipe. Nesse contexto, Brad Stevens realizou uma grande movimentação, provando ser um bom discípulo de Danny Ainge, numa troca que envolveu picks, role players e nada mais, nada menos que a saída de Marcus Smart, armador e um dos símbolos do atual elenco de Boston, para a chegada de Kristaps Porzingis, ala pivô vindo do Washington Wizards.

A negociação gerou ondas de protestos por parte da torcida, considerando a dedicação e a paixão demonstradas por Smart ao longo de nove anos junto à franquia que o draftou. Claramente Smart merece reconhecimento, porém, apesar das boas médias em pontos e assistências na última temporada, sua queda de rendimento no setor defensivo e consecutivas falhas em momentos cruciais de jogos importantes passaram a suscitar dúvidas e críticas em relação ao seu jogo como um todo. Em entrevista ao canal oficial do Celtics, Brad Stevens mencionou a necessidade de trabalhar a envergadura e altura da equipe – que nem sempre pode contar com Al Horford e Robert Williams III saudáveis – além das dificuldades enfrentadas por Brown e Tatum durante as finais de conferência contra Miami (sem mencionar as mesmas dificuldades enfrentadas pelos mesmos jogadores um ano antes, na derrota nas finais da NBA contra os Warriors de Andrew Wiggins e Stephen Curry).

É aí que entra Kristaps Porzingis.

Jogador de talento incontestável, o letão chegou à NBA como a quarta escolha do draft de 2015, coberto por vaias e frustração por parte da torcida dos Knicks. Entretanto, ele rapidamente provou seu valor, demonstrando ser um grande jogador não apenas no tamanho, considerando seus 2,21m de altura, mas basicamente atuando como um coringa, servindo bem à defesa, espaçando a quadra, chutando de média e longa distância, e logicamente, atacando o garrafão. Seus números impressionantes foram suficientes para que fosse escolhido para a disputa do All-Star Game em 2018. Infelizmente, quando nada parecia poder impedir sua ascensão, o jogador sofreu uma ruptura de ligamento cruzado anterior no joelho esquerdo e teve de passar por uma cirurgia que o afastou do jogo das estrelas e das quadras por uma temporada inteira.

Cercado de dúvidas, Porzingis retornou às quadras ao fim de 2019, já vestindo as cores dos Mavericks de Dallas. Em sua volta, formou dupla com Luka Doncic e fez as primeiras aparições em Playoffs de sua carreira. No terceiro jogo da série contra o Los Angeles Clippers, Kristaps lesionou o menisco lateral, retornando apenas na temporada seguinte. No período junto aos Mavs, acumulou médias de 20 pontos, 8.8 rebotes e 1.8 assistências ao longo de 134 partidas, além de aproveitamento de 44.8 | 34.5 | 83.1 nos arremessos. Dificuldades de adaptação ao estilo de jogo de Rick Carlisle, rendimento abaixo do esperado nos playoffs e contusões de menor gravidade causaram desgaste e, inevitavelmente, sua saída da equipe.

Trocado para Washington perto do final da temporada 2021-22 e após anos de desconfiança, Porzingis rapidamente se adaptou ao estilo de jogo de sua nova equipe e conseguiu bons números já em seas primeiras partidas. E não para por aí, 2022-23 consagrou a melhor temporada de sua carreira, com médias de 23.2 pontos, 8.4 rebotes e 2.7 assistências, além de aproveitamento de 49.8 | 38.5 | 85.1 nos arremessos em 65 aparições (melhor marca desde a temporada 2016-17). Nesse contexto, não seria surpresa alguma vê-lo figurar entre os tantos rumores de pós-temporada da NBA. Dito e feito. Seus números despertaram o interesse de Boston e sua troca fora sacramentada em meados de junho.

Apelidado por Kevin Durant, o “unicórnio” logo passou a fazer sentido no imaginário celta, servindo como peça-chave para o encaixe da equipe, podendo oferecer boa cobertura e proteção na parte defensiva e um leque de alternativas para o ataque, principalmente quando se fala em atrair a marcação e abrir espaço para as rápidas investidas de Jaylen Brown e Jayson Tatum. É impossível negar seu vasto repertório, que conta com ótimas médias em chutes de média e longa distância. Caiu na armadilha? Bola no Porzingis e mais três pontos na conta.

