O título do texto, que em uma tradução aproximada à língua portuguesa significa “Tudo que precisamos é Love?” faz referência à uma das mais famosas canções da célebre banda britânica The Beatles, “All you need is love”, que não por acaso é usada em campanhas de marketing que o Minnesota Timberwolves promove em torno de sua principal estrela, Kevin Love. Mas o questionamento que fica desta pequena introdução é a seguinte: Tudo que nós, celtas, precisamos é Kevin Love? Minha resposta estará fundamentada nos parágrafos seguintes.
Quais virtudes Kevin Love pode acrescentar ao time de Boston?
Kevin Love é um astro da NBA. Esteve por 3 vezes no jogo das estrelas da NBA em 2011, 2012 e 2014, foi 2 vezes escolhido para o segundo time ideal da liga em 2012 e 2014, foi escolhido o jogador de maior evolução em 2011, foi nomeado para o segundo time de calouros em 2009, entre tantas outras honrarias que já conquistou em seus pouco menos de 6 anos na liga. Love também fez parte da seleção americana campeã do Mundial de Basquete em 2010 na Turquia e medalha de ouro nas Olimpíadas de Londres em 2012.
Love é um grande reboteiro. Em 6 temporadas na liga, teve médias superiores a 10 rebotes por jogo em 5 delas, sendo que, em seu ano de calouro teve média de 9.1 rebotes por jogo. Em sua terceira temporada na liga, e a primeira como titular absoluto da posição de ala-pivô da equipe de Minneapolis, foi o líder da liga em rebotes, com média superior a 15 rebotes por jogo.
Sua habilidade em pegar rebotes é sensacional. Não é um jogador tão alto ou forte quanto seus rivais de garrafão, e mesmo tendo perdido 11kg durante a carreira na NBA, continua sendo um excelente reboteiro. Sua colocação no garrafão é excelente, faz bom uso de seu corpo nos outrebounds em jogadores adversários, salta muito bem e, principalmente, tem uma incrível habilidade de prever onde o rebote ocorrerá. Todas essas características combinadas tornam-no um dos maiores reboteiros da NBA atual.
O camisa 42 possui um vasto arsenal ofensivo. Kevin Love é um pontuador notável. Possui média de 19,2 pontos por jogo em sua carreira, com aproveitamento de arremessos de quadra na carreira acima de 45%, tendo feito mais de 26 pontos por jogo em 2 das últimas 3 temporadas. Além disso, Kevin Love possui características que o destacam entre os jogadores de garrafão, pois é um grande chutador de bolas de 3 pontos, tendo sido campeão do torneio de 3 pontos no final de semana das estrelas de 2012 e também é um bom chutador de lances livres, tendo médias de carreira acima dos 80%.
Mas suas qualidades ofensivas não se limitam apenas ao aproveitamento nos chutes de quadra. Love tem uma habilidade incrível de criar seus próprios arremessos e pontuar sem liberdade. Love pode ser usado em situações de pick-and-pop para chutar de longa distância, pick-and-roll para partir para um chute fácil próximo à cesta, isolation quando cria seus próprios arremessos, usando crossovers, stepbacks e fadeaways, geralmente em bolas de longa distância ou em post moves quando próximo à cesta envolve seu marcador para a marcação de uma bandeja ou gancho.
Abaixo veremos um gráfico que compara o aproveitamento de Kevin Love com o restante da liga, dadas as zonas de arremesso na quadra (Zonas em verde indicam aproveitamento superior que a média da liga; Zonas em amarelo indicam aproveitamento na média da liga; Zonas em vermelho indicam aproveitamento inferior a média da liga).
Love também possui grande correlação com o estilo de jogo de Rajon Rondo. Ele jogou 2 temporadas com um jogador de características muito semelhantes com Rondo, o espanhol Ricky Rubio. Ambos são armadores puros, jogadores que priorizam o passe a um companheiro desmarcado em detrimento de arremessos e pontuações próprias, e que não são grandes pontuadores e arremessadores. Rondo é um grande playmaker, com rara habilidade de dar assistências para companheiros livres de marcação arremessarem, e, para esse jogador funcionar, precisa de grande arremessadores à sua volta, como foram os casos de Paul Pierce, Kevin Garnett e Ray Allen no passado, e pode ser o de Kevin Love no futuro.
