Quando Kevin McHale chegou a Boston, ele não veio sozinho. O então GM, Red Auerbach, realizou uma das maiores negociações da história da NBA, ao adquirir a 3ª escolha geral do 1980 NBA Draft (que veio a ser convertida em McHale), e o pivô de 2,13m, Robert Parish. Em troca, tudo que Auerbach teve de abrir mão, foram as escolhas de números 1 e 13, do mesmo 1980 NBA Draft. Ambas as escolhas foram gastas em jogadores que acabaram tornando-se busts na NBA: Joe Barry Carroll e Rickey Brown, respectivamente.
Draft | 1980 (escolhido pelo Boston Celtics com a 3ª escolha) |
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Nascimento | 19 de Dezembro de 1957 |
Altura | 2,08 metros (6’8”) |
Posição | Ala-Pivô |
Camisa | 32 |
E assim nasceu o primeiro Big 3 da história do Boston Celtics, formado por Bird, McHale e Parish. Os 3, juntos, formaram, o que é considerado, o melhor frontline da história da NBA.
Bird e Parish já eram realidades, desde seus primeiros momentos, na NBA, mas McHale precisou de alguns anos para criar seu legado. Apesar do Celtics ter ganho o título em sua primeira temporada profissional (1980/1981), o impacto do camisa 32 foi relativamente pequeno. Seus modestos números de 10.0 pontos e 4.4 rebotes, por jogo, como calouro, não foram de encher os olhos. Entretanto, seriam muito em breve.
Nas 6 temporadas posteriores, McHale aumentou, ano a ano, sua média de pontos, atingindo o clímax em 1986/1987, ao ter 26.1 pontos, por jogo, na temporada citada. Essa foi a maior média de pontos de sua carreira. McHale era muito mais do que pontuador imparável, já que também era um consistente pegador de rebotes, tendo a média de 9.9 rebotes, por jogo, também em 86/87, como a maior média de sua carreira. Sua média de rebotes, ao final da carreira, é de 7.3 rebotes, por jogo.
Após a temporada 1982/1983, o contrato, de calouro, de Kevin McHale acabou. O New York Knicks não perdeu tempo e fez uma proposta ousada para fechar com o agente livre restrito do Celtics. Como resposta, o GM Auerbach também assinou com 3 dos principais agentes livres restritos do Knicks. O Knicks, com medo de enfraquecer seu elenco, preferiu cobrir as ofertas de Boston e abriu mão de fechar com McHale. O camisa 32 acabou reassinando com o Celtics, e seu novo salário de US$ 1 milhão, por temporada, o fez ser o quarto jogador, à época, mais bem pago da NBA.
De contrato renovado, McHale fez questão de mostrar, logo na temporada seguinte (83/84), que o Celtics acertou ao lutar por sua permanência. Nessa temporada, McHale venceu o primeiro prêmio, de seus 2, de melhor sexto homem da NBA. Na mesma temporada, o Celtics venceu incríveis 62 jogos. Sob o comando de um novo treinador (o ídolo do Celtics, KC Jones), e com a vinda do armador Dennis Johnson, o Celtics disparou rumo à conquista de seu 15º título.
McHale continuou vindo do banco, durante a primeira metade da temporada de 1984/1985. Contudo, foi transferido para o quinteto titular em Fevereiro de 1985, após, o então titular, Cedric Maxwell sofrer uma lesão no joelho. Em 3 de Março, daquele ano, contra o Detroit Pistons, McHale teve a maior pontuação de sua carreira, em um jogo, ao marcar 56 pontos. Essa pontuação quebrou o recorde, da franquia, de mais pontos em um único jogo. 2 dias depois, McHale marcou 42 pontos contra o Knicks. Essas 2 partidas foram as únicas, na carreira do camisa 32, em que o mesmo ultrapassou a barreira dos 40 pontos em um jogo. Os 98 pontos marcados, nesses 2 jogos, permanecem como a maior pontuação, de um jogador do Celtics, em duas partidas consecutivas. Válido lembrar que, apenas após 9 dias de McHale marcar 56 pontos, e quebrar o recorde de pontos, do Celtics, Larry Bird estabeleceu um novo recorde de pontuação, ao marcar incríveis 60 pontos contra o Atlanta Hawks.
Como é de conhecimento dos torcedores,é tradição que os ídolos celtas permaneçam na franquia por anos afinco. Com McHale, essa regra não teve exceção. O ala-pivô jogou, por toda sua carreira, de 13 anos como profissional, pelo Boston Celtics. Nesse intervalo de tempo, McHale conquistou 3 títulos pelo Celtics e foi selecionado 7 vezes para o All-Star. Como já dito, foi o principal reserva do time, durante suas primeiras 5 temporadas, e venceu o prêmio de melhor sexto homem da liga, por 2 vezes nesse intervalo de tempo (em 83/84 e em 84/85).
A partir de sua sétima temporada, McHale aprimorou, ainda mais, seu jogo no garrafão, tornando-se um dos jogadores mais dominantes, na área pintada da quadra. Na temporada 1986/1987, como narrado acima, McHale estabeleceu as maiores médias, de sua carreira, em pontos (26.1) e rebotes (9.9). Porém, o camisa 32 foi além naquela season. O ala-pivô tornou-se o primeiro jogador, na história da NBA, a acertar 60%, ou mais, de seus arremessos de quadra (acertou 60.4%), bem como a acertar 80%, ou mais, da linha do lance-livre (acertou 83.6%), na mesma temporada. McHale foi selecionado para o All-NBA First Team, foi membro do primeiro time de defesa da liga, e terminou como quarto mais votado para receber o prêmio de MVP, só ficando atrás do trio de ouro da história da NBA: Magic Johnson, Michael Jordan e Larry Bird. Foi a melhor temporada da carreira de Kevin McHale.