Suas habilidades cairão como uma luva para a equipe comandada por Joe Mazzulla, logicamente, se a sua saúde permitir.

“Claro, meu corpo é peculiar, tenho 2,21 metros de altura – você conhece a maneira como eu me movo”, disse ele, via The Washington Post. “Mas as lesões que tive foram lesões por contato, as duas principais – o ligamento cruzado anterior (ACL) e o menisco. Portanto, isso é algo que você não pode realmente evitar. Pode acontecer, e aconteceu comigo. Eu não tive muita sorte nesse sentido.”

Recentemente, cerca de dez dias antes do início da Copa do Mundo de Basquete FIBA, realizada na China, Porzingis foi diagnosticado com fascite plantar no pé direito. Ele participará de um programa de reabilitação de quatro a seis semanas e deverá ser liberado para os treinos junto aos seus novos colegas por volta do final de setembro. Com o primeiro confronto da temporada regular marcado para 25 de outubro, contra os Knicks em Nova Iorque, Porzingis terá aproximadamente um mês para se recuperar, entrar em forma e ficar à disposição de Joe Mazzulla para o início da campanha. Considerando a lesão como leve, sem a necessidade de um longo período de recuperação, é possível imaginar que sua presença seja confirmada para os jogos de pré-temporada, cinco ótimas oportunidades para visualizar seu desempenho em quadra e avaliar – baseado nos jogos e não apenas em seu retrospecto ou em especulações – qual versão do habilidoso jogador veremos em ação.

“Quero vir aqui para facilitar a vida desses caras. Espero que com meu conjunto de habilidades e meu talento eu possa tirar um pouco da pressão desses caras, e é isso. Vim aqui para tentar melhorar esse time. Estou animado para jogar com caras de alto nível que estão lá ano após ano e já têm essa experiência. Acho que pode ser uma ótima combinação.”

Grandes expectativas sempre andarão de mãos dadas com grandes jogadores e/ou jogadores com grande potencial. No caso do novo camisa 8 de Boston, uma grande franquia, senão a maior, logicamente, as expectativas não serão grandes e sim, enormes.

Por Vicente Kresiak

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Respostas de 3

  1. Acho que em teoria, ficamos mais fortes com o Letão. Vai realmente depender do quanto ele consegue ficar saudável. Ganhamos uma melhor proteção de aro e ficamos com mais opções no ataque, principalmente pra não dependermos tanto do isolation de Tatum e Brown nos momentos decisivos.

    Tenho uma opinião dividida sobre a negociação de Smart nesse processo. Por um lado, é um atleta brigador, bom defensor e vocalizador em quadra. por outro lado, fazia a mesma função que White desempenha no elenco, só que White tem melhor passe e é mais barato. A renovação do contrato do Smart sairia muito caro ao Boston. Não me levem a mal, gosto do Smart, li sobre sua história e o admiro mais ainda. Torcerei sempre por ele em qualque franquia que ele vá! Mas torco em primeiro lugar para o Celtão e quero o melhor para a franquia. Ao meu ver, acertaram na negociação. Vmos ver como vai ficar essa questão das lesões.

    1. Concordo Marcos! Acho que dentro do contexto, algumas coisa às vezes não saem exatamente da forma como imaginamos. A troca inicialmente incluiria Malcolm Brogdon, que estava (mas não estava) lesionado. Diante da oportunidade, sobrou para o pior desempenho entre ele e Smart. Acho que o Smart tem tudo para conseguir repetir a façanha de se tornar defensor do ano, é um cara obstinado, porém, nessa última temporada deixou muito a desejar. Stevens certamente pensou como muito de nós pensamos, essa equipe estava precisando de uma chacoalhada. Essa foi a deixa para buscar Kristaps Porzingis. Lesão por lesão sou mais o letão que defende e pontua do que o nosso Robertão que apesar de todo potencial, joga poucos jogos e é sempre uma incógnita.

  2. Em comentários anteriores eu demonstrei preocupação com a substituição do AH.

    Por conta das limitações físicas relacionadas à idade, tínhamos a necessidade de uma reposição.

    Ela chegou.

    Nos custou Smart.

    Obviamente não foi com esse pensamento que Stevens agiu.

    Algumas redundâncias na equipe estavam evidentes e as carências idem.

    Stevens agiu com base nisso.

    Gosto do jogo do letão.

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