Kevin Love também é um destacado armador de jogadas em transição. Sua habilidade em coletar rebotes e seus passes em profundidade bem executados aliados à grande velocidade do ala Corey Brewer, renderam muitos pontos para o Timberwolves em transição, como pode ser visto no vídeo a seguir: http://youtu.be/QLAm1xBbFJw?t=2m27s. Como pontuações em transição são importantíssimas no basquete, dada a grande facilidade em converter ataques em cestas, Kevin Love pode ser de grande ajuda neste tipo de lance.
Além disso, Kevin Love tem apenas 25 anos e ainda está melhorando como jogador, tendo o seu auge físico e técnico por vir.
Mas quais fatores poderiam influenciar negativamente na aquisição de Kevin Love?
Love não é um bom defensor. Este fato pode pesar muito na decisão de adquirir ou não Kevin Love. A franquia de Boston é muito vinculada à grandes defesas e a sua torcida adquiriu grande afeição por grande defensores e isto poderia afetar a relação entre Love e torcida caso as vitórias e bons jogos não voltem à capital de Massachusets.
Por outro lado, um jogador pode adquirir muito mais conhecimento defensivo do que ofensivo ao longo da carreira. Habilidade ofensiva geralmente é construída por talento lapidado ao longo da carreira. Capacidade esta que geralmente é oriunda de uma aptidão que o jogador carrega desde os primeiros momentos no esporte. Já o poder defensivo de cada atleta pode ser melhorado com o passar dos anos, e é pouco composto por dom e mais constituído de atenção, vontade e instinto. No caso de Kevin Love, creio que boa parte de seus erros defensivos é por falta de atenção e preguiça de defender. E neste caso, um treinador enérgico que o faça ter atenção em todos os minutos que tiver em quadra e que faça-o jogar com a mesma intensidade ofensiva e defensivamente pode melhorar consideravelmente a defesa de Kevin Love. Claro que Kevin Love nunca se tornará um defensor de elite, mas ele tem capacidade e ferramentas suficientes para se tornar um defensor razoável na liga.
[youtube id=”V4NwjMP7ydU” width=”620″ height=”360″]Como podemos ver no vídeo anterior, Love pode ser bem trabalhado, motivar-se, perder a preguiça e aprender a posicionar-se melhor para transformar-se em um defensor de muita utilidade.
Love é um jogador de grande valor. E o Minessota Timberwolves irá valorizar e muito sua grande estrela, podendo assim dificultar e muito as negociações com o Celtics. Há muitos boatos de que o Boston Celtics ofereceu suas 2 escolhas de 1ª rodada neste draft mais um jogador de garrafão de potencial, Kelly Olynyk ou Jared Sullinger, e que esta oferta havia sido rejeitada pelo Timberwolves. Pela alta valorização de Love e o grande jogador que significa para o time de Minneapolis, a negociação entre as partes tende a ser de alta complexidade.
O Celtics tem muitos ativos para oferecer ao Timberwolves, entre eles escolhas de draft, exceções comerciais, jovens com potencial, contratos expirantes e bons jogadores. Resta saber qual é o preço certo e justo por este jogador. Não pode-se usar tantos ativos na aquisição de só um jogador, mas também deve-se levar em conta a qualidade do jogador adquirido e sua importância na equipe rival. Em suma, uma negociação complexa que pode ou não valer a pena no final.
Kevin Love será agente livre em 2015. Isto significa que no caso de o Timberwolves elevar muito o valor de Love e se Celtics quiser mesmo adquirir o jogador, e Love realmente quiser ser um jogador de Boston, basta franquia e jogador esperarem a agência livre de 2015 para juntar-se.
Kevin Love também é um injury prone. Love nunca completou uma temporada na carreira por contas das lesões e isto pesa na hora de calcular seu real valor, o esforço a ser empregado e o que ele pode ajudar a franquia durante toda a temporada e no futuro.
Por fim, conclui-se que com uma negociação justa e bem embasada, a aquisição de Kevin Love pode ser benéfica para o Boston Celtics, pois há mais bônus que ônus na comparação descrita acima. Por isso, podemos dizer que Love é uma boa contratação, SIM!
