A franquia marchou para outro título em 1960-61. O elenco era basicamente o mesmo, apesar de Bill Sharman ter menos tempo enquanto Sam Jones ganhava mais minutos como titular. K. C. Jones ganhou o prêmio de sexto homem do Celtics. Assim, os resultados foram praticamente idênticos à temporada anterior, com o time conquistando 57 vitórias, fora os playoffs.
Bill Sharman
Pessoas próximas a Bill Sharman chamavam-no de Willie, um termo carinhoso que não descrevia adequadamente a tenacidade do armador de 6’-1’’de altura. A reputação dele é de um dos melhores ‘chutadores’ nos primeiros anos da liga – e isso, meus amigos, também é impróprio.
Shooters são considerados especialistas, homens que demonstram habilidade no perímetro, onde eles têm seus arremessos belos e livres de marcação, que convertem quase sempre, enquanto jogadores normais provavelmente errariam. Em outras palavras, ‘chutadores’ jogam suavemente.
Não havia nada suave no jogo de Sharman. Ele era uma raridade, porque era não só um ótimo arremessador de perímetro, como também um aguerrido defensor. Bob Cousy sempre se considerava possuidor do maior instinto assassino no basquetebol – até ele conhecer Willie. “Bill se igualava a mim”, admitia o armador.
O Boston Celtics tinha um esquema de jogo mais frouxo, o qual permitia aos seus atletas que desempenhassem suas capacidades com poucas restrições atrapalhando-os. Red Auerbach foi único entre todos os treinadores e, por isso, percebeu o que precisava para vencer: quando se tem jogadores talentosos, o técnico arma o time em função das qualidades do elenco. Boston tinha seis jogadas básicas e três variações de cada uma delas, o que dava 18 diferentes opções de chamada. O Celtics confiava muito mais no improviso e nas situações incomuns dentro das partidas, porque seus atletas jogavam melhor assim.
“Sharman era perfeito para esse sistema porque ele era um cara que se movia constantemente na quadra”, disse Cousy. Os outros jogadores da liga odiavam ter de marcá-lo porque ele corria continuamente. “Ele se movia em um círculo, e eventualmente ficava livre”, continuou Bob. “Eu quase sempre sabia onde ele estaria antes mesmo de ele chegar lá”.
Na maior parte das vezes, ele circulava a quadra e emergia no lado enfraquecido da defesa, ao passo que esta entrava em colapso, deixando-o livre para o arremesso. Sharman era rápido para ‘chutar’ também, liberando a bola por cima de seus ombros. “Ele era um homem com técnica apuradíssima em termos de mecânica de arremesso”, afirmou Cousy. “Ele nunca tentava um chute de baixo aproveitamento”.
Essa mecânica também servia a Willie na linha de lances livres. Por oito temporadas ele liderou a liga em aproveitamento da linha em questão. Por outros quatro anos (1956~59) ele liderou o Celtics na pontuação. Entretanto, passou esse papel para Tom Heinsohn em 1960 e 1961, apesar de manter sua média acima de 15 pontos por jogo.
Celtics e as mudanças sutis no elenco
Porém, a cada temporada que se sucedia, Sam Jones se tornava um fator ainda mais importante vindo do banco. Em 1961, Sharman já tinha alcançado a idade de 35 e jogado por 11 anos na liga. A oportunidade de treinar a franquia recém-criada de Los Angeles na American Basketball Association (a.k.a. ABA – à época concorrente da NBA) acabou se tornando evidente para ele. Bill sabia que fazia todo o sentido se aposentar, mas era uma decisão muito delicada.
O Celtics deu mais uma vitória a Sharman naquela primavera de 1961. O time havia se saído vencedor em 57 jogos na temporada regular, 11 a mais que Wilt Chamberlain e Filadélfia. O elenco celta tinha mudado bem pouco, apenas com a adição do novato Tom “Satch” Sanders, um forward defensor e reboteiro de 6’-6’’ que veio direto da Universidade de New York e se adequou perfeitamente ao sistema de Auerbach.
Com todos os jogadores em boas condições físicas, Boston atropelou o Syracuse Nationals nas finais (que duraram 5 jogos) da Divisão Leste e esperavam seus oponentes para decidir o campeonato.
Hawks de novo?!
O St. Louis Hawks novamente dominou o Oeste, embora Ben Kerner tivesse trocado de treinador mais uma vez. O dono da franquia de Missouri contratara Paul Seymour, ex-treinador de Syracuse, ainda em fins da temporada anterior, e não avisou Ed Macauley antes do término dos playoffs.
Macauley disse depois que ele preferia ter permanecido como treinador, mas aceitou a promoção para gerente geral. Seymour pretendia que o time corresse um pouco mais, e o Hawks finalmente tinha um modelo para esse papel: o armador novato Lenny Wilkens, recém-draftado de Providence College.
A princípio, os veteranos no elenco foram frios com Wilkens, mas perceberam depois quão bem o rookie podia conduzir aquela franquia em quadra. Bob Pettit teve, em média, 27.9 pontos por jogo, ao passo que Cliff Hagan e Clyde Lovellette marcavam perto de 22 tentos por partida.
Finais de 1961: Celtics reafirma a supremacia
O Hawks talvez tivesse se apresentado em melhor forma na decisão do campeonato se não houvesse se encrencado naquela série eletrizante contra Los Angeles, nas finais da Divisão Oeste. Elgin Baylor e o novato Jerry West tinham enrolado a franquia de St. Louis num conjunto de sete jogos penosos, mas não resistiram ao poderio de seu rival.
O Hawks chegou ao Boston Garden em 2 de Abril, tendo completado a série contra os californianos na noite anterior, em St. Louis. Como esperado, foi um massacre por parte do Celtics: 129-95. A franquia de Missouri melhorou um pouco no jogo 2, mas não o suficiente: 116-108.
A única vitória conseguida por Seymour e Cia. veio no terceiro confronto: 124-120. Contudo, seguiu-se outra inevitável vitória do Celtics, logo na noite seguinte: 119-104. E, finalmente, o título veio à Boston após a partida 5, com o placar de 121-112, realizada no lendário Garden.
Era o terceiro título seguido do Celtics, e o quarto, se considerarmos um intervalo de 5 anos. Sharman certamente fez a parte dele, mas Sam Jones estava ansioso e à espera de sua chance.
Fontes: NBA Encyclopaedia e site oficial do Boston Celtics
Respostas de 3
Mto interessante a materia e mto bem feita
Parabens Sávio !!!
Excelente pesquisa e a matéria muito bem escrita! E sempre é bom conhecer mais da história da franquia mais vitoriosa da NBA!!!