O futuro do Boston Celtics é brilhante

Em poucas palavras, a temporada 2016-17 dos Celtics foi tão boa quanto qualquer fã de Boston poderia esperar. Mesmo terminando precocemente uma Final de Conferência, era senso comum que ninguém no Leste tinha força suficiente para vencer LeBron James. A série de Boston contra o Cavaliers teve lampejos de competitividade, mas, no final das contas, a vitória de Cleveland foi incontestável.

Apesar disso, não podemos ignorar o fato de que o Celtics foi uma das 4 melhores equipes da temporada. Depois de negociar Kevin Garnett e Paul Pierce no início da temporada 2013-14, e ganhar apenas 25 jogos naquele ano, chegar aos Playoffs por três anos consecutivos , com uma aparição em final de conferência deve ser considerada uma grande história de sucesso. A maioria das franquias em reconstrução, mesmo depois de 6 ou 7 anos de trabalho, não encontraram o sucesso que o Celtics vem conseguindo – e a parte mais empolgante disso é que ainda temos caminhos abertos para continuar nossa escalada até o topo.

Isaiah Thomas transformou-se em um dos melhores pontuadores da NBA. Al Horford é a única peça importante no elenco com mais de 30 anos, e seu conjunto de habilidades ainda deve permanecer em alto nível nos últimos três anos de seu contrato. Jae Crowder é o tipo de ala versátil que toda equipe precisa e está em um contrato de ótimo custo-benefício até 2020. Avery Bradley é um dos melhores ala-armadores da liga quando analisamos seu equilíbrio defensivo/ofensivo, e a profundidade do elenco provou-se sólida, inclusive nessa pós-temporada.

Brad Stevens já é um dos melhores treinadores da NBA, e seu esquema de jogo se mostra compatível com o que é preciso para ganhar jogos na NBA hoje em dia. Além disso, ele surge como uma das principais figuras na liga quando o assunto é carisma, tendo inclusive recebido elogios de jogadores do calibre de LeBron James, além é claro de seu próprio elenco. Isso não só influencia no excelente clima de vestiário, como também é capaz de atrair jogadores para Boston.

Em virtude do tesouro de ativos que o Celtics têm, a equipe tem sido (e continuará sendo) vinculada à todos os rumores por grandes jogadores no mercado. Boston terá a primeira escolha no Draft deste ano e tem outra pick desprotegida do Brooklyn Nets em 2018, escolha essa que é cotada para novamente cair dentro do Top 5. Além disso, eles têm uma tonelada de picks de segundo round, e as picks de primeiro round de Clippers e Grizzlies (ambas protegidas).

Para quem vê de fora, é fácil ficar frustrado com o fato de que o gerente de operações Danny Ainge não foi mais agressivo para trazer jogadores como Jimmy Butler, Paul George e DeMarcus Cousins nesta temporada. No entanto, se você adotar uma visão de longo prazo, fica mais fácil entender por que o Celtics deve ser extremamente cuidadosos antes de vender seu futuro para melhorar suas chances de títulos hoje.

Nos próximos cinco Drafts da NBA, Boston provavelmente terá escolhas em quatro loterias, mesmo que a equipe chegue aos Playoffs nessas temporadas. Para o próximo ano, isso significará um núcleo de Smart, Brown e provavelmente Markelle Fultz (ou quem o Celtics escolher) com Smart sendo, de longe, o jogador mais velho com apenas 23 anos de idade. Adicione ainda Terry Rozier e Kelly Olynyk como os outros jovens jogadores sólidos e na próxima temporada Boston novamente consegue apresentar uma das melhores perspectivas de elenco jovem da liga. São múltiplos jogadores em desenvolvimento, em uma equipe de final de Conferência!

