A chave para a boa fase celta: o small line-up

Em uma de suas vitórias mais emocionantes e memoráveis, dos últimos anos, o Boston Celtics foi até Cleveland, e não tomou conhecimento do atual campeão da Conferência Leste, ao derrotar o Cavaliers por 104×103, no estouro do cronômetro.

Como o placar sugere, o jogo foi sofrido até o fim. Logo após o duelo, o treinador Brad Stevens disse que o Cavaliers o ”obrigou” a usar mais um time de formação menor em quadra (famoso small line-up), o que o impediu de contar com Amir Johnson nos momentos derradeiros da partida.

No entanto, há males que vêm para o bem. E esta mudança é um desses casos.

Momentos após Kevin Love ter saído do jogo, devido a uma lesão na perna, o Cavaliers decidiu abraçar o small line-up, ao deslocar LeBron James para a posição 4 e revezar Tristán Thompson e Timofey Mozgov na 5.

A equipe de Boston respondeu na mesma dose, ao contar com apenas 1 big man em quadra, e revezar Jae Crowder e Jonas Jerebko como alas-pivôs.

O jogo de ontem pode ser dividido em 2 momentos: o primeiro é aquele que contou com os times em suas formações tradicionais; o segundo é quando decidiram utilizar o small line-up.

O primeiro momento (com formação tradicional) durou 22 minutos da partida. Ou seja, nessa fase, ambos os times contaram com 2 big men em quadra. O Celtics, em uma média, saiu derrotado por 7.7 pontos a cada 100 posses de bola.

Por outro lado, nos 26 minutos restantes, no qual o jogo foi duelado por small line-up’s, o Celtics bateu o Cavaliers por 14 pontos, a cada 100 posses de bola.

A seguir, uma tabela que ilustra bem o rendimento celta, quando atuou com sua formação menor no épico confronto de ontem:

Formação Minutos Offensive Rating Defensive Rating Saldo de Pontos eFG% REB%
Tradicional 21.9 92 99.7 -7.7 42.3% 43.4%
Small 26.1 109 95 +14 51.0% 60.1%

Se expandirmos a análise para toda a temporada de 2015/2016, notaremos que o Celtics vence seus adversários por 16.9 pontos, a cada 100 posses de bola, quando faz uso de sua small line-up. Esse saldo de pontos só confirma o que a torcida celta já sabe há tempos: que quando o maior campeão da NBA está com sua formação menor, o adversário vai sofrer em quadra.

Mas por que dessa mudança brusca de rendimento? Vamos cogitar algumas razões.

Quando está com sua formação menor, o Celtics é capaz de ajustar sua marcação freneticamente, já que conta com versáteis defensores em seu elenco, tais como Crowder, Jerebbko, Bradley e Smart. Segundo, porque a small line-up permite que o Celtics espace mais a quadra e, consequentemente, crie espaços, o que ajuda, e muito, os seus condutores de bola a serem letais.

Na partida de ontem, o, agora, All-Star Isaiah Thomas sofreu durante boa parte do jogo, ao encarar uma defesa bem postada do adversário, que protegia seu garrafão com unhas e dentes. Todavia, bastou o Celtics utilizar mais o small line-up, que Thomas foi capaz de infiltrar e cavar faltas. Prova disso é que o camisa 4 de Boston marcou 12, de seus 22 pontos, no último período, quando as equipes estavam com suas formações menores.

Outro grande beneficiário do small line-up celta, é o polivalente Evan Turner, que marcou todos os seus 9 pontos, no último período, através de infiltrações. O camisa 11, diga-se de passagem, foi um dos melhores celtas no jogo de ontem, ao terminar o confronto com 19 pontos, 12 rebotes e 6 assistências.

Entretanto, o small line-up também causou problemas ao Celtics, em Cleveland. Afinal, o Cavaliers foi capaz de tirar a diferença celta e abrir 103×99, e ficou a poucos segundos de conquistar mais uma vitória em 2015/2016. Não o fez, porque o manto celta gritou mais alto e a equipe de Boston conseguiu uma recuperação miraculosa.

O grande obstáculo enfrentado pelo small line-up celta, contra a equipe de Ohio, foi não conseguir criar meios de parar LeBron James. O pivô reserva Tyler Zeller contribuiu ofensivamente, ao marcar 16 pontos em apenas 20 minutos de aparição, mas não conseguiu conter o pick-and-roll do adversário. Claro, todos sabemos que é muito difícil parar o astro LeBron James, mas caso o Celtics contasse com Amir Johnson ou uma formação mais tradicional, fatalmente o camisa 23 de Cleveland encontraria maiores dificuldades no último período.

No final das contas, o Boston Celtics conquistou sua 30ª vitória em 2015/2016, e o pivô Tyler Zeller resumiu a boa fase celta na seguinte frase:

“Nós estamos com fome. Queremos alçar voos maiores. Temos mais 30 jogos a nossa frente, e vamos tirar lições do que fizemos hoje, dos acertos e dos erros. Nosso objetivo é ficar um time mais forte e coeso. Vamos chegar lá”.

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Respostas de 6

  1. Excelente matéria rômulo.Como ja disse na postagem anterior,esse foi meu jogo preferido da temporada.Pra mim,Brad Stevens merece o premio de melhor tecnico da temporada não acham?

  2. òtima matéria, o small ball é uma tendência devido quantidade de bigs que não sabe passar a bola e perde lance livre em profusão, além pelas suas limitações atrapalhar no espaçamento do time diminuindo a chance de outros jogadores receberem a bola livre.

  3. Temos dificuldade na área pintada, o que não é segredo para ninguém. Então, usar a formação small foi uma alternativa, que se tornou uma arma. De toda a maneira, não podemos focar o jogo em única formação. Até o dia 18 espero mudanças no garrafão. Que o DA consiga convencer as pessoas certas! Se não tiver sucesso, uma opção excêntrica: mandemos uma ou duas picks de segunda rodada (valem pouco mesmo e nem temos espaço para tante gente) e peguemos o Boban do Spurs. É limitado, mas um C de ofício, que pega alguns rebotes e briga na tábua. Perdemos pouco.

    1. Não acho que o Spurs o mandaria por tao pouco.Talvez por uma pick de primeiro round,pois Boban está ganhando mais espaço.Outra opçao seria envolvermos o Spurs em uma troca a três com o raptors para recebermos o boban e mandarmos o Lee pro raptors.

  4. David, ótima ideia. O Lee aqui, nada. Os Raptors o querem. Então, boa. O Tim Duncan está voltando, então acredito que seja viável. Certamente o Boban não é o sonho de consumo. Mas defende o aro e briga na tábua. É o que queremos. Também diversifica o jogo. Teremos uma opção no garrafão que, senão pelo primor técnico, pelo físico será marcado, abrindo um pouco de espaço ao nosso bom jogo de perímetro.

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