Glossário
Outrebound – Quando um jogador, de costas para a cesta, bloqueia a passagem do adversário em direção à bola, permitindo então que o primeiro consiga coletar rebotes com mais facilidade
Pick-and-pop – Quando um jogador faz um bloqueio no adversário que marca o companheiro que carrega a bola, passa por trás deste marcador, e vai a uma área livre de fora do garrafão para receber o passe do companheiro
Pick-and-roll – Quando um jogador faz um bloqueio no adversário que marca o companheiro que carrega a bola, passa por trás deste marcador, entra no garrafão livre para receber o passe do companheiro
Isolation – Quando um jogador decide a jogada em situações de um-contra-um contra seu marcador
Crossover – Drible em que um jogador muda a direção de seu movimento, trocando a bola de mãos.
Stepback – Drible em que um jogador finge um passo à frente e dá um passo atrás, fugindo da marcação e podendo arremessar com menos contestação
Fadeaway – Arremesso com corpo arcado para trás, na direção contrária à cesta, dificultando a contestação do marcador
Post Move – Quando um jogador, de costas para a cesta, anda para trás com o controle da bola, a fim de entrar no garrafão protegendo a bola e poder executar um arremesso ou um passe extra
Draft – Recrutamento de jogadores que nunca jogaram na NBA (geralmente oriundos de universidades americanas ou do basquete internacional)
Injury Prone – Jogador que é propenso a possuir lesões durante a carreira
26 comentários
All we need is Love …. mas com moderação
É mais um trocadilho com a música mesmo. xD
Belo texto fabio, parabens!!
Valeu Luiz Pedro! 😉
Também gostei do texto parabéns, mais acho meio dificil do Love vim jogar no celtics, vamos esperar nos proximos dias oque vai acontecer de algo bom pra nois, claro eu não gostaria de perde as 2 escolhas que boston fez ontem, principalmente James Young que pra mim vai surpreender a todos na proxima temporada..
Valeu Henrique! Creio que as escolhas de ontem são de jogadores para o futuro do Celtics. Se Love for trocado por Minnesota será por expirantes (Green, Bass), PFs jovens (Sullinger, Olynyk), picks futuras e exceções comerciais. O Celtics ainda tem alguns bons ativos. E mesmo assim, ele pode vir via Free Agency na próxima temporada.
Acho que se o love não for para Golden State esse ano, ele vai vir pra Boston ano que vem, mas o que me deixou desanimado é ele querer ser a menininha do Lebron, e seguir o cara, pelo amor segue seu caminho e tenta levar sua franquia pra algum lugar , alem de querer mudar de time ele quer montar panelas tbm aa desanimei nisso ai
Concordo com você mano, ficar fazendo panelinhas é coisa de time pequeno! NBA deveria vetar essas panelinas que os times que fazer, Eu também não gostei de ele ter falado que so ia jogar em Cavaliers se lebron for junto, ai e sacanagem…
po se o cara fosse um veterano de 32 anos sem ter chegado a uma final, eu aceitaria ele querer ir atras de compania, mas o cara tem 25 anos, tem um jogo muito bem desenvolvido e ele já quer arrumar bigs 3,4,5
Pois é. Acho que ele não assistiu às finais… Lebiba OVER com toda a panelada. Sinceramente, não fosse a farofada do traidor naquela bolinha de 3 e o Heat já teria perdido o campeonato anterior para o mesmo Spurs.
Ótimo texto, cara! Parabéns mesmo!
Valeu Gustavo! 🙂
Esse video é antigo, Love já melhorou um pouco na questão da defesa. Vai acrescentar muito. Post bem legal.
Foi o melhor vídeo que consegui no youtube mostrando suas falhas defensivas. Mas como disse, ele vem melhorando e tem como melhorar ainda mais. No mais, valeu pela força! 🙂
Excelente texto. Só faltou nos situar com os rumores ou futuras/antigas propostas. Depois daquela que, aparentemente, o Wolves negou, eu boiei. Nunca mais cliquei ou li nenhum rumor de indignação mesmo. Não gosto de negociação de jogador com um ano de contrato ainda. Isso o superestima demais, e um dos lados acaba perdendo (Normalmente o time ofertador).