À medida que fazemos as análises, o cenário fica cada vez mais animador. Mesclando jogadores de alto nível com jogadores de alto potencial, o Celtics pode formar um núcleo capaz de ganhar 50 jogos por temporada ao longo de um período de 10 anos. Essa é uma façanha muitíssimo rara na NBA moderna (méritos pro San Antonio Spurs). Para construir essa sonhada dinastia, é preciso assinar com um jogador top nesta offseason. Os nomes que certamente estão no topo da lista de Danny Ainge são Gordon Hayward e Blake Griffin. Adicionar um desses dois All-Stars sem perder nenhuma peça é incrível! Olha o poder que algumas boas trocas feitas podem proporcionar à uma franquia. Uma vez que o rendimento da equipe atual começa a diminuir, a próxima geração já estará bem preparada para continuar ganhando, sem sofrer com a queda natural da linha do tempo do elenco.

Com os US$ 12 milhões de Johnson aliviando a folha salarial e os US$ 8 milhões de Tyler Zeller sendo não-garantidos, Boston terá espaço suficiente para oferecer um contrato máximo e, em um cenário ideal, poderia por exemplo adicionar Hayward ou Griffin pela free agency e ainda conseguir Paul George ou Jimmy Butler via troca.

Independente de como o Celtics gastar seu dinheiro na próxima janela, e se eles serão capazes ou não de atrair outro All-Star, esta equipe vai começar a ficar cara depois de 2018. Olynyk já está previsto para um aumento como agente livre restrito, e em um ano, tanto Bradley quanto Thomas vão ser agentes livres irrestritos no mercado.

Thomas teve críticas ao longo de toda sua carreira, e sem nem ter chegado o momento de sua renovação contratual, ele já se depara com mais uma: será que ele merece um contrato por volta de US$35 milhões por temporada sendo um armador de baixa estatura, que depende de sua velocidade, em seus trinta e poucos anos? Bradley também está em uma situação semelhante do ponto de vista de idade e de contrato.

A estrutura de um contrato da NBA é um pouco estranha, e normalmente funciona (para os bons jogadores) de uma forma em que o terceiro contrato da carreira se estende aos 32 ou 33 anos, quando muitas vezes começam a parecer ruim nos anos finais pelo fato do jogador já não render como nos primeiros anos do contrato (embora há evidências de que isso esteja melhorando graças à melhor preparação física e avanços científicos do esporte). Realmente isso não há como evitar, e Boston terá que tomar decisões difíceis com ambos quando a hora chegar. Este momento será também, o mesmo em que Smart se tornará agente livre restrito e terá um aumento considerável em seu salário.

O lado positivo é que Boston atualmente não está preso à nenhum contrato ruim em seu cap e pode construir a maior parte de sua rotação de elenco com contratos relativamente baratos. Além disso, não devemos duvidar da capacidade de negociação e persuasão de Danny Ainge, que pode conseguir boas manobras com as renovações de Thomas, Bradley e Smart, mantendo flexibilidade na folha salarial, mesmo enquanto a equipe briga por títulos.

A temporada de Jaylen Brown não poderia passar em branco em um post que analisa o futuro da franquia. Se Brown tivesse sido recrutado por uma equipe ruim, ele certamente poderia ter anotado números maiores e jogado mais minutos. Mas estar em um ambiente vencedor pressionou Brown para um ponto onde ele percebeu que não iria jogar a menos que fosse para contribuir positivamente de imediato, e aos poucos ele foi descobrindo como fazer isso. Esta é uma daquelas pequenas coisas que a maioria dos fãs da NBA não percebe – ele foi parte de um ataque com movimentação de bola e adquiriu consistência defensiva. Brown demonstrou também uma excelente capacidade em finalizar jogadas, mesmo sob contato.

Da mesma forma, os jovens que chegarem através dos próximos Drafts, irão experimentar esse desafio e provavelmente se tornarão melhores jogadores coletivos.

Boston tem muitas maneiras de jogar suas cartas e pode escolher ser pró-ativo ou reativo no processo. Ainda estamos a alguns passos do patamar de Cavaliers e Warriors, mas o futuro é muito promissor, e paciência e inteligência são as chaves para conquistar o 18º banner.