Luke Kornector: A arte de espaçar

O grandalhão do Celtics não é um “3 and D”, mas seu impacto no espaçamento ofensivo é inegável. Por meio de passes inteligentes, bloqueios oportunos e movimentação constante, Kornet mantém a defesa se movimentando e abre oportunidades de pontuação para seus companheiros de equipe.

Chegamos a um certo ponto na evolução do basquete em que começamos a pensar que um jogador que não consegue arremessar de três tem um impacto negativo para o time. Enquanto o CLT precisa aprender a usar IA, o jogador de basquete contemporâneo precisa aprender a arremessar… Entretanto, Luke desempenha um papel extremamente cirúrgico e preciso no momento ofensivo da equipe Celta, pois além de gerar o espaçamento natural o grandalhão “amplifica” esse espaçamento garantindo pick-and-rolls para o restante do time. Esses tipos de jogadores são chamados de “conectores”, e Luke Kornet é exímio nisso.

Prazer, Luke Kornector

Vamos analisar uma jogada passo a passo para entender por que Luke Kornet “conecta”, mas não cria e porque isso continua sendo muito importante e factível mesmo sem ser uma ameaça de arremesso. A jogada abaixo é um pick-and-roll alto. “Alto” ​​porque ela surge desde o centro da quadra, e “pick-and-roll” porque, bem, Luke define um pick e roll para a cesta. À primeira vista, antes que o pick ocorra, nenhuma lacuna ou espaço é criado, e temos uma situação de cinco contra cinco.

No jogo contra os Sixers por exemplo em que Jayson Tatum terminou com 35 pontos, Philadelphia dobra a marcação para forçá-lo a abrir mão da bola. Graças a isso, uma lacuna é criada, sendo assim os Celtas têm uma vantagem: espaço. Atrás dos dois defensores em Tatum, há uma situação de quatro contra três que um “conector” como Kornet pode explorar.

Agora, como a defesa sempre reage a tal situação, o espaço está constantemente mudando. Os defensores agem como ímãs. Então, mesmo que Luke Kornet não seja uma grande ameaça de pontuação, Yabusele se move até ele, levando à ajuda dos cantos para fechar o acesso ao aro.

No entanto, tão rápido quanto os defensores se movem, a transição é ainda mais rápida graças a um “conector” como Kornet. O pivô do Celtics se destaca em encontrar um companheiro wide open, mesmo em espaços apertados. Aqui, ele joga rápido para levar Derrick White pronto para dunkar. Mas observe que se D-White tivesse sido coberto, Kornet teria encontrado Payton Pritchard no canto.

De fato, 64% das assistências de Luke Kornet resultam em cestas de três pontos, mostrando que ele também consegue encontrar jogadores livres não só dentro do garrafão.

Luke Kornet sempre foi um jogador com tendência a passes. No entanto, nesta temporada, seus passes têm sido de elite entre os grandes pivôs da NBA. Sua taxa de criação de jogadas tem estado acima dos 90%  durante toda a temporada.

Mais do que uma melhora individual, isso demonstra uma clara intenção da comissão técnica de envolver mais Kornet na criação ofensiva, alavancando sua habilidade de passe e visão de quadra como um “conector”. Para entender melhor como o pivô de 2,16 é usado no ataque nesta temporada, vamos examinar algumas das jogadas que a comissão técnica executa com ele.

Playbook com Luke

Aqui está a jogada mais básica envolvendo Luke Kornet: o pick-and-roll. O objetivo dessa abordagem é dar a Jayson Tatum uma opção de passe fácil quando as defesas o pressionam com cobertura agressiva. Apesar de não ser um arremessador, Luke Kornet cria um caos no perímetro com a bola nas mãos.

Contra Denver Hauser encontra Kornet no roll, e Kornet dá outra bela assistência para Horford apenas dunkar.

Como podemos ver, Kornet pode ser usado longe do garrafão com a bola nas mãos. Outro design ofensivo que explora seus passes e visão de quadra nesse exemplo: Kornet recebe a bola e age como um quarterback, esperando por uma janela para “conectar” o passe.

O que o torna especial é sua habilidade de adaptação. No exemplo a seguir, Kornet dribla em direção a Jaylen Brown para iniciar uma nova ação: um side handoff. Isso cria espaço por causa da cobertura defensiva agressiva dos Clippers, e no short roll Kornet encontra White aberto para arremessar.

Como Kornet consegue lidar com a bola e ler jogadas, os Celtas também o integram às ações Zoom. Zoom é um movimento básico em que um jogador sem bola corre de um lado para o da bola e passa por dois screens; um screen inicial sem bola seguido por um screen escondido dentro de um handoff. Como Kornet é um bom bloqueador, esse segundo screen gera lacunas, permitindo que ele encontre um homem aberto.

Sua disposição para compartilhar a bola também é valiosa na posição de post-up. Quando ele posta para cima, os jogadores do Celtics sabem que podem se mover e potencialmente ser encontrados por Kornet se ficarem abertos. Como resultado, quando ele está no post, o Celtics começam a executar ações sem bola, criando uma confusão na defesa adversária gerando arremessos fáceis.

Uma última ação que vale destacar é a ação Gator, uma jogada frequentemente usada pelo Florida Gators com Al Horford e Joakim Noah na época da NCAA. Esta jogada demonstra que Kornet pode ser usado ofensivamente ao lado de outro big man. Em vez de passar diretamente para o roll man, o ball-handler a envia para outro big na cabeça do garrafão, que então encontra o roll man de um ângulo diferente.

Luke Kornet pode ser impactante no perímetro e manter o ataque fluindo. Quando ele está em quadra, a frequência e a precisão do Celtics não diminuem, um forte indicador de que ele não atrapalha o espaçamento deles. Melhor ainda, quando Kornet joga, o Celtics pega um rebote ofensivo de um em cada três arremessos perdidos, o que também leva a novas tentativas de pontuar.

Sua capacidade de gerar oportunidades extras por meio de rebotes ofensivos, passes do perímetro e criação de espaços com bloqueios produz uma pressão significativa no aro para os Celtas, confirmando a crença inicial de que Luke Kornet fornece espaçamento sem arremessar.

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