Mas o Love é, indiscutivelmente, um dos melhores jogadores da liga, sem dúvidas. Mas pra mim, PRA MIM, poderia se investir no Olynyk mesmo e no Sullinger para a 4. Concentrar mesmo em um 3 decente e um 5. Parece que só eu que estou vendo que precisamos de pivô? Não temos isso desde o Perkins (Sim, o menino Perkins)!
Sullinger e/ou Olynyk vem para uma temporada de Double-Double, não duvido nada. Principalmente com Smart e Rondo na armação. Então seria/será melhor investir em alguém para posição 3 ou preferencialmente/urgentemente para a posição 5.
Fico chateado que não aparece NENHUM rumor sobre trades para pivôs. Apareceu a do Asik, mas nada oficial realmente. Não vi nada sobre Gortat ou Monroe. Isso é mais especulação nossa. Isso é triste. É mais triste que não trazer o Love, na minha opinião.
Se o Ainge insistir no Love vai ser mais para deixar a torcida “feliz” que por necessidade. Porque, volto a falar, nossa necessidade realmente é a posição 5.
Abre o olho, Ainge.
Valeu pelo elogio, Jota! Quanto aos rumores, é normal ter esfriado devido à aproximação do draft e de Melo e LeBron atrairem mais holofotes agora que são Free Agents. Creio que nos próximos dias surjam mais rumores, talvez até uma confirmação da ida do Love pro Warriors quem sabe. Este texto é opinitivo sobre o jogador Love em Boston. Esperemos mais rumores surgirem, uma sign-and-trade entre Bradley e Monroe, um Bass trocado por algum pivozão bom, enfim, em breve voltam os rumores de trocas e free agents.
Vi uma noticia que o Gortat gostaria de jogar no Boston, não acho ele no nivel dos Celtics, mas ele jogou muito bem nos playoffs desse ano
Gortat é um dos melhores pivôs da liga. Grande defensor e com bom arsenal ofensivos. Acho que às vezes é underrated por ser estrangeiro (polonês). Seria um ótimo reforço.
Ótimo texto Fabio, fico imaginando que o Ainge está na dúvida em conseguir a troca por um preço justo e agradar o Rondo que já disse que quer um time forte já nesta temporada ou já troca o Rondo de uma vez e enche o time jovens promissores. Também concordo que talvez um bom pontuador na 3 e um pivo (varejas) junto com Rondo e a mulecada dariam resultado já. Mas quem seriam esses dois caras consistentes?
Valeu Adílson! Creio que pelo que estão fazendo com o Rondo, e caso não seja trocado nessa offseason, significa que o Ainge tem a palavra do Rondo que assinará uma extensão quando for FA na próxima temporada. Ele foi escolhido o capitão, é sempre o centro de todas negociações da reconstrução do time, ele ama a cidade e o clube, e ele tem participado muito das decisões e reuniões com a comissão técnica, participou junto com o Stevens dos workouts dos prospectos desse draft e é tratado como “tutor” do Smart. Ou seja, creio que os planos futuros são ao redor do Rondo e ele deve ficar.
Um 3 e um pivô consistente? HOJE eu iria com os FA Luol Deng e Greg Monroe. Mas eles viriam pra cá? Qual o salário? Tem muita coisa pra se analisar, e aí já é divagar demais. xD
Parabéns pelo excelente matéria amigo, parabéns pela perfeita análise!
Valeu Thiago! 😉
Fábio, muito bom o texto.
Valeu Mazinho! 🙂
Legal o texo Fábio, e outra coisa legal eh o fato de ter colocado esse glossário! Adoro basquete, acompanho demais os celtics, mas tem mtos termos que não faço ideia o q significam!
Assim como várias regras de draft, ou mesmo de jogo.
Valeu pelo elogio André! Eu sempre procuro escrever textos com termos traduzidos em português (até os mais bizarros como Nova Iorque, leiaute ou muçarela). É mania perfeccionista minha, mesmo. Por isso, procurarei tratar free agent como agente livre, All-star Game como Jogo das Estrelas. Só que há termos que não possuem tradução exata no português. Então, tentarei trazer uma explicação do que esses termos significam, quando utilizá-los.
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