O ala-pivô era tão dominante, na quadra ofensiva, que uma vez, chegou a dizer que, quando saudável, sempre sentia-se capaz de pontuar quando e como bem entendesse. ”Quando a bola chegava no garrafão, que chamo de ”zona da tortura”, eu sabia que era comigo e que eu iria resolver”, disse McHale.
O seu companheiro de time, e atual GM celta, Danny Ainge, uma vez chamou McHale de ”O Buraco Negro do garrafão”. A brincadeira se deve ao fato de que quando a bola era passada para o camisa 32, a mesma não era passada, visto que o ala-pivô raramente a devolvia para os jogadores de perímetro. Entretanto, vale registrar que, em uma vitória sobre o Dallas Mavericks, ocorrida em 03/04/1988, McHale exerceu o papel de passador, distribuindo 10 assistências (o maior número de assistências, do jogador, em uma única partida).
Para reforçar o impacto do ídolo celta, o também ala-pivô Charles Barkley, classificou Kevin McHale como o melhor jogador que já enfrentou, no garrafão, dizendo que o camisa 32 era imparável no ataque, o que chegou a dar pesadelos a Sir Charles.
O desempenho ofensivo de McHale caiu, consideravelmente, durante suas 2 últimas temporadas. Nessas seasons, o ala-pivô teve de lidar com lesões na perna e nas costas. Tais lesões o forçaram a aposentar-se depois de apenas 13 temporadas disputadas, fazendo com que sua brilhante carreira fosse encerrada muito antes do que seria, caso estivesse saudável por mais tempo.
Embora a carreira do camisa 32 tenha sido encerrada, precocemente, pelas lesões, McHale construiu uma história que poucos podem igualar. Seu talento, nas quadras, o fez ser selecionado como um dos 50 melhores jogadores da história da NBA. Essa lista foi elaborada pela própria liga, no aniversário de 50 anos da NBA, em 1996.
O Celtics aposentou sua camisa número 32, em 30/01/1994. O ala-pivô também foi eleito para ser membro do Hall of Fame em 1999, ou seja, no primeiro ano em que era elegível. Kevin McHale ainda é lembrado e visto como um dos mais talentosos e efetivos jogadores de garrafão da história da NBA.
Em 971 jogos, de temporada regular, disputados, o ala-pivô encerrou sua carreira, com as médias de 17.9 pontos e 7.3 rebotes, por jogo. Já nos Playoffs, disputou 169 partidas, tendo os números de 18.8 pontos e 7.4 rebotes, por jogo. Incrível.
Apesar de sua carreira, como jogador, ter sido curta, McHale continuou sua história com o basquete. O ídolo celta foi contratado, em 1994, pelo Minnesota Timberwolves, para ser o GM auxiliar da franquia. Já em 1995, McHale assumiu o posto de vice-presidente de operações da franquia. O eterno camisa 32 de Boston, nascido em Minnesota, rapidamente mostrou serviço, tendo como ápices a escolha de Kevin Garnett, no 1995 NBA Draft, e a contratação de Flip Saunders, para o cargo de treinador.
Como os torcedores celtas se lembram, há poucos anos, McHale acabou sendo, mais uma vez, decisivo para a história da franquia. Isso porque, em 2007, McHale exerceu um papel fundamental, como homem-chefe do Timberwolves, na mega troca que enviou Kevin Garnett para Boston. Graças a essa negociação, que enviou 5 jogadores mais picks, para o Timberwolves, o Celtics foi capaz de perseguir e conquistar seu 17º título, em 2008, encerrando um incômodo jejum de 22 anos.
McHale continuou exercendo o cargo de vice-presidente de operações, em Minnesota, mas também passou a acumular a função de treinador da franquia. A dupla-função durou até o fim da temporada de 2008/2009. Depois da era em Minnesota, McHale trabalhou como comentarista para a TNT e para a NBA TV. Exerceu tal função por 2 temporadas. Após essa fase, foi contratado, em 1º/06/2011, para ser o treinador do Houston Rockets, cargo que ocupa desde então.
Abaixo, os números e feitos de Kevin McHale:
3 vezes campeão da NBA (1981; 1984; e 1986) |
2 vezes Vencedor do prêmio de Melhor Sexto Homem da Temporada (1983/1984 e 1984/1985) |
Camisa número 32 aposentada pelo Celtics em sua homenagem |
7 vezes selecionado para o NBA All-Star (1984; 1986-1991) |
Membro eleito para All-NBA First Team (1987) |
3 vezes eleito para o NBA All-Defensive First Team (1986-1988) |
Jogador eleito para o Hall of Fame |
Membro do time formado pela NBA, no aniversário de 50 anos da liga |
Camisa número 44 aposentada pela Universidade de Minnesota em sua homenagem |
Médias da Carreira (1980-1993)
Minutos | Pts | Reb | Ast | Stl | Blk | FG | 3Pts | FT |
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31.0 min | 17.9 | 7.3 | 1.7 | 0.4 | 1.7 | 55.4% | 26.1% | 79.8% |
Respostas de 8
pesadelo dos adversários …. monstro
um grande idolo celta…e muito bem visto entre os jogadores…
‘The association boston celtics’ documentario da espn sobre a temporada 2011 do celtics, passando agora no canal sports+ 28 da sky.
Passou ontem à noite também. Sensacional.
Auerbach oq esse cara n foi pro nosso time. #idolo
Sensacional Rômulo…
Essas matérias só nos enche de mais orgulho desses jogadores Celtas que fizeram história com essa camisa sagrada!
Muito bom mesmo!
Era a época da técnica e não da força.
Época de ouro da NBA, na minha opinião.